Uma utopia para os fracos - Capítulo um

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EU AMO COMO A VIDA TEM TOMADO UM rumo diferente desde que aquele pedido rolou a cerca de dois meses? Eu não sei, mas foi por aí. As coisas vem tomando um rumo bom, diferente do que a vida costumava me entregar, e eu aprecio isso. Tudo é melhor ao lado dele, mas com exceções. Você deve se perguntar: "Exceções?" E eu te respondo: "Sim, exceções." E você me pergunta denovo: "Que tipo de exceções?" E eu respondo novamente!

— Puta merda, denovo isso?
Eu levei a mão até uma madeixa de cabelo que estava tampando a minha visão do celular. Não deve ser muito difícil adivinhar o que estava acontecendo; nós estavamos brigando denovo.

Pelo mesmo motivo das outras dez vezes.

Desliguei o celular sem dar uma resposta ao contato cuja estava salvo como "Mon Chéri" — É um apelido fofo em francês que eu decidi dar para ele depois que comecei a estudar essa língua, não é algo significativo, mas a palavra começa com "M" e o nome dele também e... Bom. Eu gostei. — Já era mais do que tarde da noite para continuarmos discutindo e ele batendo na mesma tecla sempre de "Não podemos contar para ninguém sobre esse relacionamento, você sabe... Eles acham que eu gosto só de mulheres e a minha ex morreu a pouco tempo, então seria lógico eu ficar longe de anunciar relacionamentos novos."

Eu sei a verdade.

No começo pensei que fosse coisa da minha cabeça, mas aos poucos essa desconfiança só crescia a cada dia, meu estômago se revirava de pensar naquela hipótese e meu cérebro tentava negar.

Ultimamente tenho me encontrado com Mellory, ela é o tipo de mulher que parece ser burra mas na verdade sabe de quase tudo. — Digo, os conselhos dela soam bons na minha cabeça. — Tudo bem que alguns eram tão estranhos quanto pizza de abacaxi, mas eu juro, eram bons.

Uma vez ela pediu para que eu marcasse um horário no hospital com ela para conversarmos, eu disse que se descobrissem ela provavelmente iria dar merda, ela disse: "Claro e caro vai pro caralho", eu ri e topei. O seu sonho era ser poeta, mas sua mãe inscreveu-a na medicina. Sinceramente, cada poema daquela garota era um crime diferente cometido, eram ruins e sem nada de estética, eram escrotos, mal escritos e desenvolvidos, mas eram até que reflexivos.

 A um tempo atrás eu meio que descobri que ainda existiam os tais Vogues, não acreditei de primeira até ver a Mellory fumando um desses, ela disse que o melhor era o de menta, mas gostava do lilás também. Fiquei receoso com aquilo, será que não era um tipo de bomba caseira que venderam para ela dizendo ser um cigarro? Não. Ela me disse algo que me fez refletir muito.
"Sabe, as pessoas preferem o antigo porque o novo não tem graça, Linn. Mas mesmo assim elas preferem garantir que a sua rotina continue a mesma, preferem não experimentar o que querem, você entende? Pessoas são escrotas e  essa merda de cigarro nem é tudo isso, mas leva o nome de 'cigarro para mulherzinhas' porquê só as piranhas fumavam ele, isso faz algum sentido? Não. Mas mesmo assim eu fumo ele porque é diferente do que eu costumo usar."
Talvez fizesse mais sentido se não viesse da boca de uma drogada que não dormia a dois dias por causa dos plantões.
Ela tragava e praticamente cuspia a fumaça na minha cara. Eu tinha virado oficialmente um fumante passivo naquele dia?

Me rolei pela cama e repensei na minha existência, eu estava namorando um narcisista fudido, tinha uma ex drogada que podia se matar sem precisar de muito e um casal de amigos que preferem não comentar sobre a paixão de ambas um pelo outro.
Que vida.

Levei os olhos para o relógio na parede, me levanto e me arrasto até o roupeiro para pegar a minha mochila, jogo pelo ombro e saio do quarto sem me preocupar muito, estava cansado, sem vontade de aparecer naquele curso de francês, era uma língua linda, mas chata de aprender.
Me refiro que as vezes eu não consigo falar algumas palavras, as pronuncias se embolam e me irritam as vezes, mas tirando isso, até que vou indo bem.

𝑨 𝒎𝒆𝒓𝒄𝒆 𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒐𝒓 . . . (Mᴏʀᴀʟɪɴɴ)Onde histórias criam vida. Descubra agora