O Frio da Distância

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O inverno canadense era implacável. Kingston parecia ainda mais fria quando comparada ao calor humano do Brasil, especialmente para Natália. Ela nunca se acostumara ao vento gelado que cortava seu rosto, ou ao silêncio gélido das ruas cobertas de neve. Cada passo que dava parecia ecoar a distância entre ela e Carol.

Carol, por outro lado, estava mergulhada em sua pesquisa. Ela havia conseguido uma bolsa de estudos para um projeto importante, um sonho de carreira que não podia ser deixado de lado. As horas no laboratório eram longas, e quando chegava em casa, já era tarde da noite. Natália sentia a solidão se infiltrar em seu coração como o frio do inverno.

A relação das duas estava desgastada. As conversas eram curtas e impessoais, muitas vezes sobre coisas práticas do dia a dia. Natália se esforçava para manter a casa em ordem e para cozinhar algo quente para quando Carol chegasse, mas a chama que uma vez aquecera seu amor parecia se apagar a cada dia.

Em uma noite particularmente fria, Natália sentou-se no sofá, enrolada em um cobertor, olhando para a neve que caía lá fora. Carol entrou pela porta, exausta, e mal teve tempo de tirar o casaco antes de desabar ao lado dela.

— Como foi o dia? — perguntou Natália, tentando soar interessada.

— Cansativo — respondeu Carol, sem olhar para ela. — E o seu?

— Igual — respondeu Natália, sentindo a frieza na resposta de Carol. — Precisamos conversar, Carol.

Carol suspirou, sabendo que essa conversa era inevitável, mas ainda assim dolorosa. — Eu sei, Natália. Eu sei que as coisas não estão fáceis.

— Não é só isso, Carol. Eu não me adaptei aqui. Sinto falta de casa, sinto falta de você. Estamos aqui, mas parece que estamos a quilômetros de distância.

Carol olhou para Natália, finalmente encontrando seus olhos. Havia tristeza e culpa ali, refletindo os mesmos sentimentos que ela carregava. — Eu sinto muito, Natália. Eu realmente sinto. Mas eu não posso deixar essa pesquisa agora. É o meu sonho, e eu trabalhei tão duro para chegar até aqui.

Natália enxugou uma lágrima teimosa que descia pelo rosto. — Eu entendo, Carol. Eu realmente entendo. Mas eu não sei por quanto tempo mais posso aguentar isso.

O silêncio que se seguiu foi pesado, cheio de palavras não ditas e emoções contidas. Elas se abraçaram, buscando algum conforto na presença uma da outra, mas a distância emocional parecia insuperável.


Sob o Frio Canadense, o Calor do Amor - NarolOnde histórias criam vida. Descubra agora