Capítulo 5

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As pessoas subestimam o poder dos seus próprios instintos. Embora percebam aquilo que está além do visível ainda preferem tirar a prova e observar as respostas sendo reveladas até que não sobre sombra de dúvida. Nosso instinto não é um dom, é fruto do aprendizado e deveria ser mais valorizado.

No caso de Gunn um aprendizado adquirido através de sua teimosia.

Assim como em muitas situações da sua vida ele ignorou seus instintos quanto ao Kurt. Algo lhe dizia para não se aproximar e mesmo assim o fez. E esse mesmo algo havia incansavelmente lhe advertido para não se apaixonar e mesmo assim...

Quando a mente e os instintos vão de contra o coração pessoas sensatas deviam ignorar aquilo que aparentemente era inevitavelmente tolo de se fazer. Mas desde quando ele era uma pessoa sensata?

O loiro estava zapeando na televisão, mas sua mente estava ponderando sobre os últimos acontecimentos. Na semana passada havia enfim transado com Kurt. Foi tudo o que sempre sonhou e mais um pouco. Só que nos dias que se seguiram teve dificuldade de entrar em contato com o moreno. Não que o tivesse procurado muito, mas o suficiente para achar que talvez o outro estivesse lhe evitando.

Mas na noite passada enfim recebeu uma ligação dele dizendo que passou uma semana fora e que dificilmente teve tempo para retornar a ligação. Foi agradável como sempre e lhe fez estremecer como o usual, mas mal fez menção ao acontecido entre os dois.

Gunn estava pensando bastante no que aquilo poderia significar. Estava recebendo uma espécie de gelo? Ou era paranoia de sua cabeça?

Era difícil separar o que era fato e o que era fruto de sua insegurança.

Enquanto pensava no assunto Greta chegou do trabalho aparentemente esgotada e se sentou em uma poltrona próxima a Gunn. Olhou com estranheza para ele.

– Você anda meio calado ultimamente, aconteceu alguma coisa?

– Impressão a sua, é só sono.

– Dá para parar de subestimar o poder de observação da sua irmã mais velha?

– Minha irmã mais velha devia usar os seus poderes para --

– Tem alguma coisa haver com Kurt, não tem?

Bingo.

– ...
– Hunf, sabia. Desembucha logo ou terei que descobrir pelos meus próprios meios.

Gunn conhecendo a imã que tinha imaginou que ela era capaz até mesmo de ligar para o próprio Kurt e o fazer falar. Achou melhor lhe contar suas lamúrias de uma vez, afinal era sua irmã.

– Hum... Então resumindo a ópera: Vocês deram um fim naquele chove e não molha insuportável, você ficou apaixonadinho, ele sumiu e voltou com desculpas esfarrapadas para o desaparecimento e você está se martelando sobre se ele está ou não te evitando. — disse analítica.

– É um pouco deprimente quando você coloca as coisas nesses termos...

– Você deu o doce muito cedo, moleque. Do meu ponto de vista o Kurt é do tipo que depois que consegue não liga mais. Curte apenas a caçada, sacas?

Ao ver a expressão de desanimação do irmão emendou:

– Mas o que eu sei, certo? Talvez nós dois, como bons neoróticos que somos, estejamos imaginando coisas. Pare de melancolia e vá sondar o terreno e ver a que pé as coisas estão.

– Que bonitinho você tentando me encorajar... – sorriu – Faz parecer que quer alguma coisa de mim.

– Que calúnia! Eu não queria, mas agora que você falou... Vá comprar um pedaço de bolo para sua irmãzinha querida.

Sant Tveksamt  [ Romance Gay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora