– Pronto! Você está linda, Princesa.
Gunn olhava maravilhado para sua irmã menor que estava vestindo roupas típicas de 13 de dezembro; dia de Santa Lucia. Era o dia mais escuro do ano na Suécia, e a tradição de Santa Lucia vinha para iluminar a vida e abrir as portas para as celebrações natalinas, blábláblá, quem se importa? Sua irmã estava uma graça!
As roupas que a menina usava consistiam em uma espécie de túnica branca, uma fita vermelha na cintura, uma coroa de folhas de lingonberry e lâmpadas em forma de vela na cabeça. No seu tempo costumavam serem velas de verdade, mas como acidentes sérios aconteceram com os cabelos de algumas pessoas que usaram aos poucos essa tradição foi modificada.
– Mas todas as meninas vão usar a mesma coisa... – resmungou Annika.
– Mas tenho certeza de que nenhuma delas tem um irmão como eu as arrumando. Eu tenho o dom, Querida – falou de maneira afetada. – Bom, me diga: o que vai fazer hoje durante o dia?
– Greta vai me levar para a escola e eu vou levar biscoitos e pãezinhos para as minhas professoras e depois vamos fazer uma apresentação de coral para os pais e quando acabar vamos ao hospital perto de lá para cantar para os doentes e...
A graciosa garota foi interrompida de sua rica descrição de sua programação por sua irmã mais velha.
– Estamos atrasadas, não fique dando papo para esse vagal.
– Ei! Irei ignorar a calúnia sobre mim e lhe lembrarei que EU estou aqui porque VOCÊ, mesmo sendo mulher, não tem o mínimo jeito para essas coisas, nem mesmo com uma criança. Nunca deixaria você prepará-la, a coitada passaria vergonha...
Greta já estava mais do que acostumada aos comentários absurdamente irrelevantes do irmão.
– Para alguma coisa você teria que servir – quando percebeu que Gunn iria retrucar se adiantou em falar. – Vem Nika, se ele abrir a boca de novo não irá calar mais.
Gunn fez cara de desagrado enquanto observava as duas pegando seus casacos no cabide perto da porta e indo embora. Aproximou-se da janela seguindo as duas com os olhos enquanto desbravavam a neve que cobria quase toda a rua em direção ao carro de Greta.
"Está nevando menos que no ano passado", pensou Gunn.
Deitou-se no sofá e ligou a TV com o controle remoto.
~oOo~
– Natal frio é um castigo. Não posso nem usar meu vestido bege novo senão vou morrer congelada.
Ao reclamar Greta recebeu um olhar indiferente do loiro que estava deitado na cama dela lendo uma revista.
– Adoro inverno, me poupa de te ver em roupas curtas. É sempre uma grosseria aos meus olhos.
Como de costume ela o ignorou e voltou a mexer em seu guarda-roupa.
– O que acha desse vestido, Sr-eu-sou-o-rei-da-moda-e-te-desprezo?
Ele ergueu uma das sobrancelhas.
– Isso não é exatamente um elogio, mas combina com você. E dificilmente achará coisa melhor no seu guarda-roupa.
– Acho que essa é a melhor resposta que posso conseguir de você. Mas cale a boca, você tem o mesmo penteado do Dhani Lennevald, não tem moral para mais nada na vida.
– ...
Nesse momento Annika entrou no quarto já usando um vestido com estampas natalinas, com os cabelos molhados e com presilhas nas mãos.
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Sant Tveksamt [ Romance Gay ]
RomanceVoltando a cidade onde nasceu Gunn reencontra não só família e amigos, mas também alguém que costumava admirar a distância. Deveria ele se aproximar? Deveria ele se permitir arriscar? Deveria acreditar em seu instinto, em seu coração ou nas pessoas...