Capítulo 7

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(Sara)

Eles passaram de todo e qualquer limite. Me perseguir pela cidade já é um absurdo, agora, ter a coragem de me vigiar com câmeras escondidas é demais até para os dois. Não consigo acreditar que isso é real, e não sei mais o que fazer.

Já tentei rejeitá-los os expulsando e até mesmo conversando com calma, mas nada adianta. Thomás e Thiago ainda acreditam que podem me fazer mudar de ideia. Mesmo depois da minha explicação, de todos os motivos para não darmos certo, ainda assim eles insistem em me perseguir. Estou no fim da minha paciência.

Não nego que sinto algo muito forte pelos dois. E a princípio, pude até achar que era amor à primeira vista, mas isso acabou muito rápido. Assim que vi claramente a situação, entendi quem eles eram e como levavam a vida, deixei meu coração de lado e pensei racionalmente. Qual o sentido de apostar em um relacionamento fadado ao fracasso? Eu nunca conseguiria acreditar completamente nos dois, sempre esperaria que eles me deixassem ou me traíssem. Então, para que começar algo que inevitavelmente vai acabar mal?

Abro os vidros do meu carro para sentir a brisa vinda do mar, e respiro profundamente tentando me acalmar. Vim tão repentinamente para o Rio que não trouxe nada além da minha bolsa, mas precisava de um tempo. Preciso esfriar a minha cabeça e pensar com mais cuidado na minha situação.

Avisto um bom hotel e decido parar por aqui mesmo. Passar uma noite sozinha, realmente sozinha sem ninguém me observando, é tudo que preciso. Vou dormir e me acalmar, e amanhã vou ter uma conversa definitiva com os gêmeos. Essa situação já está ficando ridícula, e não vou aceitar que eles invadam a minha vida só porque se acham no direito.

Dou a chave do meu carro para o manobrista e logo estou fazendo check in em um dos quartos com vista para o mar. Como não tenho nada, tomo um banho e visto a única coisa limpa a minha disposição, o robe do hotel. Sentada na cama macia, penso em ligar para as minhas amigas e contar tudo o que aconteceu, mas então me lembro que deixei meu celular em casa. Merda de tecnologia que não nos obriga a gravar mentalmente os números.

Me deito no meio da cama e fecho os meus olhos, suspirando cansada. Batidas fortes na porta do quarto me assustam, e me levantando da cama com um sobressalto, ando até o olho mágico para saber quem é. Me afasto da porta assustada, sem acreditar.

- Isso é ridículo!

Olho novamente pelo o olho mágico e vejo Thiago com as mãos apoiadas na porta e um olhar maníaco no rosto. Achei que conseguiria ficar um tempo sozinha se viesse para o rio. Só queria um pouco de paz longe desses dois sociopatas, mas claro que não. Qualquer lugar que eu vá, lá estão eles, de uma forma ou de outra me seguindo igual a uma sombra.

- Boneca, não vou sair daqui enquanto não me deixar entrar!

Bufo olhando para o teto branco habitual do quarto de hotel. Que raiva! Como eles sempre sabem onde me encontrar?

- Vai embora! Não quero conversar com você!

- Ótimo! - olho pelo olho mágico e o vejo sorrir sombriamente para mim - Também não quero conversar. Por que não te fodo e a gente encerra a noite?

Rosno de irritação, mas dessa vez comigo mesma. Por mais que eu tente fugir, me esconder e rejeitar todos os seus avanços, eu ainda sou completamente atraída por esses dois malucos. Meu corpo me trai constantemente quando eles estão por perto, e agora mesmo posso sentir a umidade escorrendo pelas minhas pernas.

- Vou chamar os seguranças do hotel para te tirar da minha porta, você não pode ficar me perseguindo assim!

Escuto sua risada rouca e sinto o meu corpo estremecer.

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