Sabe aquela sensação de leveza que você tem após tomas um longo banho depois de um dia agitado, é assim que estou nesse momento. Todavia, quando Thomas estava falando há poucas horas atrás meu coração batia tão rápido que pensei que iria ter um ataque cardíaco por causa de tudo que ele havia me falado.
Não imaginei que ele se sentia da mesma maneira, e nem permitia que a minha mente imaginasse esses tipos de pensamentos, pois não queria me decepcionar em nenhum momento, nem criar falsas esperanças, mas acho que essa ideia não vai acontecer. Ainda estou nas nuvens, sair com ele em um encontro de verdade, é algo que nunca imaginei que acontecia e isso me deixa nervosa, mas por enquanto vou focar em ficar bem até esse dia chegar.
Thomas não saiu do quarto durante todo o processo, sempre está presente me fazendo companhia. Hoje finalmente vou ter alta, mas algo em relação a isso está começando a me deixar desconfortável, eu tenho a plena consciência do motivo de estar aqui, no hospital, mas também sei o quão difícil é para mim deixar de fazer... isso. É uma preocupação que tenho lidado há um tempo, pois sei que não é saudável, e que coloco a minha saúde em risco, mas isso é algo que não quero envolver o Thomas, odiaria preocupa-lo, e teria vergonha se ele soubesse, o problema, é que eu suspeito que ele saiba, pela maneira como está agindo comigo, não quero isso...
— Vou ir lá fora fazer uma ligação, o sinal é melhor, já volto soneca.
Apenas concordei com a cabeça, deixando que Thomas saísse, aproveitei o tempo para trocar de roupa, já iriamos sair. Estou feliz por finalmente poder ir para casa, eu sei que o tempo que estive no hospital, foi curto, mas foi tempo o suficiente para que eu sentisse saudades de casa e saudades da minha cama.
— Tudo pronto? — Perguntou Thomas.
— Sim, só vou acertar a conta do hospital e...
— Já está tudo resolvido, vamos? — Me interrompe, pegando a pequena bolsa que estava em minhas mãos.
— Você pagou a...
— Antes que comece as perguntas, sim paguei, não, não precisa me pagar, não vou falar o valor, e se tentar devolver o dinheiro vou me sentir ofendido, agora podemos ir?
Surpreendentemente ele descreveu com perfeição tudo o que eu iria fazer, o que me deixou bem chocada e sem palavras, então apenas o segui em direção ao carro.
Mesmo eu amando dirigir, estou começando a gostar de ter outra pessoa no volante, é confortável, e diria que até uma bela visão aos olhos, pois a seriedade que ele tem quando está no trânsito, é hipnotizante.
Sua blusa está com a manga dobrada até metade do braço, a blusa sua está com os botões na parte de cima um pouco abertos, além de seu cabelo está com uns fios rebeldes, o que o deixa mais atraente ainda. Algumas veias e destacam em sua mão, devido à pressão que ele faz no volante, posso notar que fala algo, mas nesse momento nenhuma palavra faz sentido ou é ouvida por mim, pois os movimentos dos seus lábios enquanto fala é o que me chama atenção.
Acho que devo ter encarado muito, pois logo seus olhos deram uma olhada rápida para mim, e um sorriso singelo surgiu em seus lábios.
— Se continuar me olhando assim eu não vou conseguir manter o meu alto controle. — Diz segurando um pouco mais forte o volante.
Virei meu rosto para frente e me mantive olhando fixamente para o horizonte, mesmo eu querendo olhar novamente para o lado, segurei essa vontade.
É um pouco estranho parar e pensar em tudo o que aconteceu, uma hora estava em um jantar fingindo ser sua noiva, na outra eu passei mal e fui para em um hospital, depois veio a família dele toda me visitar, aí ele simplesmente decide acabar com todas as minhas dúvidas e falar tudo o que sente por mim. Agora estou aqui, sem saber o que fazer.
— Chegamos. — Diz quebrando o silêncio e saindo do carro. — Vamos? Questiona abrindo a porta para que eu possa sair.
Apenas concordei e fui abrindo o caminho para que ele possa passar. Assim que entramos no apartamento Thomas deixou minhas coisas em um canto e simplesmente começou a andar como se casa fosse dele.
— Emma não está?
— Acho que deve está no trabalho.
— Certo, vou ficar aqui até ela chegar então, quer algo para comer?
— Estou sem fome....
— Certo, vou pedir para um dos restaurantes do Erick entregar aqui.
— Mas...
— Mas nada, você realmente acha que o médico não falou comigo Elisa? Você não sabe o quanto fiquei preocupado quando o médico me disse a suspeita do...
Senti meu corpo gelar, como se fosse um cubo de gelo, como se meu mundo estivesse caído, não é algo que gosto de comentar ao contrário tenho vergonha disso, pois diferente da maioria que tem isso e não aceita, ou acha normal, no meu caso não, eu sei que não é normal, eu sei que não é saudável, tenho ciência disso, mas é mais forte do que eu... Quando me olho no espelho a imagem se distorce, sinto como se meu corpo fosse outro, é como se cada minuto que eu passe olhando para ele através do espelho, ele cresce, aumenta.
A comida é o meu maior inimigo, eu como, mas minha consciência pesa, como se uma ancora a puxasse para o mais fundo de um abismo, e quando dou por mim, já está tudo para fora de meu corpo. É como se meu estomago e minha mente, concordassem que isso não deve ficar dentro de mim, como se a comida fosse o motivo do meu peso.
A carreira fez isso comigo, posso amar ser modelo, mas sei que a pressão para se manter no peso certo, a pressão de não ser contratada por ter um corpo que seja considerado o padrão aceito pela sociedade cai por cima mim.
O meu corpo é o meu trabalho, é o meu sustento, por isso às vezes deixo de comer, ou como e coloco para fora.... Estou me autodestruindo aos poucos, mas não tenho forças para parar.
A comparação, a imagem da mulher com o corpo perfeito, o meu reflexo destorcido no espelho, está destruindo a minha mente e meu corpo, é uma destruição de dentro para fora.
Sinto as minhas mãos tremerem de leve e meu coração acelerar, não queria que ninguém soubesse, sempre tive muito cuidado, mas acho que não foi o suficiente.
— Não fique assim... Por favor. — Diz Thomas se aproximando. — Não queria te pressionar e nem abordar um assunto tão delicado assim do nada, me desculpa.
— Eu não queria...
— Que eu soubesse? — Questiona tirando as palavras que estavam presas em minha garganta.
Apenas anui com a cabeça.
— Eu realmente não entendo muito do assunto, mas quero te ajudar tá? Estou aqui para a fase ruim e boa... — Diz segurando meu rosto entre as suas mãos. — Não sei como é a maneira que você se vê, ou como é as pessoas com quem se compara, eu só sei da mulher que estou vendo na minha frente, da mulher que é a mais linda do mundo aos meus olhos, da mulher que consegue me tirar o folego até vestindo roupas de hospital e da mulher que fez com que eu literalmente jogasse toda a ideia de passar a vida inteiro solteiro pela privada... Você é linda, perfeita... Tudo em você é perfeito porque está em você, cada detalhe, e não importa a maneira como você se ver, me deixe me mostrar a maneira como eu te vejo.
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Um Erro
Romance"Eu só cometi um erro, não vai voltar a se repetir. " Livro 3 - Dá série: Os Sartori Elisa Moore é uma modelo que conseguiu uma oportunidade única, ser o rosto de uma marca extremamente importe, porém, a proximidade com a família de seu chefe a fez...