CAPÍTULO QUATRO

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Presente

Quando Gabriel foi forçado a entrar no cativeiro, se deparou com Talha totalmente amarrada e vendada.

  — Seus loucos, soltem a minha irmã.—Gabriel gritou com raiva.

  — Gabriel?. Talha chamou-o.
 
  — Calma, eu estou aqui.— O irmão tentou acalmá-la.

   Galego acenou para Geovana e a garota retirou a venda dos olhos de Talha. Ao ver o ex-namorado, Talha entra em surto.
  
  — O que você está fazendo aqui? — Ela perguntou, assustada.
  
Mas Galego não respondeu, obrigando Gabriel a sentar ao lado da irmã. Ele também o amarrou.
 
   — Hoje será o fim de vocês, seus traidores.— Geovana falou ainda furiosa.
 
   — Prometi que, quando eu encontrasse vocês, eu lhes daria um fim. — Aquele garoto malvado disse.
  
  Ao falar isso. Galego puxou duas armas da costa, uma ele deu a Geovana e a outra ele apontou para os dois, tal como Geovana também fizera.
 
  — Comecem a se despedir desse mundinho patético. — Ele falou decidido.
 
   — Calma, cara. — Gabriel, mesmo assustadíssimo, se manteve calmo. — Solte a Talha. Fui eu que te entreguei para a polícia quando você matou aquela pobre garota.
 
  — Sei disso. Mas sua irmã, que revelou o meu esconderijo, só ela sabia. Por isso, os dois vão abraçar a morte agora.
 
  — Geovana. — Talha falou chorando.— Ajude a gente, esse cara é um monstro, você não conhece ele.
 
  — Ajudar vocês? Até parece. Essa é minha chance de matar dois coelhos com uma paulada só, quer dizer, com duas balas apenas. — E ela sorriu.
 
— Por que está dizendo isso conosco, você não conhece esse monstro? Talha falou ainda nervosamente.
 
  — Não é por ele. Livrarei o Edu das mãos de vocês dois, seus traidores.
 
  — O Edu? O que ele tem com isso?— Talha não conseguia entender.
 
  — Ah, não. Você não sabe?

   Geovana olhou furiosa para Gabriel, que estava mais branco que um papel.
 
  — Vou te contar. — Geovana falou. — Seu irmão tem um caso com seu namoradinho escondido.
 
  — O quê?
 
  — Isso mesmo. Seu irmão é um gaysinho. E ele pegou seu atual namorado. O grande amor da minha vida. E por isso ele morrerá também.
 
  — Gabriel. Não pode ser. — Talha falou, decepcionada, até esquecera o medo que sentia.
 
   — Não escute ela, talha. Isso é mentira. — Gabriel tentou se defender.
  
   Talha fixou o olhar para Galego de um modo que lembrava algo do passado.
 
  — Falei para você. — Falou Galego. — Você achava que era mentira.
 
   — Então era verdade. O Gabriel deu mesmo em cima de você nos primeiros dias que começamos a namorar?. —  Ela perguntou para Galego.
 
   — Foi sim. Sou hétero. Agora você sabe porque uma vez ele chegou com o olho roxo na sua casa. Ele tentou me beijar.
 
   — Gabriel. Você é um descarado. — Ela falou brava.
 
— Isso é mentira. Talha.
 
— Não. Não é.
 
— Eu descobri tudo no diário dele. — Começou Geovana. — Quando houve aquele blecaute no Réveillon. Quando o Gabriel saiu para comprar as velas, e depois o Eduardo foi procurar ele. Esses gays se pegaram atrás do comércio do seu Justino, mas o Guilherme pegou eles no flagrante.
 
— Para com isso. Não conte essas mentiras.
  
  Galego então apontou a arma em direção ao rosto de Gabriel e falou furioso.
 
  — Confessa. Ou atiro agora.
 
  — Tá. Foi verdade. Desculpa, Talha. — Ele teve que admitir devido ao medo que sentiu.
   
   Talha então baixou a cabeça tristemente. Estavam agora distraídos quando Eduardo entrou no ambiente apontando um revólver para Galego e Geovana. Assustados, os dois fizeram o mesmo, apontando ambos os revólveres para ele.
 
  — Solta eles agora. — Eduardo pediu.
 
  — Olha só.— Geovana falou, demonstrando ciúmes e raiva ao mesmo tempo. — O herói veio salvar seus amados.
 
  — Solta-os ou eu atirarei. — Eduardo ameaçou.
  
  Geovana riu e, olhando incrédula para o jovem, falou decidida:
 
— Não. Você não tem coragem.
 
— Não tenho?
  
   Um disparo foi ouvido, mas Eduardo não atingiu ninguém, outro disparo logo em seguida atingiu Eduardo. Devido ao susto do barulho e achando realmente que o garoto havia atirado em Geovana, Galego acertou precisamente o peito do jovem, que agora caia no chão, quase falecendo.
    Talha e Gabriel se assustaram, assim como Geovana, que correu assustada em direção ao seu amado. Não demorou mais de alguns segundos para que Eduardo falecesse. Chorando muito, Geovana levantou furiosa, apontando a arma para Galego.
 
   — Para com isso, garota.— Ele falou assustado também, levantando o revólver em direção a ela.
 
  — Você matou o meu amor.
 
  — Pensei que ele havia atirado em você. —Galego falou, demonstrando medo.
 
   E essas foram as últimas palavras do jovem até Geovana apertar o gatilho também. Ao sentir a bala cravar o seu peito. Galego também aperta o gatilho contra Geovana. Naquele dia, houve três mortes em seguida.
    Agora estavam apenas Gabriel e Talha ainda amarrados, mas assustados ao presenciar aquelas mortes.
    Mais tarde, depois de uma denúncia anônima, a polícia chegou no local, libertando ambos e levando os corpos.
    Foi um dia de muita tristeza, após dar seus depoimentos, os irmãos voltaram para as suas casas. Mas, devido toda aquela revelação horas atrás, Talha não foi a mesma com o irmão.
    Na manhã seguinte, houve o enterro dos três. Galego, por não ter família, ali foi enterrado como indigente. Muitas e muitas vezes, Gabriel pedia perdão para a irmã, e ela, apesar de falar pouquíssimo com ele, não conseguia perdoar o irmão sobre essas traições.
   E então, com tristezas e decepções, os dias se passaram voando e o final de abril chegou, assim como o esperado julgamento de Gabriel Silva.

  ***

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