Who's him?

Capítulo 6: odiar é mais fácil

Eu fui parar na enfermaria. Um garoto do clube de boxe me encontrou agonizando no chão e me ajudou a ir para a enfermaria. Claro que fui xingado pela enfermeira por dar-lhe mais trabalho no final do turno dela, mas mesmo me praguejando, a mulher fez seu trabalho e a secretária ligou para minha mãe me buscar. Tive que ficar sentado na cadeira desconfortável da recepção e da secretaria enquanto esperava alguém vir.

Eu olhava a pouca movimentação do lugar, procurando-me entreter de alguma forma. Qualquer professor que passasse, qualquer aluno, qualquer coisa servia. Até mesmo os gritinhos baixos e suprimidos pela secretária ao ler os romances eróticos me serviam. Os olhos de coruja dela, efeito causado pelo óculos de alto grau, bateram-se com os meus, quando ela desviou o olhoar da tela do computador para o horizonte, onde estavam os meus. Fiquei com vontade de perguntar para ela como acabou a história do alfa que encontra sua ômega no meio do avião e a sequestra porque diz que ela é sua, mas a aparição de um professor conhecido me atrapalhou.

— Sra. Lee, você pode gerar a ficha de um aluno pra mim? — Sr. Kim, professor de história apareceu, não percebendo minha presença ali. Ele estava de costas para mim e carregava uma bolsa tipo maleta.

— Claro, Sr. Kim. qual o nome do aluno? — ela o indagou, bastante atrapalhada com a aparição repentina do professor em sua mesa, provavelmente porque ela estava intertida com a história. E eu com a conversa dos dois.

— Hwang Hyunjin. — ele respondeu, me deixando curioso.

— Posso saber o motivo de estar tão interessado nele? — ela indagou, enquanto provavelmente digitava o nome dele no sistema.

— Ele sai muito nas minhas aulas e estamos sendo solicitados para abonar as faltas dele, mas ele não tem nenhum atestado médico pra essas saídas e faltas, tem?

— Bem, aqui no sistema não diz que ele tem atestado de algo, mas está dizendo que ele tem permissão de sair antes das aulas, caso seja necessário. — ela leu a tela em voz alta, enquanto ainda mexia nela, eu estava ouvindo tudo com muito cuidado. — Ah. Ele tem essa permissão assinada diretamente pela diretora. — ela acrescentou, me fazendo franzir o cenho com a informação.

— Quê? — o professor verbalizou minha reação.

— É, pois é, não sei o que é isso, deixe-me ver... — ela dizia, procurando alguma coisa no sistema. — Aparentemente essa permissão assinada pela Sra. Choi, foi requerida pelo pai do garoto, mas não consigo achar o nome dele aqui, talvez se eu... Ah, aqui!

— Minho? — aquela voz fez com que nós, professor, secretária e eu tirássemos o foco da conversa, olhando para o dono da voz. Não era minha mãe. Eu engoli em seco, nervoso só de pensar em como explicar para meu avô como consegui um corte na boca e um hematoma na bochecha de maneira plausível. Antes que eu pudesse saber a história toda dos dois mais velhos à minha frente, me levantei, colocando minha mochila nas costas e seguindo meu avô até o carro.

— Não sabia que estaria na cidade. — comentei, enquanto via ele com seu semblante sério entrando no carro antes que eu fizesse a mesma coisa. Minhas costas doloridas receberam o conforto do banco acolchoado de bom grado. O carro exalava um cheiro de baunilha da essência que minha mãe colocava no carro, mais bem-cuidado nas mãos dela do que nas mãos do meu avô.

— Cheguei agora há pouco e fui bem-recebido com essa bela notícia. — ironizou, arrancando com a carro para nossa casa. — O que aconteceu?

— Nada. — respondi, suspirando e percebendo que isso doía um pouco. — Só um treino que deu errado.

— Disseram que você estava no chão, Minho. — ele contrapôs, olhando-me de relance, enquanto virava uma curva. — Não te criei desse jeito, garoto. — ele falou, enraivescendo-se. Fiquei quieto, ouvindo cada palavra ficar presa na minha mente. — Te criei pra ser o melhor de tudo. O melhor em tudo. — repetiu, deixando isso claro. — Se você vai entrar em uma briga, você, pelo menos, tem que vencer ela.