As pessoas mudam

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Tsukishima

Nesta manhã, enfrento dificuldades para sair da cama. Ainda é quarta-feira, e o trabalho me aguarda com suas demandas incessantes. A perda de contato com Yamaguchi fez-me perder momentos significativos: sua formatura, uma exposição modesta em Tóquio e seu retorno a Miyagi. Sinto-me incomodado, talvez até magoado, pelo fato de Hinata e Kageyama saberem que ele estava trabalhando no Karasuno e terem escolhido não compartilhar isso comigo.

Mesmo Sugawara, que era seu colega de trabalho e a quem vi torcer por Hinata em algumas partidas, sabia. Ele me viu, nossos olhares se cruzaram, mas ele guardou silêncio sobre o fato de que, nos últimos anos, Yamaguchi estava extremamente perto.

Agora, enquanto o sol nasce e banha o quarto com sua luz dourada, pondero sobre os laços que nos unem e os segredos que nos separam. Será que a distância entre nós é apenas física, ou será que as pontes que construímos com nossas conversas e risadas foram erodidas pelo tempo e pelo silêncio?

Decido que é hora de reconstruir essas pontes, de alcançar Yamaguchi e entender o curso de sua vida que fluiu paralelo à minha.

Com esse pensamento em mente, levanto-me. A quarta-feira pode ser apenas mais um dia, mas para mim, será o início de uma jornada para reconectar, para compreender e, quem sabe, para redescobrir a amizade que uma vez pensei perdida.

Ligo para Kageyama.

- Você sabia que ele estava em Miyagi e não me contou, por quê? - pergunto assim que ouço seu "alô".

- Você me disse no dia em que ele te beijou que não queria mais vê-lo - responde Kageyama, bocejando. - Quando foi que isso mudou?

Rosno antes de responder.

- Talvez um ano depois que ele partiu.
Há uma pausa na linha, um silêncio que carrega o peso de palavras não ditas e sentimentos não resolvidos.

- Tsukishima, as pessoas mudam, as situações mudam - Kageyama finalmente diz, sua voz mais alerta. - Se você mudou de ideia, isso é algo que você deveria ter compartilhado.

- Eu sei - admito, sentindo a frustração borbulhar dentro de mim. - Mas eu esperava que vocês, como meus amigos, pudessem ver além das palavras ditas naquele momento de raiva.

- Não somos adivinhos, Tsukki - ele responde, um traço de humor em sua voz. - E Yamaguchi... ele também mudou. Ele não queria te incomodar depois daquilo.

Suspiro, reconhecendo a verdade nas palavras de Kageyama.

- Eu deveria ter alcançado antes - digo, mais para mim mesmo do que para ele.

- Bem, não é tarde demais - Kageyama diz, encorajador. - Por que você não tenta agora? Ele está aqui agora, e eu aposto que ficaria feliz em ouvir de você.

- Talvez eu faça isso - respondo, uma decisão se formando em minha mente. - Obrigado, Kageyama.
Desligo o telefone, contemplando o próximo passo.

Recomeço - TsukiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora