Capítulo 1

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Gunn acordou naquele dia amaldiçoando Greta por ter aberto as cortinas de seu quarto, fazendo com que assim os raios solares entrassem e o acordassem de seu sonho. Por que desde que chegou aquela ruiva aguada não o deixava dormir até tarde?

Já haviam se passado dois meses desde sua mudança para lá, muito embora o quarto ainda estivesse desarrumado e cheio de caixas espalhadas. Sentia extrema preguiça só de pensar em arrumar o resto de suas coisas, pelo menos o mais importante ele já tinha se dado ao trabalho de guardar.

Apesar de sua lerdeza matinal, concluiu que estava com fome. Gemeu enquanto se despedia de seu lençol macio e de sua cama convidativa. Aquele clima de inverno era gostoso e fez com que os pelos do loiro se arrepiassem enquanto se dirigia ao banheiro. Ele sentia o azulejo frio abaixo de seus pés e usufruía dos calafrios que isso lhe proporcionava.

Olhou no espelho e viu seus olhos azul piscina cansados e levemente vermelhos, provavelmente culpa da junção entre seu sono e de sua leve ressaca. Na noite passada fora a um bar com alguns novos amigos que tinha conhecido desde sua volta à Orebro. Conversou mais do que bebeu, mas as consequências estavam lá no seu rosto, lhe jogando na cara que ele era fraco para bebida.

Arrumou-se e lentamente desceu as escadas de madeira – escadas essas na qual se lembrava de ter caído quando criança e quebrado o braço –, dando de cara com suas irmãs e seu cunhado tomando café na sala.

– Novamente por aqui, Cunhadinho? – Gunn falou e deixou transparecer em sua voz que estava de bom humor. – Sabe, ainda é um mistério para mim como você consegue estar na presença de minha irmã durante tantas horas seguidas...

Erland rolou os olhos, mas quando resolveu defender a namorada foi interrompido.

– Pode ser meio tarde, mas minha educação me obriga a isso... bom dia para você também, Maninho! – Greta falou enquanto levantava da mesa, pegava seu prato sujo e se encaminhava à cozinha. – Vou poupar meu tempo e não irei enumerar as minhas qualidades já que sei que no fundo você não está falando sério.

Gunn olhou a irmã de longe e se perguntou realmente o que seu amigo de infância via nela. Talvez ela não fosse tão sem graça, e suas gordurinhas ficassem despercebidas por Gunn se seu julgamento não estivesse comprometido pelo perfil controlador da moça que ele pessoalmente não suportava.

Erland podia ter um rosto medíocre e seu longo cabelo negro pedia desesperadamente por uma hidratação, mas ainda era alto e bem másculo. Era de uma personalidade dócil e calma. Toda a vizinhança o adorava e ainda tinha o pai dele que era rico. Seu maior defeito talvez fosse sua falta de voz, e a ruiva se aproveitava disso. Ele sempre tomava uma postura passiva diante dela, ou de qualquer outra pessoa de personalidade forte.

A sua sorte é que Greta era apaixonada e cuidava dele, senão iria sofrer muito.

Olhou para o lado e percebeu sua irmã menor calada enquanto comia seus cereais. Usava os cabelos loiros cheios de cachinhos, presos em um rabo-de-cavalo, e um vestido azul simples, mas que a deixava graciosa. Sua expressão tristonha não combinava com seu rosto inocente e infantil.

– Não vai me dar meu beijo de bom dia, Princesa? – Annika o olhou como se antes estivesse distraída e só o tivesse percebido agora. – Cuidado para não ficar mal educada como a ogra da sua irmã.

A menina riu e Greta, da cozinha, jogou um copo de plástico no irmão.

– Não faça a cabeça da menina contra mim!

– Não preciso, você mesma faz isso com tamanha perfeição que eu não ousaria me meter – ignorou os protestos vindos da cozinha. – Então... cadê meu beijo?

Sant Tveksamt  [ Romance Gay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora