Capítulo 3

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(Thiago)

Puta que pariu, odeio areia, odeio praia. O que não fazemos por amor? Thomás deve ter feito de propósito. Claro que ele se ofereceu para parar o carro e entrar pelo portão já liberado, enquanto eu tinha que ser o que vai pela areia como a porra de um bandido. Meu irmão está puto comigo, porque tem certeza que eu fodi tudo de alguma forma. É a cara dele fazer essas pequenas mesquinharias para me castigar. Mal sabe ele que só ter o desprezo da nossa boneca tem me feito completamente miserável.

Sorrio pensando na primeira vez que a chamei assim.

- Não podemos apenas conversar? - falei atrás dela na fila para o caixa da loja - Por que eu e meu irmão somos as únicas pessoas que você parece odiar?

Sara se assustou com a minha presença repentina. Ela já deveria estar acostumada, eu e Thomás nos dividimos para poder a stalkear pela cidade, nunca a deixando muito tempo sozinha. Seus olhos perdem um pouco o brilho irritado de sempre, e por um momento posso quase ver o olhar de desejo que ela me deu naquele dia na pista de dança. Por um momento posso ver a minha mulher embaixo de toda essa casca dura que ela colocou entre nós.

- Não entendo por que vocês não me deixam em paz. - ela fala voltando a olhar para a frente, como se quisesse me dispensar - Tenho certeza que têm uma lista de mulheres dispostas a aguentarem suas gracinhas.

Fico confuso com o tom acusador que ela usa, e passo a mão pelos meus cabelos, frustrado. Sei que eu e Thomás temos um passado meio conturbado com mulheres e sexo sem compromisso, mas não é algo que declaramos por aí. Então de onde vem esse rancor todo?

De todas as merdas que fiz na vida, não ter esperado por ela é definitivamente a mais idiota. O pior é que todos os homens da minha família agora dizem, "eu te avisei", e isso é ainda mais irritante. Não imaginava que isso fosse acontecer, na verdade, até mesmo rezava para nunca aconteceu. E ainda assim, quando aconteceu, foi a melhor porra de sentimento do mundo. Saber que outro ser humano te pertence em um nível tão puro e intenso, que a Sara nasceu para ser nossa, é um contentamento sem igual.

- Não sei o que você quer dizer com isso, porque a única mulher que existe para nós, é você. - dou a volta para ficar na frente dela, a forçando a me encarar - Se você permitir, vamos mostrar nossa fidelidade e comprometimento para o resto das nossas vidas. Por favor, Sara.

Novamente vejo um lampejo da menina que vi no nosso primeiro encontro. Posso sentir seu corpo me chamando, e seus olhos entregam seu desejo. Porém, como sempre, ela pisca para fora essa breve demonstração de sentimento e coloca sua máscara de frieza. Não sou nem um pouco fã.

- Pela última vez, Thiago. - ela se aproxima mais de mim, me olhando fixamente nos olhos, e quase gemo sentindo seu cheiro delicioso - Eu não vou ser seu brinquedinho. Me esquece!

O jeito como ela me encara seriamente e diz isso me deixa puto. Como ela pode negar a intensidade dos nossos sentimentos assim? É leviano o jeito que ela minimiza a nossa conexão. Nossa mulher consegue me enfurecer como ninguém, talvez até mais que o Thomás.

No entanto, preciso ser bonzinho, então respiro fundo e tento fazê-la rir.

- Por que não? Você seria minha boneca favorita.

Sua expressão de ultraje e raiva foi quase fofa demais, mas consegui engolir a minha risada para não a enfurecer ainda mais. Ela ficou tão brava, que jogou todas as roupas que tinha na mão em cima do balcão e saiu sem esperar para pagar. Só para não ficar nem mais um segundo na minha presença.

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