CAPÍTULO DOIS

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Presente

    Alguns dias depois Gabriel se encontrava na sala de interrogatório à espera de suas visitas. 

    O guarda abriu a cela e eles entraram. Talha, sua irmã, chegara com seus dois amigos, Eloah e Eduardo. Eles foram os primeiros amigos dos irmãos Silva assim que eles chegaram à Sortilégio.  Eduardo Gomes era o melhor amigo de Gabriel, enquanto Eloah era a sua namorada atual e também irmã de Guilherme Santos, o garoto assassinado. 

   — A gente veio primeiro, o papai e a mamãe só vêm mais tarde. — Talha falou. 

  Gabriel fingiu não escutar e olhou fixamente para Eloah. A jovem tinha nos olhos uma tristeza ao olhar para Gabriel e ele sabia o motivo dessa tristeza. Ela então se aproximou dele e alisou seus cabelos enquanto ele mantinha a cabeça baixa. 

  — Por que você veio?. — Ele perguntou em uma voz triste sempre se mantendo cabisbaixo querendo evitar o contato visual. 

   — Porque eu te amo Gabriel e eu sei muito bem que você não matou o meu irmão. 

   Talha e Eduardo também se aproximaram de Gabriel para mostrar-lhe que ele não estaria sozinho nesse momento de dificuldade. 

  — Conte de uma vez, Gabriel. O que aconteceu naquela noite e por que você confessou esse crime? — Talha falou tentando fazer o garoto confessar. 

     Ele olhou nos olhos dos três amigos, não se sabia o motivo que o levou a confessar ter matado Guilherme, ele então respirou profundamente e respondeu: 

   — Não, eu não posso falar e não vou. 

   O jovem então levantou da cadeira soltando a mão de Eloah e chamou o guarda que esperava para levar ele para a sua cela. Ele preferia estar preso em sua cela do que ter que contar alguma coisa para eles.

    A tarde passou tão demoradamente para o jovem que parecia que aquele dia não ia terminar. Mas a sua alegria chegou quando um dos policiais veio buscar-lhe dizendo que o delegado estava chamando ele.

    Apesar de ter confessado o assassinato do menino, os policiais não tinham uma prova concreta que pudesse apontar Gabriel pelo ocorrido e, por isso, não o mantiveram preso ali. O delegado informou o jovem que ele iria sair da cadeia na manhã do dia seguinte para esperar o seu julgamento em liberdade.

   A noite foi a mais longa da vida dele, o desejo de estar fora daquele lugar era incontrolável, mas e lá fora?

     Ele ia ter que encarar o fato de algumas pessoas incriminá-lo com o olhar de ódio por terem certeza que ele matara a criança, ou talvez os falatórios das pessoas quando elas olhassem para ele. Também existia o fato de sua própria família e amigos tentar fazê-lo admitir o porquê ele confessou esse assassinato.

     Quando felizmente o dia raiou, Gabriel foi posto em liberdade, agora ele deveria aguardar o seu julgamento que aconteceria no final do mês de abril. 

   Nos primeiros dias após sair da cadeia, Gabriel enfrentou um desafio difícil. Os olhares fulminantes dos pais de Eloah, os Santos, eram o que mais o fazia querer deixar a cidade. Eles encaravam-no com raiva e acusação, convencidos de que Gabriel era responsável pela morte de Guilherme.

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