Capítulo 12

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(Thiago)

Entramos na nossa casa pela primeira vez com a Sara entre nós. É estranho finalmente tê-la aqui, porque presumimos que ela já estaria vivendo com a gente a esta altura do campeonato. Já teria colocado o seu toque pessoal na decoração e feito da nossa casa um lar, e no entanto aqui estamos nós, ainda tentando convencê-la que somos a escolha certa.

O caminho até aqui foi extremamente silencioso e desconfortável. Pelo menos para ela, eu e o meu irmão só estávamos ansiosos por finalmente chegarmos ao nosso limite e pegarmos o que é nosso. Ela ficou estranhamente calada depois que a abordamos, e sei que a sua cabecinha deve estar fervendo de tanto pensar nos motivos para se afastar. Uma pena para ela que a brincadeira acabou.

Sara ainda tentou ir embora quando a puxamos para o nosso carro, tentando não entrar, mas parou de protestar assim que viu quão perto de surtar o Thomás estava.

É enervante o quanto ela consegue nos deixar desse jeito, completamente fora de controle. Nunca vi o meu irmão mais desnorteado do que ao redor da nossa boneca, e por mais que eu esteja conseguindo manter uma atitude mais moderada, tem sido difícil não pegar o que eu quero.

Hoje à noite isso acaba. Essa é a noite que finalmente vamos reivindicar a nossa boneca.

- Vocês estão morando aqui há muito tempo? - Sara franze o cenho ao olhar ao redor da nossa sala completamente vazia - A casa é bonita.

- É um trabalho em andamento. - Thomás diz quando fecha a porta atrás de nós - Esperávamos já estar pronto por agora, mas as coisas mudam e temos que nos adaptar.

Troco um olhar com o meu gêmeo, entendendo exatamente o que ele quis dizer. Quanto se trata do Thomás, sempre sei o que ele está pensando e o que ele quer. O mesmo serve para ele em relação a mim. Desde pequenos temos essa ligação e muitas vezes pode ser exasperador estar ao nosso redor, mas não podemos evitar. Marcelo mesmo detestava quando tínhamos nossas longas conversas mentais em silêncio, e até nos sentíamos mal por deixar o nosso irmão mais velho de fora, mas não é como se pudéssemos controlar.

- Odeio quando vocês fazem isso. - ela revira os olhos indo em direção a cozinha e olhando ao redor - É indelicado ter conversas separadas enquanto há outras pessoas ao redor.

Abro um sorriso para o jeito mal-humorado com que ela fala. Sara já é todo o nosso mundo, o motivo para estarmos vivos, mas é melhor que ela não escute tudo o que se passa na nossa cabeça. Nossa boneca ama achar motivos para fugir, e não precisamos que ela saiba do que somos capazes de fazer para tê-la ao nosso lado. Nem até onde iríamos se algum filho da puta tivesse coragem de tocá-la.

- Estamos tentando te incluir há meses, boneca. - eu a sigo de perto - Se você já estivesse aonde pertence, não se sentiria excluída.

Sara não responde e continua olhando ao redor, visivelmente ela está tentando comprar tempo. Posso ver pela sua linguagem corporal como está nervosa com o que vai acontecer hoje à noite. Olho novamente para o meu irmão e ele lentamente abre um sorriso sombrio, essa espera o diverte. A mim só irrita.

- Quer beber alguma coisa? - Thomás pergunta apontando para a geladeira.

- Não. - Sara levanta o seu olhar para ele e depois para mim, percebendo que está encurralada - Gostaria de ir para casa agora.

Meu irmão trava o maxilar, a sua expressão é uma mistura de desejo e ódio pela necessidade que a nossa mulher tem de correr. Ele ama a perseguição, mas odeia que a Sara de verdade queira colocar distância entre nós.

Eu fecho os meus punhos de cada lado do meu corpo, tentando não ser violento apesar do meu estado furioso.

- E eu quero te foder em cima dessa ilha. - aponto com o meu queixo para a longa ilha de mármore no meio da cozinha, sem tirar os meus olhos dos dela - Quer apostar quem vai conseguir o que quer primeiro?

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