Epílogo

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– Eu sei que você está em final de semestre, Ballack, mas você está sempre ocupado! (...) Claro, a culpa obviamente tem que ser de alguma forma minha. Que namorado mais malvado você foi arranjar.

A discussão entre Ballack e Gunn continuou por mais alguns minutos, terminando de forma orgulhosa e relutantemente doce. Sim, por que Ballack sempre conseguia dobrar o Gunn e suas ceninhas.

Nove meses se passaram desde o dia em que Kurt invadiu o seu quarto. Após aquilo o mesmo sumiu por quase dois meses e voltou de novo como se nada tivesse acontecido buscando pelos beijos do loiro. Que para seu próprio inferno astral não conseguia resistir, mesmo irritado.

E isso se prolongou pelos meses seguintes. O moreno sumia e do nada, em uma reunião familiar qualquer, lhe jogava em um quarto qualquer e faziam sexo loucamente. Cansou da situação e terminou "seja lá o que tinham", como ele próprio apelidou.

Algum tempo depois foi a um encontro com Ballack. Queria se dar uma chance de ser feliz, começar algo novo com alguém legal.

Beberam muito, ficaram bêbados e alegres como gambás. Por uma infelicidade do destino, ou seria felicidade?, encontraram Kurt lá que com o seu diabólico dom da persuasão que convenceu eles de que um ménage entre eles três seria uma ideia maravilhosa.

E foi. Ah se foi.

Embora Gunn teimasse em ignorar aquela noite e dizer que pouco lembrava dela em sua cabeça sabia que tinha sido a experiência mais deliciosa de sua vida e que faria mil vezes mais se tudo não fosse tão vergonhoso e complicado.

Mas enfim, a quatro meses começou a realmente namorar Ballack. Que era doce e atencioso quando estavam juntos, mas definitivamente tinha uma agenda apertada demais para dar conta dos compromissos e do namorado carente.

Greta o adorava, principalmente por ter afastado o irmão do "tinhoso", como agora ela apelidava Kurt. O dito cujo nunca perdia uma oportunidade de provocar Ballack pela noite que os três tiveram juntos. E essa interação deles, baseada em provocações recíprocas, era algo quase amigável. Bom, no mínimo era engraçado de se ver por perto.

Em suma, a vida continuava.

~OoO~

10 anos antes

Kurt e Kare apenas souberam que seus pais estavam adotando Kare no momento que o mesmo entrou na casa e a mãe o apresentou com a animação de quem dá um presente e espera por uma reação positiva. Na verdade aquela cena lembrava muito à Kurt de quando a mãe havia dado um cachorro de presente a alguns natais passados. A presença do cachorro durou apenas até sua mãe perceber que não bastava comprar, tinha que cuidar. Kurt se perguntava quanto tempo levaria até que a adoção deixasse de ser uma novidade para a mãe.

Seus pais poderiam parecer exemplares para aqueles que olhavam de fora, mas como já dizia um pensador: de perto ninguém é normal. Especialmente a família em questão. Um marido frio e pai distante. Uma mulher frívola e mãe sem instinto materno. Um filho pequeno demais para perceber o ambiente em que crescia e um adolescente com rancor acumulado no peito. E agora havia mais aquele garoto adotado para ser acrescentado àquele show de horrores. Mais um para ter que dividir as migalhas de atenção parental. Que clichê mais infeliz.

Kare era calado e arredio, mas já tinha idade o bastante para entender que tinha ido parar em um lugar instável.

Kurt e ele se deram mal desde o começo. De certo que o mais velho provocava, mas o mais novo o respondia cada vez mais a altura. Alguns meses de parentesco apenas fizeram com que as brigas se agravassem e virassem físicas. A tensão entre os dois era permanente e até palpável.

Sant Tveksamt  [ Romance Gay ]Onde histórias criam vida. Descubra agora