Gunn desligou o telefone enquanto seu coração ainda batia forte e descompassado. Era a primeira vez que Kurt lhe ligava e muito embora isso provavelmente não tenha grande significado o loiro não pode deixar que parte dele fantasiasse que a relação deles estava de alguma forma evoluindo.
Ao perceber que estava feliz com tão pouco pensou ironicamente consigo mesmo: "Nossa, ele me ligou. Quase um pedido de casamento!".
O moreno ligou para saber como ele estava e para dizer que qualquer dia desses Gunn podia ir encontrá-lo para eles resolverem as suas pendências. Era muito eufemismo chamar aquela tensão sexual não resolvida toda de pendência.
Então o loiro tomou uma decisão. Qualquer dia desses? Não, ele iria agora. Não iria continuar sendo vítima do acaso e esperando ansiosamente um novo encontro inevitável com o mais velho. Era um sábado de noite e ele devia estar trabalhando, por que não fazer uma visitinha?
Ao chegar na casa noturna se deparou com uma fila enorme. Ficou tentado a ligar para Kurt e pedir para que liberassem sua entrada, mas ficou acanhado com a ideia.
Quando finalmente conseguiu entrar deu uma boa olhada no estabelecimento. Era maior do que aparentava pela entrada e tinha uma decoração interessante, mas Gunn não gostava de lugares que ficavam tão cheios, era sufocante. Ainda mais no meio de tanta gente estranha. Aparentemente quem frequentava o lugar era um pessoal meio... alternativo? Ele não sabia dizer certamente já que não sabia definir muito bem estilos, tribos e esse tipo de coisa. No fundo achava tudo uma grande bobagem de qualquer forma.
A lotação do ambiente dificultou a caça do loiro que procurava com ânsia pelo moreno. Olhava para todos os lados, ignorava cantadas e ia lutando contra a multidão até que o encontrou. Aos beijos com um garoto baixinho que parecia estar longe de ter idade para frequentar esse tipo de lugar.
Então era assim? Mal tinha acabado de ligar dizendo que queria vê-lo e já está aos amassos com outro? Muito embora nada houvesse de concreto entre eles de alguma forma a cena o irritou muito, de um jeito que a cena com os gêmeos não tinha feito.
Deu meia volta já se preparando para ir embora quando parou e decidiu que não ia estragar seu sábado com besteira. Eles não tinham nada e se o moreno estava ocupado ele iria se ocupar também. Olhou para a pista de dança e pensou em fazer que nem nos filmes: dançar loucamente, virar a grande atração da pista, chamar atenção do cara que gosta e... pensou melhor e lembrou que não era exatamente um exímio dançarino. Na verdade, ele era terrível, mas poderia pelo menos dançar no cantinho e encontrar alguém para acompanha-lo durante a noite.
"É, vou no bar beber um pouco. Só com muito álcool no sangue para eu conseguir me misturar com esses estranhos."
Por sorte ao chegar lá uma cadeira vagou e ele logo sentou. Pediu uma bebida e se pôs a pensar se deveria ou não achar outro lugar para caçar. Passou a olhar ao redor com sua melhor cara de tédio e percebeu que quase do outro lado do bar um cara loiro de óculos o estava encarando e com um risinho nos lábios.
Por obra do destino, que estava insuportavelmente eficiente hoje, a cadeira a seu lado direito vagou também e o estranho logo passou a ocupar aquele lugar do seu lado.
Se olharam profundamente por uns segundos, mas logo depois deram um riso camarada um ao outro.
– Estava rindo do quê? – perguntou Gunn.
– Eu achava que era o mais entediado do lugar, mas pela sua expressão... É, você ganhou.
– Uhul – comemorou sem realmente nenhum entusiasmo. – E ganho algum prêmio?
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Sant Tveksamt [ Romance Gay ]
RomanceVoltando a cidade onde nasceu Gunn reencontra não só família e amigos, mas também alguém que costumava admirar a distância. Deveria ele se aproximar? Deveria ele se permitir arriscar? Deveria acreditar em seu instinto, em seu coração ou nas pessoas...