Do We Have a Deal?

V. This is why we can't have nice things

Quando decidiu que tentaria voltar a ter controle sobre o inferno, Louis teve medo. 

Andando ao lado de Zayn e dos outros quatro demônios governantes, sentiu a mesma incerteza que sentiu quando levantou sua voz em frente a uma multidão de pecadores no inferno pela primeira vez. Não tinha a menor ideia se seria capaz de expandir o território do inferno, resolvendo assim o problema da superpopulação, o medo da falha pesava sobre seus ombros pelo excesso de preocupação com a reação tanto dos pecadores quanto dos demônios caso falhasse, e também temia não encontrar outra forma resolver o problema se essa solução fosse inútil.

Ainda bem que uma vez rei do inferno, sempre rei do inferno, era óbvio que Louis era capaz de expandir seu território, seus poderes não poderiam diminuir com o tempo, ou pela falta de uso como era a preocupação dele, todos os demônios, em especial Zayn, acreditavam no poder de seu criador, mas só a conquista fez com que Louis voltasse a crer em si próprio.

Ele ficou tão contente que convidou todos os seus demônios para comemorarem. Todos os demônios comemoraram felizes por Louis ter resolvido o problema da superpopulação, mas conscientes de que no dia seguinte as coisas voltariam ao normal, que retornariam para suas regiões e rotinas diárias, contando com Zayn para resolver qualquer problema que viesse a acontecer, mas isso andou longe do que realmente aconteceu.

Louis se manteve focado em colocar as coisas em ordem, sabia que cem anos de negligência nunca seriam apagados, mas os cem anos seguintes não precisavam ser iguais aos anteriores, tomou o posto que nunca deveria ter abandonado e se organizou para fazer as coisas do jeito certo.

Semanalmente, pedia aos quatro demônios governantes para lhe trazerem um relatório resumindo o que de novo havia acontecido em suas regiões, quantas pecadores haviam chegado, quantos saíram e etc, sua carga horária agora era realmente ocupada e aproveitada, e frequentemente virava a noite em claro revisando números e anotando ideias.

⸺ Não acredito que você ainda está trabalhando ⸺ Zayn indagou pouco surpreso ao abrir a porta do escritório de Louis horas após seu horário habitual de trabalho ter terminado, e encontrá-lo lendo uma das várias folhas empilhadas em sua mesa. Duas semanas haviam se passado desde o encontro com Harry na cafeteria, e todos os dias seguintes àquele, o rei do inferno se dedicava cem por cento ao trabalho. ⸺ você sabe que horas são?

Louis levantou a cabeça na direção de Zayn, deu de ombros e voltou sua atenção ao relatório sobre o norte, que após a morte de Hunter, teve sua liderança passada para o demônio da ira por pura falta de opções.

⸺ Louis! Estou falando com você ⸺ Zayn insistiu, ficando em frente a mesa de Louis, conseguindo assim a atenção que queria. ⸺ eu sei que você tá tentando recuperar o tempo que se ausentou, mas até o diabo merece descanso.

Louis soltou uma risada contida com o comentário. ⸺ Cem anos não são cem dias, Zayn, tem muita coisa que eu não fazia ideia de que acontecia nem como acontece, não posso perder mais tempo.

⸺ Não considero descansar uma perda tempo ⸺ o demônio ressaltou, firme em seu objetivo de arrancar Louis daquele escritório. ⸺ você precisa se distrair um pouco, qual foi a última vez que fomos jogar Três Setes no Electric Chapel? ⸺ indagou sobre o bar na esquina da rua do castelo onde ele e Louis costumavam frequentar para jogar cartas com Damon e Isaac, respectivamente o demônio da luxúria e da soberba.

⸺ Alguns dias antes de toda a merda com o Harry começar.

⸺ Exato! Damon me mandou uma mensagem mais cedo chamando pra ir no Electric Chapel, confirmei que íamos.

⸺ Porra, Zayn, não devia marcar uma partida de Três Setes sem me perguntar antes se…

⸺ Tudo bem se você não quiser ir ⸺ Zayn se mostrou compreensivo. ⸺ aquele bar está sempre lotado, o que não falta gente querendo jogar. ⸺ Comentou como quem não queria nada em um tom casual que sabia que irritaria Louis.