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Dez anos antes...
Foi a melhor decisão que já tomei na vida, meu sonho agora se tornou realidade, enxugo a última xícara e penduro, olho em volta tudo está perfeito, vou colocar meus cursos em prática especialmente o de barista porque agora sou dona de uma cafeteria meu bem, sento e espero tenho que treinar os funcionários que contratei e receber os fornecedores, daqui uma semana inauguro o "Coffee Hope" parece um nome bobo mas realmente estou cheia de esperanças.
Consegui contratar um confeiteiro e três adolescentes, são enérgicos e aprendem com facilidade, o seu Diogenes é um senhor aposentado meio rabugento a primeira vista mas depois de o conhecer melhor se vê que o senhor gordinho de buchechas rosadas é gentil e faz os bolos mais maravilhosos do mundo, após treinamento só faltava receber a última entrega, a mais importante de grãos, olho com frustração para o relógio estava atrasado, cansada de esperar resolvi ir pra casa, começo a fechar tudo:
- MOÇA! - Me viro bato meu rosto no peitoral de um homem bem alto e forte, pareço fruta muito madura se esbirrachando no chão, solto gemido estou tão cansada que nem penso na vergonha - MEU SENHOR! ME PERDOA MOÇA!
Me ergue com uma facilidade, olho pra cima meus olhos se encontram com duas esferas coloridas, um olho cor de mel e outro verde, ele tira o boné e coça a cabeça.
- Sou José, desculpa o atraso moça, o pneu do caminhão furou foi um transtorno danado, corri feito condenado, por favor aceite minhas sinceras desculpas!
Estendo a mão - Prazer José! Me chamo Luara mas todos me chamam de Lua.
Beija a minha mão que sumiu no meio da mão dele
- Confesso que já estava indo embora bem nervosa afinal o senhor está com meus grãos que é o carro chefe da loja!
Brinco ele abaixa a cabeça - Não gosto de falhar com meus clientes ainda mais os novos... - Está realmente desapontado, sinto dó!
- Mas tudo deu certo afinal de contas meus grãos chegaram, vamos entrar?
Ele descarregou tudo sozinho, aproveitei para estrear a máquina de café, e também fiz bolinhos de chuva, são rápidos e simples de fazer. José termina e lhe ofereço cafezinho e os bolinhos, o encaro o deixando sem jeito, acho fofo fica corado já que é bem branco, olhando assim ele é albino, quando tira o boné me deparo com uma cabeleireira alva, sobrancelhas quase não aparecem, tipo parece um anjo, nunca vi um mas arrisco dizer que eles podem ser como o José, é minha vez de ficar envergonhada porque o encarei tanto que ele coloca o boné de volta, a aba esconde um pouco o belo rosto:
- Desculpa você parece um anjo e é um fofo quando abre a boca, é bem cuidadoso os outros entregadores só faltaram jogar as caixas, você descarregou com cuidado e colocou tudo no lugar que indiquei sem resmungar.
- Eu amo meu trabalho, ser produtor de grãos é de família, devo cuidar bem dessa herança afinal tem nos sustentado a gerações, anjo?!! Você é a primeira a maioria me acham bizarro, altura, heterocromia, albinismo, te garanto fui um pacote bullying completo, dificultou muito a  minha vida mas fui criado por mulheres fortes, me passaram valores, perto delas tudo se tornava menos árduo.
- Sei como é não se encaixar em padrões mas ao contrário de você não tive respaldo mas no fim tudo deu certo também, somos abençoados afinal.
Come um bolinho, fecha os olhos e geme, foi uma cena um tanto erótica, esse homem é um pedaço de mau caminho gente, a doida fogosa dentro de mim se manisfestando.
- Está delicioso, lembra muito os bolinhos da minha vózinha que Deus a tenha.
Tomamos um café agradável, o convidei para a inauguração pasmem ele veio, passou a vir "todos" os dias, era minha cobaia sempre que inventava alguma guloseima nova, foi tudo tão natural que quando percebemos estávamos namorando, conheci as tias e mães dele, mulheres incríveis, fortes, determinadas, são médicas, advogadas, José quis seguir os passos dos avós assumiu os negócios da família.
Perdi as contas de quantos barracos eu fiz para esse bando de ignorantes pararem de desfazer do meu José, o ensinei a exigir respeito se impor e não deixar esse povinho ficar tirando uma com a cara dele, foi difícil porque ele é gentil demais mas conseguiu, essa minoria recalcada se colocaram em seus lugares e fecharam a boca, pararam de semear cocô que saíam das bocas de fossas.
Na nossa primeira transa me engravidou, me convidou pra morar na fazenda com ele, aceitei já conhecia todos os funcionários praticamente porque vivia lá então foi fácil a adaptação, nos casamos no civil após o nascimento do Júnior o menino nasceu com quatro quilos e algumas gramas precisei de cesária, já demonstrando que ia ser gigante como o pai, depois de nove anos veio nossa princesa Magnólia em homenagem a avó dele, esse homem chorou largado quando na hora do registro disse o nome da avó, ele realmente merece todo amor do mundo.
Vida de casados não é perfeita mas se o casal está em sintonia, tem amor, respeito até os defeitos se tornam ensinamentos, crescimento.

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