Mensagens Para Uma Flor Silvestre

Capítulo 6 - Sangue Prateado

Os dias mais difíceis, normalmente são os mais demorados de passar.

Nós trabalhamos, comemos, socializamos, perdemos a paciência, tomamos uma xícara de café, respiramos fundo e voltamos com um sorriso.

Jason revirava os olhos, terminando com o cinto. A buzina de John em seu quintal o fazia querer vomitar.

— Vem, Jason! A gente tá atrasado!  - A voz do homem ecoou, até ver o amigo fechar a porta da frente com raiva. — Eu já estou aqui!

Adentrando o carro, Jason olhou em volta. Andrew no banco de trás vestia uma blusa de gola alta em tom branco e uma calça padrão preta. Suas correntes no cinto chamavam atenção pelas cores coloridas, assim como seus brincos em rubi.

Já John ao volante, como sempre não se continha. Iam para apenas uma reunião de colegas de classe e lá estava ele.

— Gucci da cabeça aos pés? Estamos indo para um tapete vermelho e vocês não me avisaram de novo?! - O homem brincou, fechando a porta do passageiro.

Rindo, o loiro retirou os óculos escuros do rosto. — Menos, Mendal. Você diz isso, mas acha que vai impressionar alguém com uma blusa social preta e uma calça padrão? - O mesmo retrucou.

— Eu não quero impressionar ninguém, John. Não sei porque deveria, esse povo não me vê desde quando? A década retrasada?

— Ele é cheio de onda, Jason. Não liga pra' esse idiota não. - O mais novo riu no banco de trás, relaxando no assento.

— Eu não sou cheio de onda- tira o pé do meu banco, Andrew! - Retrucou, dando um tapa no sapato do mesmo. — Se vocês preferem andar como qualquer um, o problema é de vocês.

Entre a partida do carro e o prédio, fora questão de minutos. Quando o trio se deu conta, lá estavam eles.

Para John, um desfile de moda onde poderia exibir todo seu sucesso e como se tornou superior aos seus colegas.

Para Andrew, comida liberada até depois da meia noite.

E para Jason, um ninho de cobras discutindo o preço e destino de suas viagens mais recentes. Papel o qual, sabia assumir muito bem.

O local era amplo. Um grande salão recheado de decorações de alto valor. As mesas cobertas de comidas que poderiam alimentar uma família por meses.

Ali se encontravam grandes nomes dos mais diversos ramos de negócios da atualidade. Dentre eles, automóveis, viagens, moda, cabelos. Todos subiram na vida rapidamente, vindos direto de seus berços já banhados de prata.

Mendal se encontrava em um grupo antigo. Conhecidos que um dia foram amigos ou meros colegas de classe. A taça de champanhe em sua mão lhe salvava do eminente tédio.

— E Ivan, Jason? Soube que recentemente abriu outra de suas lojas na cidade. Daqui a pouco fica impossível comprar um carro sem trombar com esse cara. - Um homem alto de barba volumosa comentou.

— Você sabe, Ivan sempre quis tudo. Até o que não é dele. - Riu, espalhando sua risada entre os demais.

— Lamento por seu pai, Mendal. Sei como deve ter sido difícil.

— Isso foi há cinco anos, Clarissa.  É claro que sentimos sua falta, mas apenas como o grande homem que ele era. - Gesticulava, bebendo um longo e intenso gole.

— O senhor Mendal era um grande homem. Minha família não poderia ser mais grata por seus atos. - Seu amigo concordou.

— Não me impressiona vocês ainda serem tão próximos, John. Com a linhagem que carregam, era mais do que esperado que continuassem firmes.