CAPÍTULO UM

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Presente

 
    Já fazia mais de uma semana sobre o acontecido,  o garoto de 13 anos já havia sido enterrado e a família agora chorava o luto.
   Por outro lado Gabriel Silva se encontrava na sala de interrogatório policial.  O detetive Albert Mello entrou pela a porta segurando uma xícara com café. Ele sentou na frente de Gabriel de modo que os separavam era a pequena mesa branca de metal.
   O investigador depositou a xícara sobre a mesa e fixou o olhar no jovem .

  __ Me diga Gabriel.  Quem foi que matou o menino?

   O jovem não respondeu, apenas olhava para outra direção. Não queria olhar nos olhos do detetive.

  __ Você sabe quem matou o menino, por que não nos ajuda de vez?

   Gabriel desviou o olhar mais uma vez e fixou sobre o teto, talvez pensando no que havia acontecido. Seus olhos trouxeram lágrimas que ele evitava cair.

  __ Eu já disse, eu matei o Guilherme.

  __ Não Gabriel, não foi você. Quem você estar querendo proteger assumindo a culpa?

  __ Eu juro.

  __ Jurar diante do tribunal é crime você sabia?

  __ Tribunal?.__ Gabriel olhou para o inspetor,  seu olhar de medo. __ Foi eu que matei o Gui.

  __ O Juiz decretou o seu julgamento para o final de abril, haverá grandes consequências ao mentir no tribunal, por isso fale tudo aqui de uma vez.

  __ Final de abril?__ Ele se assustou.__ Eu não quero ir, eu estou confessando o assassinato,  por que não me deixam em paz de uma vez?

  __ Porque queremos o verdadeiro assassino ou assassina e sabemos muito bem que não é você.

   O detetive respirou fundo e perguntou curioso para o jovem.

  __ Quem é que você está protegendo? A sua mãe, seu pai, irmão ou talvez a sua namorada?

  __ Eu matei o menino, estou confessando e isso é o que importa. Por que você acha que não foi eu?

  O inspetor levantou da cadeira e pegou a xícara.

  __ Porque, Gabriel, não encontramos indícios sobre você no corpo do menino. O fio de cabelo encontrado com o menino não era o seu.

  __ Fio de cabelo?

  __ Sim. Talvez caiu na hora que a vítima teve contato com o assassino. Um fio de cabelo quebrado, a vítima brigou com seu assassino e acabou puxando o seu cabelo.

  __ Como pode ter certeza que o cabelo não era meu?

  __ Além do teste de DNA que não bate com o seu, o cabelo não tem a cor do seu cabelo.

   Gabriel ficou perplexo, agora havia sido desmascarado e fosse quem fosse que ele estivesse tentando proteger, agora ele não poderia mais.

  __ E então Gabriel,  o que você me diz? Quem você está tentando proteger?

   O jovem virou na cadeira e encarou o detetive e falou rindo com o canto dos lábios.

  __ Está bem inspetor,  você venceu.

    O detetive levantou a xícara demonstrando um gesto de vitória como se quisesse brindar.

__ Ótimo, diga-me. Quem foi que matou o garoto?

   Gabriel olhou para o inspetor e falou em seguida.

  __ Você saberá no final de abril, no meu julgamento, inspetor.

  ***

Passado

   Naquela noite chuvosa na cidade de Primavera, Gabriel arrumava a sua mala. Ele estava triste, mas não com ódio da irmã, pois o real motivo de estarem indo embora da sua cidade natal foi por causa dela.
    Um toc-toc surgiu na porta e o garoto foi abri-la. A jovem Talha adentrou o quarto do irmão.
    Ela era um ano mais nova que ele, seu cabelo longo e loiro trazia-lhe uma perfeição magnífica.

  __ Oi Biel. Sinto muito.__ A irmã comentou.

  __ Por que Talha?

  __ Eu também não queria ir embora daqui.

    Gabriel fechou a mala e sentou na cama, Talha também sentou ao lado do irmão. Gabriel olhou para ela, tinha no rosto a tristeza de não querer sair de Primavera.

  __ Vai ser melhor para nós, para nós dois. __ Ele falou.

  __ Mais e a Suzanna?

  __ A gente achou melhor terminar. __ Gabriel falou tristemente.

   Talha abraçou o irmão de leve, de fato os dois sempre se deram bem.

  __ Poxa, a Suzanna é tão linda.

   Gabriel concordou com aceno de cabeça, Talha percebeu que ele estava chateado, o que levou a irmã entender que ele queria ficar sozinho. Ela, por sua vez, levantou da cama e se dirigiu até a janela de vidro olhando a chuva que cessava aos poucos.

  __ Você acha que ele pode encontrar nós dois nessa nova cidade?

   Gabriel também se dirigiu até onde a irmã estava e falou:

   __ Esquece ele tá?. Tenho certeza que ele não vai sair da cadeia tão cedo e nem vai nos encontrar nessa nova cidade.

   __  Eu estou com medo Biel, eu tenho medo de quando ele sair e encontrar a gente onde nós estivermos.

  Gabriel abraçou a irmã fortemente tentando acalmá-la.

   __ Ele não vai encontrar a gente.

   Talha, mas calma, fechou as cortinas da janela e falou olhando para o irmão.

   __ Eu vou deixar você acabar de arrumar as suas malas, eu vou arrumar as minhas.

    A garota saiu pela a porta deixando Gabriel ali sozinho, mas ao invés dele continuar arrumando as malas, ele deitou na cama e pensou em toda as suas aventuras.
    O dia em que conheceu a sua amada, Suzanna Collins, as aventuras loucas de quando os dois foram se encontrar as escondidas em um terreno abandonado  e tiveram que fugir de um cão raivoso e o único jeito para se protegerem foi os dois jovens se esconder em uma longa poça de lama que existia por ali.
    Sem dúvida alguma aquele dia foi o mais assustador da sua vida, mas agora deitado e lembrando do passado, Gabriel sorria e chorava ao mesmo tempo. Porém agora ele estava indo para outra cidade e tudo porque Talha Silva se apaixonou e namorou com um cara muito perigoso chamado de Galego Ramos.

  ***

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