"Luto" - Capítulo vinte

1.9K 114 236
                                    

SEGUREI O OMBRO DE MORAJO E LOGO lancei-o um olhar reconfortante, tentando ao máximo entender como ele se sentia a respeito daquilo tudo, — de certa forma, não era fácil ver a merda de um cadáver com o crânio estourado deitado na sua frente e esse cadáver ser literalmente a sua ex louca. — Eu entendia-o.

Morajo se aproximou da maca e se ajoelhou ao lado do corpo de Lara apoiando as duas mãos na extremidade do colchão, ele falou algumas coisas a ela e logo voltou até mim, com o seu olhar perturbado de antes.

Respirei fundo, eu queria pergunta-lo o que acabara de dizer a ela, porém minha consciência bateu mais forte. Me aproximei de Morajo na esperança de abraça-lo e conforta-lo. Não foi o que ele pensou.
Morajo me empurrou de canto e saiu andando para fora do quarto, me senti um pouco mal, porém por outro lado, entendi que ele precisava de um tempo sozinho. Ver a sua ex deitada numa maca de hospital com a porra do crânio estourado não é fácil.
Por outro lado, acho que se fosse a minha ex ali, não acho que seria tão ruim.


Mellory, a garota que qualquer garotinho do fundamental desejava, inclusive eu. Ela foi meu primeiro amor.
Mellory era uma prima de Zulmi que estudou por cerca de 3 anos conosco, por ser uma familiar de Zulmi, acabou fazendo um puta sucesso na sala de aula. Ela era o tipo de garota que derretia qualquer garoto com um só sorriso. Acho que naquela época eu só comecei a gostar dela por não querer aceitar que gostava de garotos também.
Eu e ela namoramos por cerca de três meses, eu gostava dela, ela gostava de mim, éramos um bom casal, eu diria.

"Hey Linn, eu quero te falar um negócio..."
Ela disse.
Eu dei permissão para que falasse.
"Eu não gosto de você, na verdade eu gosto da minha melhor amiga."
Arregalei os olhos e perguntei por que ela estava comigo então.
"É que a minha mãe não aceita essas coisas e tals... Eu gostava de você, mas nem fudendo que eu ia continuar me enganando e enganando você desse jeito."
Assenti, na verdade eu sentia o mesmo, só não sabia.
"A gente pode continuar sendo amigos?"
Sorri, porém no fim do mesmo ano, ela foi embora para outra cidade.
Nunca mais a vi.


Não que eu odiasse ela ou algo do tipo, mas eu sofri muito com o nosso término, eu era no mínimo muito romântico para ela. Talvez isso me faça levemente vingativo? Talvez.
Ouvi por boatos que ela se formou em medicina, então acho muito improvável que ela morra cedo, tipo, ela pode muito bem se  consertar.
A maior fonte de boatos é a Zulmi, elas são ainda bem próximas e de vez em quando ouço a conversa delas ecoando pelos corredores.
Isso realmente não importa.

Acabei ficando imerso no mutirão de pensamentos que passavam pela minha mente, solto um suspiro e me retiro do quarto indo atrás de Morajo.
Andei pelo hospital todo atrás dele, perguntei para enfermeiras, médicos e até recepcionistas, mas nenhum deles havia visto ele. Entrei em desespero, rodei o hospital pelo menos mais duas vezes, derrotado, sai para o lado de fora do hospital, enquanto abria a porta me deparei com uma figura familiar; Era Morajo... Mas ele não estava sozinho.

— Mellory? — Arregalei os olhos sentindo meu coração bater com força no meu peito.

Ela vira o rosto e me encara, seu olhar cínico me fazia virar do avesso.

— Ah, Linn? Não esperava te ver aqui. — Ela morde o lábio inferior.
Morajo me ilha também, porém logo desvia o olhar.

— Eu também não, você não tinha ido embora? — Pergunto fechando a porta atrás de mim.

Lá estava ela, sentada num banco com um jaleco branco fumando um cigarro, Morajo estava ao seu lado com a cabeça apoiada nas mãos.

— Tinha. Acabei voltando para Verade por causa da minha prima. Ela me arranjou um emprego no hospital como enfermeira. — Ela solta a fumaça. — E você? Também não tinha ido?

— Sim, na real eu voltei por causa do meu irmão e dos meus pais. — Mellory faz um sinal para que eu me sente no banco com eles, me aproximo e sento ao lado de Morajo.
Ela estava na ponta, Morajo no meio e eu na outra ponta.

— Ah Deus, como eu pude me esquecer de você Linn! — Ela sorri com o cigarro no canto da boca, parecendo surpresa em me ver.

— Também senti saudades de você, Mellory. — Sorrio. Agora parecíamos voltar a ter oito anos denovo.

— Você tá bem? Digo, no sentido "sua vida anda bem?" — Ela segura o cigarro entre os dedos e cruza as pernas, deixando um dos braços atrás das costas de Morajo, que ainda não havia falado nem um piu.

— Ah. Claro.
Minto. Minto feio. Minha vida estava virada de cabeça para baixo, aquela turbulência me deixava tonto, porém eu não poderia simplesmente dizer isso para ela.
— E a sua?

— Vai bem. Eu tô tipo, no segundo semestre de medicina e consegui um emprego. — Ela ri.
Eu olho para Morajo, porém logo olho para ela novamente.

— Sei... — Respiro fundo.

— Você veio atrás do Morajo né? — Ela me olha de volta. — Não se preocupa, eu dei alguns conselhos para ele.

— Ah... Entendi.
Eu normalmente odeio acreditar na Mellory, os conselhos dela sempre foram os piores, mas vai saber se ela não amadureceu.

— Relaxa, eu não vou contar para Zulmi que vocês se comem, se é isso que te incomoda.
Ela diz dando uma tragada no cigarro. Arregalo os olhos, o que caralhos o Morajo disse para ela achar que nos comemos?!

— O que...
Digo confuso.

— Ele me disse que vocês- — Morajo interrompe-a.

— Cala a boca, Mellory. — Ele se levanta. — Vamo embora, Linn.

Me levanto também, Mellory parece não se incomodar nem um pouco.

— Certo. Espero te ver denovo, Linnzinho. — Ela dá um sorriso, suas presas são bem aparentes.

  Acabamos por irmos embora, Morajo estava irritado com alguma coisa, porém não tive a coragem de pergunta-lo o porquê.








Notas:

Mais um capítulo!!! Yayyyy
Bom, para os curiosos, Mellory é minha oc, vou deixar ai para vocês ela.


Sim, eu fiquei com uma preguiça do caralho de terminar e pintar.

(Ela usa óculos, soq quase ninguém sabe :3)

Eu não aguento mais, eu odeio quando ignoram minhas mensagens, tipo, O QUE CARALHOS EU FIZ????????????? O pior: isso ta acontecendo muito, tanto é que me desanimei p krl e não tava cosneguindo escrever

𝑨 𝒎𝒆𝒓𝒄𝒆 𝒅𝒐 𝒔𝒆𝒖 𝒂𝒎𝒐𝒓 . . . (Mᴏʀᴀʟɪɴɴ)Onde histórias criam vida. Descubra agora