ǫᴜᴀᴛʀᴏ-ʀᴇᴀʟᴍᴇɴᴛᴇ ꜱᴏᴢɪɴʜᴀ?

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Pintar as unhas, pode pararcer bem fútil, mas pra mim é uma forma de controle em um mundo onde perdi total domínio de tudo, minhas unhas são uma das poucas coisas que posso ter total controle.

Após sair daquele lugar me sentei no chão e comecei a fazer as unhas, afinal por que não, não tem ninguém para me deter. Não houve nem um barulho sequer, apenas o som da brisa suave e piados de pássaros.

Espera, pássaros?! Assustada olho para o lado quase que de imediato, e de fato eram pássaros, corro até os animais,mas eles fogem. Sem acreditar eu me sento novamente, como isso pode ser possível? Eu achei que absolutamente tudo que era vivo havia desaparecido, mas eu estava errada.

Extasiada começo a correr sem rumo, isso significa que eu não estava totalmente sozinha, eu sei que ele já tinha voado para longe, mas ouvir aquele canto me encheu de esperança.

Eu sentia o vento batendo em meu rosto e era como se por um momento minha cabeça havia se esvaziado, até que sem perceber eu paro e fico olhando para uma casa enorme, mas eu reconhecia essa casa, era a casa que eu costumava dizer que ia ser minha quando era pequena, na maioria das vezes meu pai me mandava parar de ser idiota.

Dou dois passos para frente e olho pros dois lados mesmo sabendo que não havia ninguém. A casa era enorme, com janelas de formato arredondados e as paredes eram de um bege clarinho. Não foi difícil entrar, já que a porta estava apenas escorada. Por dentro a casa parecia ser maior ainda ,na sala havia sofás de couro, uma lareira de tijolos e uma mesa de centro com tulipas brancas.

Ela era tão bonita por dentro quanto por fora, por mais que a casa estivesse vazia eu sentia como se estivesse fazendo algo de errado. Ao ir a cozinha, fiquei imprecionada com sua beleza, havia um balcão de centro feita de madeira e gavetas brancas, na frente da pia tinha uma janela que dava de frente para um chafariz com vitórias-régias que me deu uma vontade enorme de pular nele. Quando olho para o lado vejo uma geladeira enorme de duas portas, quando abro vejo uma infinidade de comida, mas o que mais me chama atenção é um pacote inteiro de goiabada, minha mãe sempre fazia para nós, cada mordida era uma dose de nostalgia, aproveito e pego alguns doces chiques.

Continuei andando pela casa enquanto comia o doce, subi as escadas que davam para os quartos, acabei entrando em um quarto que provavelmente era de uma adolescente. O teto era enfeitado por um lustre de cristais e ao lado da cama, que era completamente cheia de almofadas cor de rosa, haviam abajures em forma de flor. Não tive coragem de me sentar na cama, que estava perfeitamente arrumada, então me sento no chão e escoro na parede ,ao bater minhas costas na parede ouço um barulho oco, bato mais uma vez na parede. Era uma porta, empurro e então a porta cede para o lado e então por trás   revela-se uma biblioteca gigantesca, tão bela que se quer conseguiria descrever tal beleza em palavras, haviam escadas caracol, estátuas de mármore e um piano branco belíssimo. Vou a estante para pegar um livros, por um segundo êxito, mas então encho minha bolsa de livros de diversos temas.

Quando estou saindo do local vejo um relógio dourado ,só aí percebo que não olhava as horas a um bom tempo, então percebo que ainda é de manhã, são apenas nove horas. Me sinto até mal de sair daquele paraíso que sempre sonhei em ser meu, mas queria estar em um ambiente que me fosse familiar. Decido passar pelo quintal ao ir embora, e então ouço um choro melancólico vindo de uma goldem acorrentada.

- Meu Deus, você estava sozinha aqui esse tempo todo‐ falo me abaixando

Ela continua choramingando.
- Qual o seu nome?- puxo sua coleira em forma de osso  — Selena, sério? Você tem o nome da minha mãe garota - faço carinho em sua cabeça.

Acredito que ela se sentiu confortável comigo, já que ela começo a me lamber.
- O que você acha de fazermos companhia uma para a outra- puxo sua coleira que estava presa a uma grade de metal- Você vai ter uma nova casa.

Durante todo o percurso ela ficou inquieta, ela tinha pelos dourados e uma coleira rosa.
Quando chegamos em casa ela cheiro cada canto do lugar e eu a deixei livre para explorar a casa, após entrarmos ela ficou me encarando de lado.

- Não olha pra mim, não fui eu quem deixei a casa nesse estado- peguei os brinquedos que estavam no chão e os joguei no cesto.

Me sentei no sofá e minha nova amiga se deitou em meu colo.
Encaro a placa em seu pescoço - Não estou sozinha- sussuro baixinho enquanto um arrepio percorria pelo meu corpo.
O mundo ainda guardava segredos, e eu estava pronta para desvendá-los.

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