Capítulo VII

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A luz do sol passa pelas janelas e alcança seus olhos. Ainda dolorida, levanta a mão e tenta tapar a luminosidade. Com seu outro braço se levanta parcialmente na cama, apoiando suas costas na fria cabeceira de metal. O colchão é bem mais macio do que a maioria dos que havia dormido neste último mês. As cobertas brancas que cobrem suas pernas são de um fino e macio tecido, mas surpreendentemente caloroso que, juntamente com as grossas paredes de mármore e cortinas brancas, tornam o ambiente claro e aconchegante. Por todo o local freiras passam constantemente, cuidando de outras pessoas e garantindo o bem estar de todos ali presentes.

Olhando para o lado está Vronos sentado em cima de outra cama. O patrulheiro está sem sua armadura, sua máscara se encontra em cima de uma mesinha ao seu lado, deixando seus castanhos e ondulados cabelos e seu pálido e jovial rosto amostra, onde aparece algumas veias em seu pescoço, elas são azuladas da mesma cor que a luz de sua máscara e parecem cintilar por baixo de sua pele.

O patrulheiro folheia um velho diário de capa de couro, seus dedos passam por diversas páginas, muitas possuem ervas, flores, folhas e até partes de monstros presos a elas. As amostras são seguidas por diversos e detalhados desenhos que apresentam locais onde possivelmente foram coletados e a constituição física e mágica, tal como seus pontos fracos e fortes, suas habilidades e perigos ao se apanhar. Acompanham-nas uma delicada escrita de letras miúdas que possivelmente fala sobre as diversas utilidades daqueles "ingredientes" e seus possíveis fins e usos aos quais o patrulheiro as dirige.

Seus dedos param em uma das muitas páginas nas quais há apenas a escrita de Vronos, mas com um enorme espaço para se colocar uma amostra ainda não coletada. Desenhos de vários seres esféricos com diversos olhos e tentáculos preenchem a página seguinte; o patrulheiro se perde em seus pensamentos por um momento, olha para o lado e percebe-se observado por sua colega. Com um susto ele solta seu diário sobre suas pernas enquanto suas mãos puxam a coberta para tapar seu pescoço. Agora com mais tranquilidade ele se deita na  cama e com a outra mão resgata o caderno que havia caído sobre suas pernas, voltando a se concentrar em sua leitura.   

Olhando para a mesinha ao seu lado, a elfa encontra um envelope em cima dela. Abrindo-o, seus dedos vasculham seu interior até encontrarem uma coisa pequena e dura, presa a uma cordinha de metal. Puxando-a pela corrente, é revelado uma pequena bijuteria prateada com uma esmeralda no meio, seu precioso pingente pelo qual estava desesperadamente a procura.

Junto a ele há uma carta: "Me desculpe por não conseguir protegê-los, os deixei em mãos confiáveis. Podem ficar até se sentirem bem para sair. Não poderei encontrá-los por agora, a explosão que ocorreu vai me deixar ocupada por um tempo, mas não precisam se preocupar porque está tudo bem. Ass. Liesa D. Bell.".

Marwyn fecha seus olhos e pressiona a carta contra seu peito de forma serena, como se quisesse lhe dar um longo abraço. Quando abre seus olhos se depara com o pequeno kobold ajoelhado ao lado de sua cama e com seu vermelho rosto repousado no canto de sua cama, a observando silenciosamente. Com um susto, Marwyn põe a carta para baixo a empurrando contra suas coxas, ao olhar para sua direita, o jovem homem com os olhos cor de mel encara sua companheira com intensa seriedade.

-"Está tudo bem Titannia?"

-"Aaah, o que vocês querem? Me matar do coração?"

-"AAAWWW, VOCÊ PARECIA TÃO FELIZ, O QUE QUE TÁ ESCRITO AÍ?" – Staaarrk sobe na cama de Marwyn e tenta tomar a carta de sua mão.

-"NÃO!" – Marwyn o empurra, fazendo-o cair de bunda na cama.

-"Seja o que for..." – Vronos aponta para o pingente – "Agora que o temos de volta precisamos agir, viemos para esse lugar por um único motivo" – Ele pega sua máscara e a veste – "Quando chegamos você disse que o pingente estava apontando que ela estava abaixo da terra, e agora?"

Unbreakable, Crônicas do escudoOnde histórias criam vida. Descubra agora