I. The demon slayer

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Esta não é uma história sobre a criação, tão pouco sua evolução até chegar ao ponto crítico no qual conhecemos como o Hoje, mas é impossível não dar um não-tão-breve contexto histórico sobre esse acontecido para introduzi-la.

A terra foi criada em um momento da existência onde os anjos achavam que estava na hora de dar vida a algo maior que eles. Com esse propósito, todos os seres celestiais se reuniram, e com os anjos serafins tomando a liderança, eles iniciaram o projeto da criação.

Lúcifer, ou Louis para os mais íntimos, era um serafim mais que empolgado com toda essa expansão, suas ideias eram diversas e seus planos tão bem estruturados que seus encantadores olhos azuis chegavam a brilhar ao contá-los aos outros anjos.

Foi uma pena esses mesmos anjos não encararem com bons olhos as tais ideias, em sua frente pediram para ele se conter, e em uma reunião na sua ausência, decidiram deixá-lo de fora da grande criação.

Louis entristeceu as nuvens com seu descontentamento, mas a bondade em sua alma o permitiu ficar feliz novamente ao contemplar os milagres operados por seus irmãos, ficou apaixonado pelo verde do jardim do paraíso ao ponto de descer para a terra e decidir viver por lá, afinal sua presença no céu quase nunca era requisitada e era um tanto curioso observar Adão conversar com os outros animais.

Quando Eva surgiu, a paixão de Louis pela raça humana se multiplicou da mesma forma que seu sentimento de impotência por não ter ajudado em nada em tudo aquilo aumentou, foi então que imaginou que seria uma ótima ideia dar algum presente para os adoráveis humanos como uma forma de mostrar que estava ali e que os cativava, porém existia um impasse, anteriormente quando os outros anjos tomaram conhecimento de sua vivência na terra, eles não se opuseram contanto que Louis nunca interagisse com Adão e Eva, levando esse fato em consideração, como poderia presenteá-los?

O serafim pensou e pensou, quando teve a ideia de com seus poderes fazer nascer uma árvore bonita e frutífera no centro do paraíso, a planta seria majestosa e seu fruto conteria o presente escolhido por Louis: Conhecimento. Não era por maldade, mas o anjo os considerava um tanto quanto ingênuos em relação a si próprios e aos seres celestiais, não achava isso justo, e tinha a firme certeza de que eles seriam ainda mais felizes se tivessem o mesmo conhecimento de um anjo.

Foi uma pena que antes deles cogitaram comer a fruta, a voz de um serafim soou do céu e informou aos humanos que eles poderiam desfrutar de todas as belezas naturais do paraíso exceto provar o fruto nascido da árvore plantada por Louis.

Aquilo foi o estopim para o anjo sentir um sentimento novo ferver dentro de si, pois desde o início de sua existência nunca havia dado motivo para ser tão reprimido e repreendido, pela primeira vez sentiu o gosto amargo da ira, e a decisão que tomou em seguida fez com que os anjos que sempre julgaram existir uma certa malícia em seu ser se sentirem ainda mais sábios por no fim estarem certos.

Louis simplesmente se materializou em sua forma mais luxuriosa na frente de Eva e a induziu a comer a fruta de sua árvore, afinal, que mal poderia ter?

Olhando da perspectiva de milhares de anos depois, Louis não se arrependia do que fez ao refletir sobre esse tempo, o homem se mostrou ser ruim por natureza, logo, seria corrompido em um momento ou outro, com sua interferência ou não. Porém nada foi mais desesperador que sentir o chão sob seus pés desabar e seu corpo frágil cair em queda livre até encontrar a superfície que se tornou seu novo lar.

A quentura abaixo de seus pés só não foi maior que a queimação em suas costas quando suas asas foram cortadas por serafins furiosos e seu corpo arremessado mais uma vez sobre o chão.

E foi naquele momento de dor e vulnerabilidade que foi apresentado ao inferno, o lugar cujo foi lhe dado a responsabilidade de administrar, pois já não era mais aceito nem no céu nem na terra.

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