O clichê do vampiro | Side story

Pesadelos de uma noite de verão

Amanda estava parada em uma rua de asfalto, que lhe era estranhamente familiar, mas não conseguia se lembrar.

— Sai da rua, garota maluca! — Um carro buzinou para ela. — Tá querendo morrer? — O velho, que usava um chapéu estranho, também era muito familiar, gritou, metendo a mão na buzina novamente e passando a toda velocidade ao lado da morena, que ficou um tanto desnorteada com aquilo.

Vendo aquele carro vermelho e antigo sumir na estrada fez uma sensação estranha invadir seu peito. Onde ela estava?

— Que lugar é esse? — Sussurrou, saindo do meio da rua e subindo na calçada mal cuidada.

A garota encarou suas mãos, se arrependendo ao ver que estavam sujas de sangue, que pingava no chão. O que havia acontecido?

— Mas que merda? — Se desesperou, olhando ao redor para ver se não tinha mais ninguém ali para ver aquela cena, que ela, com certeza, não saberia explicar caso fosse questionada.

A sensação estranha voltou, sua cabeça começou a girar quando a garota fixou seu olhar em uma construção estranha, parecia uma Cabana velha.

Agora ela não estava mais na estrada de asfalto e sim no meio da floresta, com aquela construção antiga e acabada na sua frente. Aquilo era tão familiar, trazia uma sensação tão boa...

Logo sua cabeça começou a girar novamente, deixando a garota tonta, como quando era criança e ficava rodopiando igual a uma idiota no mesmo lugar. Como se não bastasse, imagens desconexas começaram a aparecer também, como flashes em sua mente...

Chamas azuis que a cercavam de forma ameaçadora.

Um sorriso perverso vindo de um rosto bronzeado com olhos amarelos que brilhavam de forma insana.

A Cabana velha que se mostrava imponente em meio às árvores.

Um portal tecnológico cheio de luzes que piscavam de forma frenética e amedrontadora.

Um corredor azul que emanava dor e tristeza de suas paredes.

Um grupo de jovens com rostos borrados sentados em uma lanchonete aconchegante.

O afago vindo de uma mão enrugada e sua sensação de pertencimento, cheia de promessas.

Uma onda colorida que vinha do céu, seguida de um riso psicótico.

Um garoto muito parecido com Derek lhe dando um sorriso gentil, fazendo seu peito doer.

— Acorde... — Uma voz sussurrou em meio a toda aquela loucura, fazendo Amanda ter um estalo em sua cabeça.

A garota arregalou os olhos assustada, encarando o teto do seu quarto. Ela estava em casa. Tudo havia sido um sonho.

— Puta merda... — Sussurrou ofegante, sentindo seu travesseiro molhado de suor e a dor aguda em seu nariz e também em sua cabeça.

Ela se sentou na cama, tentando voltar para a realidade, demorando alguns segundos para isso, suspirando pesadamente, como se estivesse tentando se acalmar de um grande impacto contra seu peito, a deixando sem ar por alguns longos instantes.

Estando mais calma, percebendo que tudo havia sido um grande surto de sua cabeça maluca, mesmo sentindo um grande desconforto com tudo aquilo, ela logo ficou em pé, se apoiando na cabeceira da cama, indo lentamente, ainda meio perdida, até aquele armário estranho, que ela morria de medo de esconder algum monstro dentro, catando seu pijama de manga longa e uma calcinha com estampa de bichinhos. Precisava tomar um banho e tirar aquelas coisas da cabeça e, talvez, do fundo de sua alma caótica.

Quando saiu do quarto, a luz que vinha do andar de baixo a encontrou, fazendo a dor em sua cabeça ficar um pouco pior, a deixando ainda mais pesada do que antes, como se fosse cair do pescoço a qualquer momento.