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― Preciso mesmo ir? Você poderia ir e dizer que eu não estava me sentindo muito bem. Tenho certeza que nem vão sentir minha falta lá. ― perguntei com a voz baixa enquanto me aproximava do homem, Iori levou os olhos escuros até mim enquanto guardava o celular no bolso da calça preta social, levou a mão grande até meu rosto fazendo com que eu fechasse os olhos de automático, os abri novamente de maneira lenta ao sentir o polegar dele acariciar minha bochecha dolorida com cuidado para não tirar minha maquiagem que escondia o machucado abaixo do meu olho.
― Naomi, querida, já te disse que vai ser estranho se você não for, não me faça repetir, está bem?
Ele disse com a voz baixa, eu apenas concordei com a cabeça devagar antes dele curvar o corpo sobre o meu deixando um selar suave sob minha cabeça antes de me deixar sozinha em nosso quarto, esperando que eu me arrumasse.
Faz apenas um dia desde o "acidente", tento esquecer o que aconteceu na cozinha, mas não consigo. A dor que sinto abaixo do meu olho me impede.
Iori me bateu de novo.
Ele me empurrou para longe.
Durante aqueles minutos agonizantes, vi um lado seu que eu odiava com todas as minhas forças. O lado que me batia quando eu o contráriava, o lado que me humilhava, e que sempre pedia desculpas. Foi terrível. Mais terrível do que todas as vezes em que Iori me agrediu. Essa foi mais agressiva, com mais raiva. Os quinze minutos que ficamos sentados no chão, foram os piores. Não quero ter que passar por aquilo de novo, mais cá estou eu, me arrumando para ir em uma festa em comemoração de uma nova parceria com uma empresa estrangeira.
Desde então, fiquei mais cautelosa, e com mais medo do que o normal. Não tocamos mais no assunto, Iori me disse para nunca mais levantar a voz ou contrária-lo novamente ou conversar sobre. Sem querer enrolar, arrumei meus cabelos da forma que ficassem soltos e que tampasse meu olho direito. Passei corretivo, fiz um delineado e rímel, passando blush nas bochechas, principalmente abaixo do olho e um gloss vermelho. Coloquei o vestido preto ― escolhido por Iori ― mas parecia uma roupa de freira. Era justo no busto, realçando minhas curvas mais não tanto, ele era longo até o joelho, com mangas longas e sem nenhum decote. Na frente e nem atrás. Mais ainda era elegante. Coloquei um salto não tão alto, e nem tão baixo.
