Capítulo 8

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(Thomás)

Passo uma mão pelo o meu cabelo, me sentindo extremamente confuso. Em um momento estávamos com a nossa mulher em nossos braços, ela parecia estar receptiva e nos aceitando. E no outro, ela está trancada no banheiro sem nos responder. Obviamente somos péssimos no que se diz respeito a interagir com a nossa mulher.Talvez todos esse anos de sexo sem compromisso nos deixaram ignorantes em entender as mulheres. Especialmente a nossa.

Nunca precisamos nos preocupar com os sentimentos das mulheres com que transavamos, muito menos tentar agradá-las de qualquer forma. Então, de uma certa forma somos virgens, porque essa é a primeira vez que tentamos conquistar alguém. E a nossa inexperiência está nos custando a nossa felicidade ao lado da nossa boneca.

- Boneca? - Thiago encosta o seu rosto na porta branca, na esperança de ouvir alguma coisa - Sei que fizemos alguma coisa para te aborrecer, mas você poderia dar uma dica?

O silêncio é a nossa única resposta e começo a ficar ansioso. Odeio qualquer distância que ela coloque entre a gente, ainda mais se não posso ter os meus olhos nela. Tenho tentado ser paciente nessa situação, especialmente sabendo do gênio impetuoso do meu irmão, mas vou acabar tendo que ser medicado se continuarmos nesse ritmo. Essa constante montanha russa de emoções com ela está me consumindo.

Me aproximo da porta, tirando o meu irmão do caminho e tentando eu mesmo fazê-la falar.

- Sara, se você não nos responder vamos ficar loucos. - respiro fundo, tentando controlar a minha inquietação crescente - Nós te machucamos? Você está bem? Por favor, boneca...

- Ah, pelo amor de Deus, me deixem em paz! - ela me corta com uma voz embargada e cheia de ressentimento.

Olho para o meu irmão surpreso, perplexo com a mudança repentina ao nosso redor. Me afasto um pouco da porta, mas com os meus níveis de estresse chegando às alturas, começo a tentar a maçaneta, forçando a minha entrada. Ela não pode continuar colocando barreiras entre nós.

- Ei, vamos dar um tempo para ela. - Thiago coloca uma mão no meu ombro me puxando para longe da porta.

Contrariado, eu deixo que ele me leve para longe. Nos sentamos nas poltronas de frente para a porta do banheiro, os dois encarando a madeira clara como se a qualquer momento a nossa boneca fosse aparecer. Não consigo entender porque a nossa noite foi por esse caminho. Senti que finalmente estávamos chegando a algum lugar com ela, Sara parecia mesmo estar abaixando a guarda, e do nada fugiu. Novamente colocou um muro de concreto para nos afastar, e dessa vez estou ainda mais confuso do que antes.

- Que merda aconteceu, Thiago? - pergunto sem tirar os meus olhos da porta fechada - Pensei que estávamos chegando a algum lugar.

- Eu sei, cara. - meu irmão respira fundo, e solta uma risada sem humor - É óbvio que a nossa mulher não seria fácil, é óbvio que ela lutaria a cada passo do caminho para nos afastar. Tenho certeza que isso é uma praga do Arthur ou do Marcelo.

Poderia até rir se não estivesse tão preocupado. Isso é a porra de uma tortura! Parece que sempre estamos tão perto de ter a Sara, só para ela escorregar pelos os nossos dedos. E o pior é que sei que ela também nos quer, posso sentir o seu desejo e necessidade. Nossa mulher sabe que nos pertence, só não consigo entender a teimosia dela em lutar contra isso.

Porra, o nosso passado é uma merda e sei que só temos a nós mesmos para culpar, mas não pode ser só isso. Milhares de pessoas têm passados ruins e ainda assim encontram o amor e deixam tudo para trás. Não sou idiota, sei que o nosso caso é um pouco mais fodido porque somos dois homens completamente obcecados por uma única mulher. E no entanto, não é isso que afasta a Sara. Acho que vamos ter que chegar mais a fundo no passado dela se quisermos entender o que está acontecendo aqui. Ficamos tão presos em fazê-la nossa a qualquer custo que deixamos alguma coisa passar.

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