Reencontro do time do Karasuno

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Yamaguchi

Esse encontro era reservado apenas para o time que ressurgiu das cinzas, para aqueles que se libertaram do título de "corvos sem asas". O décimo aniversário do título nacional se aproximava, e Daichi, com seu espírito de liderança inabalável, decidiu reunir todos em seu apartamento em Miyagi.

Aquela seria a primeira vez que eu o veria após aquele dia marcante. Sinto um arrepio percorrer minha espinha só de pensar. Mesmo após anos, uma sensação formigante invade minha boca ao recordar daqueles lábios nos meus, mesmo que tenha sido um singelo selinho.

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Quarto do Yamaguchi

- Obrigado, Tsuki, por me ajudar com as caixas - disse eu, oferecendo meu melhor sorriso.

- Por nada - ele respondeu, colocando os fones de ouvido.

Eu estava organizando minhas coisas para a mudança para Yamanashi, uma cidade que fica a quatro horas de trem. Estava prestes a iniciar minha jornada acadêmica em artes e almejava trabalhar como professor da disciplina. A arte sempre foi minha paixão, e agora, eu teria a chance de compartilhá-la com outros.

Enquanto eu fechava a última caixa, uma onda de nostalgia me invadiu. Cada objeto que eu embalava era um fragmento da minha história, um pedaço da minha vida no Karasuno. A camisa do time, agora um pouco desbotada, os tênis de vôlei que não iriam ver uma quadra por um bom tempo, e as fotos, ah, as fotos... cada uma delas era um portal para um momento precioso.

- Você está pronto? - Tsuki perguntou, trazendo-me de volta à realidade.

- Quase - respondi, selando a caixa com fita adesiva. - Só preciso me despedir deste lugar.

- Vou te esperar lá na sala junto com a sua mãe

- Espere Tsuki - chamo, encarando-o. - Você promete que manteremos contato?

- Claro - seu rosto estava neutro como sempre.

E por um segundo de coragem repentina, seguro seu pulso e colo nossos lábios. O tempo pareceu parar, e o silêncio que se seguiu foi carregado de significados não ditos. Tsuki, sempre tão reservado, olhou para mim com uma intensidade que eu nunca havia visto antes. E todos os anos alimentando uma paixão secreta pareceu ser compensado.

Porém, ele não disse nada, apenas saiu, deixando-me ali sozinho no meu quarto. A porta fechou-se com um clique suave, e eu fiquei olhando para o espaço vazio onde ele estava. Desde então, não nos falamos mais. A vida seguiu, e com ela, as memórias daquele momento foram se tornando cada vez mais distantes.

Os anos passaram, e eu me tornei professor de artes como havia planejado. Cada pincelada que eu dava em uma tela era uma forma de expressar tudo o que eu não conseguia dizer em palavras.

Um dia, enquanto eu preparava minha aula, um aluno da minha turma do sexto ano entrou na sala. Ele tinha olhos intensos, e uma postura reservada que me lembrava a forma que Tsukishima se comportava. Ele me entregou uma carta, um pouco amassada.

Era um convite de Daichi para um reencontro. A caligrafia familiar trouxe um sorriso ao meu rosto. O reencontro do time de Karasuno estava marcado para o próximo mês, e a emoção de rever os antigos companheiros de equipe começou a crescer dentro de mim.

Recomeço - TsukiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora