She doesn't love me anymore

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                     CARINA DELUCA

Enquanto estava em um sono profundo, fui despertada pelo som insistente do celular tocando na cabeceira da cama. O toque era estridente, rompendo a tranquilidade da noite como um alarme, me arrancando do refúgio dos meus sonhos. O coração disparou imediatamente, e uma sensação de pânico tomou conta de mim. A primeira coisa que passou pela minha mente foi Maya. Será que ela estava me ligando para dizer que algo estava errado? Que minha filha estava sentindo minha falta?

Cada toque parecia uma eternidade. Segundos que se estendiam, carregados de ansiedade e medo. Finalmente, com as mãos trêmulas, atendi o celular, esperando ouvir a voz de Maya. Mas não era ela. O alívio foi momentâneo; a preocupação ainda pairava no ar, mas o fato de Maya não ter ligado poderia ser um sinal de que tudo estava bem.

Olhei para o relógio. Eram 2:45 da manhã. A luz da tela era quase cegante no quarto escuro.

[Número desconhecido]

- 𝙲𝚊𝚛𝚒𝚗𝚊?

voz do outro lado era abafada por ruídos de fundo, uma cacofonia de sons que tornava difícil entender.

𝚂𝚒𝚖? 𝚀𝚞𝚎𝚖 é?-

- 𝚂𝚘𝚞 𝚎𝚞.

De repente, reconheci aquela voz. Amelia? Onde ela esteve esses dias? Por que só me ligou agora?

𝙰𝚖𝚎𝚕𝚒𝚊? -

- 𝙲𝚊... 𝚎𝚞 𝚙𝚛𝚎𝚌𝚒𝚜𝚘 𝚍𝚎 𝚟𝚘𝚌ê.

ela disse, a voz embargada, quase um sussurro de desespero.

𝙰𝚖𝚢, 𝚖𝚎 𝚍𝚒𝚣 𝚘𝚗𝚍𝚎 𝚟𝚘𝚌ê 𝚎𝚜𝚝á, 𝚎𝚜𝚝𝚘𝚞
                    𝚒𝚗𝚍𝚘 𝚊í, 𝚘𝚔? -

- 𝚅𝚘𝚞 𝚝𝚎 𝚖𝚊𝚗𝚍𝚊𝚛 𝚊 𝚕𝚘𝚌𝚊𝚕𝚒𝚣𝚊çã𝚘 𝚙𝚘𝚛 𝚖𝚎𝚗𝚜𝚊𝚐𝚎𝚖

𝙲𝚎𝚛𝚝𝚘 -

Desliguei o celular e, por um momento, senti um peso sair dos meus ombros. Levantei-me rapidamente e caminhei até o guarda-roupa, escolhendo uma roupa confortável. Em poucos minutos, o celular vibrou novamente com a mensagem de Amelia, a localização em tempo real piscando na tela.

Vesti-me rapidamente, peguei as chaves do carro e saí para a garagem. Lá fora, a noite estava silenciosa e fresca, uma calma enganadora diante da tempestade de emoções que eu sentia por dentro. Entrei no carro e liguei o motor, dirigindo pelas ruas vazias da cidade. As luzes dos postes passavam como fantasmas ao meu redor enquanto eu seguia a rota indicada.

Não demorei muito para encontrá-la, sentada na calçada em frente a uma boate. A visão de Amelia ali, sozinha e abatida, fez meu coração apertar. Estacionei o carro e, por um momento, observei-a à distância.

— Ótimo, Amelia, me diz que você não fez isso — sussurrei para mim mesma, a frustração e a preocupação misturando-se em minha mente.

Amelia abre a porta do carro com um gesto rápido e desesperado, seus dedos tremendo de frio. Seus olhos estão avermelhados e úmidos, as lágrimas ameaçam transbordar a qualquer momento.

— Pega o meu casaco — falei, tirando o casaco e entregando-o para ela. Estava frio, e a última coisa que queria era que ela ficasse doente.

— Eu não quero, obrigada — disse, sem olhar diretamente em meus olhos. Havia uma distância em sua voz.

— Amelia, pega logo — insisti, estendendo o casaco para ela com firmeza. Relutantemente, ela pegou e vestiu.

Com um suspiro profundo, virei a chave na ignição, sentindo o motor roncar suavemente. Minha mente estava focada na estrada à frente, enquanto os pensamentos giravam desordenados em minha cabeça. A tensão entre nós era palpável, um fio esticado prestes a se romper.

PS Tudo ficará bem no final (MARINA)Onde histórias criam vida. Descubra agora