A nossa madrugada - Capítulo um

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EU NÃO COSTUMO ACORDAR DE madrugada, mas essa foi uma das poucas vezes que acordei sentindo fome, principalmente depois do meu primeiro vídeo no canal, sim, eu estava cansado de falar somente umas palavras.

Eu me levanto da cama, pisco algumas vezes os olhos e encaro o horário no relógio da minha escrivaninha.

3:12 am

Era tarde da madrugada já, eu solto um suspiro cansado, logo calço minhas pantufas amarelas apeluciadas com algumas folinhas aonde colocamos o pé, imitando mesmo um limão siciliano. Dou uma leve espreguiçada então caminho para fora do quarto, a casa parecia quieta, então  supus que todos estivessem dormindo.
Enquanto caminhava até a cozinha, percebi a porta de Morajo entreaberta, era estranho, ele normalmente dormia com a porta fechada, não? Cerrei os olhos e tentei enxergar se Morajo estava acordado também, porém não consegui ver nada por conta da escuridão.

Uma mão toca meu ombro.

— O que você ta fazendo encarando a minha porta as 3 da manhã? Você queria me matar?
Eu sinto o toque em meu ombro e um calafrio percorre meu corpo todo, levanto levemente meus ombros, minha cabeça se vira e tento ver quem era por cima dos mesmos.
Ele estava segurando um copo de água, uma blusa vermelho escuro com uma maçã branca em seu peito, não tive a visão do resto de seu corpo, rapidamente me viro para o mesmo fazendo ele retirar a mão de meu ombro.

—Não.
Eu dou uma resposta curta tentando disfarçar o susto que havia levado com aquela assombração atrás de mim.

—Então o que você tava fazendo encarando o vão da minha porta?
Ele toma um gole da sua água enquanto me encara com uma expressão neutra.

—Eu tava passando por aqui e e vi sua porta aberta.—Respondo.

—E o que isso tem haver? Eu poderia estar dormindo com a porta aberta.

—Eu só olhei.

—E por que queria me ver dormindo?
Ele parece agora tentar esconder uma risada.

—Eu iria ver se estava acordado, caso contrário iria só comer alguma coisa na cozinha, e é o que eu vou fazer agora.
Eu me preparo para virar as costas até Morajo me interromper.

—Posso ir com você? Não é como se eu estivesse com sono.

—Ok.

Nós chegamos na cozinha, sem trocar nenhuma palavra.
Morajo se senta em um dos balcões com aquelas cadeiras, ficando de frente para o que seja que eu for fazer.
Eu caminho até a geladeira e pego duas fatias de pão, começo a vasculhar pelq geladeira toda pela alface.

—O Torajo não comprou alface?
Pergunto, tentando quebrar o silêncio.

—Provavelmente, ele vai no mercado com a Zulmi e esquece de tudo, no fim das contas só traz besteiras.—Ele toma um gole de sua água.

—Eles namoram? Tipo... Sempre vejo eles juntos, mas ao mesmo tempo parece que não namoram.

—Não, eles sempre se enrolaram assim, eles claramente se gostam.
Morajo solta uma risada.

—Entendi.
Finalmente acho a alface, me viro para o balcão, ficando de costas para Morajo enquanto preparo meu pão.
Rapidamente quando termino de montar o mesmo consigo sentir Morajo me olhando, seu olhar era quase como uma lança perfurando meu peito, mesmo que não quisesse, eu sempre sentia aquele mesmo sentimento de criança. Eu sinto as vezes que fui um pouco tolo de ter chamado ele de "M" por grande parte da vida que escrevi meus diários, eu não queria que quem lesse aquilo soubesse que ele era o meu melhor amigo e tudo o que fazíamos juntos. Isso tudo por causa do meu irmão mais novo, ele era quase tão metido quanto eu, então por segurança sempre fiz isso.

𝑨 𝒎𝒆𝒓𝒄𝒆 𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒐𝒓 . . . (Mᴏʀᴀʟɪɴɴ)Onde histórias criam vida. Descubra agora