Presente
Já fazia mais de uma semana desde o acontecido. O garoto de 13 anos já havia sido enterrado, e a família agora chorava o luto.Por outro lado, Gabriel Silva se encontrava na sala de interrogatório policial. O detetive Albert Mello entrou pela porta, segurando uma xícara com café. Ele sentou-se na frente de Gabriel.
— Me diga, Gabriel. Quem foi que matou o menino? — perguntou o detetive.
Gabriel não respondeu, apenas olhava para outra direção. Não queria olhar nos olhos do detetive.
— Você sabe quem matou o menino? Por que não nos ajuda de vez? — insistiu o detetive.
— Eu já disse, eu matei o Guilherme — respondeu Gabriel.
— Não, Gabriel, não foi você. Quem você está querendo proteger, assumindo a culpa? — questionou o detetive.
— Juro — afirmou Gabriel.
— Jurar diante do tribunal é crime, você sabia? — alertou o detetive.
— Tribunal? — Gabriel olhou para o inspetor, seu olhar de medo.
— Fui eu que matei o Gui — repetiu Gabriel.
— O juiz decretou o seu julgamento para o final de abril. Haverá grandes consequências ao mentir no tribunal, por isso fale tudo aqui de uma vez — disse o detetive.
— Final de abril? — Ele se assustou. — Eu não quero ir. Estou confessando o assassinato. Por que não me deixam em paz de uma vez? — perguntou Gabriel.
— Porque queremos o verdadeiro assassino ou assassina e sabemos muito bem que não é você — respondeu o detetive. — Quem é que você está protegendo? A sua mãe, seu pai, irmão ou talvez a sua namorada?
— Matei o menino. Estou confessando, e isso é o que importa. Por que você acha que não fui eu? — Gabriel questionou.
— Porque, Gabriel, não encontramos indícios sobre você no corpo do menino. O fio de cabelo encontrado com o menino não era o seu — explicou o detetive.
— Fio de cabelo? — Gabriel perguntou.
— Sim. Talvez caísse na hora em que a vítima teve contato com o assassino. Um fio de cabelo quebrado. A vítima brigou com seu assassino e acabou puxando o seu cabelo — esclareceu o detetive.
— Como pode ter certeza de que o cabelo não era meu? — Gabriel perguntou.
— Além do teste de DNA que não bate com o seu, o cabelo não tem a cor do seu cabelo — respondeu o detetive.
Gabriel ficou perplexo. Agora havia sido desmascarado, e fosse quem fosse que ele estivesse tentando proteger, agora ele não poderia mais.
— E então, Gabriel, o que você me diz? Quem você está tentando proteger? — perguntou o detetive.
— Está bem, inspetor. Você venceu — Gabriel admitiu.
— Ótimo. Diga-me: quem foi que matou o garoto? — perguntou o detetive.
— Você saberá no final de abril, no meu julgamento, inspetor — Gabriel respondeu.
***
Passado
Naquela noite chuvosa na cidade de primavera, Gabriel arrumava sua mala. Ele estava triste, mas não com ódio da irmã. O real motivo de estarem indo embora da sua cidade natal era por causa dela.
Um toc-toc surgiu na porta e o garoto foi abri-la. A jovem Talha adentrou o quarto do irmão.
Ela era um ano mais nova que ele. Seu cabelo longo e loiro trazia-lhe uma perfeição magnífica.
— Oi, Biel. Sinto muito — a irmã comentou.
— Por quê? Talha? — perguntou Gabriel.
— Eu também não queria ir embora daqui — respondeu Talha.
Gabriel fechou a mala e sentou-se na cama. Talha também sentou ao lado do irmão. Gabriel olhou para ela, com tristeza no rosto, por não querer sair de primavera.
— Vai ser melhor para nós dois — ele falou.
— Mas e a Suzanna? — perguntou Talha.
— A gente achou melhor terminar — Gabriel falou tristemente.
Talha abraçou o irmão de leve. De fato, os dois sempre se deram bem.
— Poxa, a Suzanna é tão linda — disse Talha.
Gabriel concordou com aceno de cabeça. Talha percebeu que ele estava chateado, o que levou a irmã a entender que ele queria ficar sozinho. Ela levantou da cama e se dirigiu até a janela de vidro, olhando a chuva que cessava lentamente.
— Você acha que ele pode encontrar nós dois nessa nova cidade? — perguntou Talha.
Gabriel também se dirigiu até onde a irmã estava e falou:
— Esquece ele, tá? Tenho certeza de que ele não vai sair da cadeia tão cedo e nem vai nos encontrar nessa nova cidade — respondeu Gabriel.
— Estou com medo, Biel. Tenho medo de quando ele sair e encontrar a gente onde estivermos — confessou Talha.
Gabriel abraçou a irmã fortemente, tentando acalmá-la.
— Ele não vai encontrar a gente — Gabriel tranquilizou.
Talha, mais calma, fechou as cortinas da janela e falou olhando para o irmão:
— Deixarei você acabar de arrumar as suas malas. Arrumarei as minhas.
A garota saiu pela porta, deixando Gabriel ali sozinho. Mas, ao invés de ele continuar arrumando as malas, ele deitou na cama e pensou em todas as suas aventuras.
O dia em que conheceu a sua amada, Suzanna Collins, as aventuras loucas de quando ambos foram se encontrar às escondidas em um terreno abandonado e tiveram que fugir de um cão raivoso. O único jeito para se protegerem foi os dois jovens se esconderem em uma longa poça de lama que existia por ali.
Sem dúvida alguma, aquele dia foi o mais assustador da sua vida. Mas agora, deitado e lembrando do passado, Gabriel sorria e chorava ao mesmo tempo. Porém, agora ele estava indo para outra cidade, e tudo porque Talha Silva se apaixonou e namorou um cara muito perigoso chamado Galego Ramos.
***
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O Réu
Mystery / ThrillerO que levou Gabriel admitir o crime? Ele é apenas um jovem de 20 anos que nunca passou pela cadeia, no entanto, ele admitiu ter assassinado Guilherme Santos, o pré-adolescente de 13 anos. A polícia não sabe o real motivo que fez Gabriel ter conf...