Suicídio - Capítulo dezenove

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(CONTÉM GATILHOS)

MUITAS VEZES ACABAMOS OUVINDO QUE o nosso aniversário era a data mais especial de nossas vidas, mas comigo não foi bem assim.
Naquele dia quando lemos aquilo tudo vindo da ex namorada no mínimo desbalanceada de Morajo, ambos paramos, nos entreolhamos e decidimos agir. Naquela noite saímos de madrugada até o apartamento dela, luzes vermelhas e azuis eram visíveis antes da esquina, quanso chegamos a ambulância já estava levando o corpo. Morajo não hesitou em se aproximar e tentar observar algo, o prédio estava interditado, com fachas amarelas rodeando a poça de sangue que seu corpo havia deixado para trás.

Aquilo era assustador. Senti meu estômago se revirar pelo menos umas dez vezes até que eu tivesse coragem de chegar perto de Morajo, ele conversava com os policiais sobre o acidente e tentava entender tudo aquilo. Era informação demais para nossas cabeças.

Eu senti que tinha entendido tudo em alguns momentos, meu cérebro dizia o lógico: "Você praticamente matou ela" e o meu coração refutava dizendo "Isso é mentira, você apenas pediu o lógico e certo dele. E ela era desequilibrada."
Na verdade, eu estava pouco me fudendo para as duas versões, eu queria escutar a versão de Morajo, o que ele pensava a respeito. Caso ele dissesse que não era a minha culpa, estaria tudo bem. Eu não me culparia. Mas caso contrário, eu com certeza ficaria mal.

Respirei fundo e me aproximei dele, toquei seu braço exposto ao vento, ele parecia sentir frio, o ar gélido que soprava por Verade era impiedoso, então rapidamente retirei meu moletom e entreguei para ele.

- Ahn?... - Ele não entendeu.

- Toma, veste. Tá frio. - Forço um sorriso.

O olhar cansado de Morajo entregava tudo o que ele pensava, talvez um gesto de carinho e preocupação por ele era tudo o que precisava.

- Obrigado, mas e você? - Morajo veste o moletom, quando me pergunta isso, me toco que agora quem estava exposto ao vento era eu.

- Tudo bem, eu mereço sofrer um pouco também. - Respondo, me escorando numa parede do prédio, aonde estávamos esperando os policiais chegarem com a ficha do caso.

- Como assim? - Ele pergunta, seu olhar sereno perfura meu pulmão, me deixando sem ar.

Arrumo minha postura e cruzo os braços, tentando evitar o frio.

- Meio que eu que te pressionei para terminar com ela e acabou dando nisso. Eu me sinto culpado, Morajo. - Olho para ele. Nos entreolhamos.

- Não é sua culpa, sabe... Os policiais acharam um laudo médico no quarto dela dizendo sobre uma sociopatia. - Ele limpa a garganta. - É, eu não fazia ideia que namorava uma sociopata impulsiva. - Ele brinca, parecendo ainda triste.

- Você ta bem com isso? - Desvio o olhar para meus pés. - Tipo- Que ela meio que se... - Fico em silêncio.

- Quer uma verdade nua e crua? - Morajo suspira pesado. - Não. Não que eu sinta saudades dela e do comportamento abusivo dela, mas ainda sim ela foi alguém muito querida na minha vida e fez parte de mim. - Ele morde o lábio. - Sabe, acho que o motivo dela ter sido assim desde pequena foi pelo trauma da perca dos pais dela. Ela sofreu muito, Linn. Eu era o único naquela época que podia ajudar ela. Mas eu fui embora. Eu deixei ela. - Ele me olha.

𝑨 𝒎𝒆𝒓𝒄𝒆 𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒐𝒓 . . . (Mᴏʀᴀʟɪɴɴ)Onde histórias criam vida. Descubra agora