Capítulo 16: O Quebra-cabeça.

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Narrador:

Este é o mundo onde o destino é real… Desculpe, não era para ter saído assim. O que eu quis dizer é: Este é o mundo onde o destino não é só uma crença pessoal, ela existe sim, e quando digo “ela”, é porque o destino tem uma encarnação e essa encarnação é uma mulher.

Ninguém nunca de fato viu a destino, mas todos sabem que ela existe, aliás, não há quem não conheça as histórias da mulher de um olho só, como um ciclope, tão escura ao ponto de desaparecer por completo na mais insignificante escuridão, com longos cabelos que rastejam pelos mundos e tão alta quanto o infinito.

O fato é, todos nascem com um destino já pré-escrito. Não, isso provavelmente não é como você está pensando, com “pré-escrito”, o que quero dizer é: todos já tem a sua meta definida. Como eles alcançarão essa meta ficará a critério deles, alguns sequer sabem que meta é essa, mas existe uma forma de saber.

A essência.

A essência é o nome dado a personificação do espírito de um ser, aquilo que vai influenciar toda e qualquer criatura, não importa que caminhos ela siga. Por exemplo, o Alius já nasceu com a essência de um majestoso rei, e, mesmo sendo conhecido pela sua indecência desde criança, ele ainda se tornou um imperador respeitado.

No entanto, não importa o quão poderosa uma pessoa seja, é impossível ver a essência de um ser sem a permissão prévia dele. Todavia, existiam alguns que fugiam das leis do mundo, aqueles que faziam tudo o que lhes apetecesse.

Ver a essência de uma criatura significa ter poder para moldá-la a sua vontade, poder para mudar por completo o destino de qualquer um só com um pensamento.

Tais seres eram chamados de “Escritores do destino”, e até mesmo os deuses e demônios apertavam as mãos quando tal ser surgia, afinal, nem mesmo eles escapavam dos poderes desses seres. Só surge um Escritor do destino a cada mil milénios, e, quando esses seres surgem, todos deixam de lado as suas diferenças e se juntam para eliminar aquela anomalia, até mesmo os deuses e demônios.

Com base no que já foi escrito nos livros de história, já foram eliminados seis Escritores do destino. Eles não são conhecidos por serem poderosos em combate, mas, mesmo sendo abatidos, eles foram tidos como um mau presságio, já que sempre acabava por acontecer algo logo após a morte deles.

Quando o primeiro Escritor do destino foi eliminado, um decreto foi escrito e assinado em simultâneo pelos deuses e pelos demônios:

“Todo e qualquer ser capaz de ver a essência sem permissão está perpetuamente condenado a morte imediata.” 

E não existe nada que seja mais importante que isso.

°°°

Eu ainda estava no processo de assimilação de tudo o que estava acontecendo, tentando entender o que um escritor do destino fazia adormecido naquele santuário.

Tudo ficou silencioso quando fitei o rosto dele, observando o sorriso divertido esboçado entre os seus lábios. Era como se estivéssemos num espaço separado, nem mesmo a batalha do Gorilão parecia fazer qualquer som.

Meu coração ficou mais e mais acelerado, mas não era mais do jeito divertido, ele estava desregrado, com… medo.

A minha essência é um tanto diferente do que já foi visto num humano… É algo que ninguém nunca compreenderia, algo que é responsável pelo meu estoque quase infinito de Aura, mas, como a besta de quatro chifres disse, também é a causa da minha insanidade.

A Cavaleira de Preto - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora