ARQUIVO III: ANEXO II

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2021, 03 de Março

Os dias longe de Wonwoo passaram devagar.

Mingyu já esperava discutir com o detetive em algum momento, mas o desenvolvimento da discussão não saiu da forma que ele imaginava.  O policial sequer sabia por quê se sentiu tão injuriado quando Wonwoo disse que não confiava em Joshua – não era surpresa para Mingyu que o detetive não confiava na polícia. Wonwoo sempre deixou bem claro que não confiava no sistema.

Talvez tenha sido seu senso de justiça que o fez agir da forma que agiu, debochando da profissão do detetive. Não era sua intenção, jamais seria. Mas ouvir Wonwoo dizer de forma deliberada que seu capitão era mentiroso e mau caráter foi algo que lhe irritou. Talvez porque Mingyu admirava Joshua — após a morte de seu pai, o policial recém-ingressado buscou nada mais que justiça, e desde que conheceu o capitão, sempre teve a certeza que ele seria uma ótima pessoa para ajudá-lo contra a corrupção.

Desde aquela noite, porém, Mingyu realmente seguiu o que Wonwoo havia pedido, e decidiu parar de investigar o caso de Seokmin. Sentiu que sua justiça estivesse sendo falha, de fato, pois todos que lhe questionaram sobre o caso dentro da delegacia receberam a mesma resposta de Mingyu: ele não sabia de nada.

Não sabia de nada, uma ova. Sabia mais do que gostaria de admitir. Mas a culpa de ter agido da forma que agiu naquela noite, lhe fez ficar em silêncio.

Caminhando até a delegacia, Mingyu chutava pequenas pedrinhas que via em seu caminho, com as mãos no bolso. Decidiu caminhar ao invés de ir de carro, para aproveitar a brisa suave da manhã e tomar um pouco de sol.

Ao chegar no prédio, seguiu até o elevador, como fazia todas as manhãs. Esbarrou novamente com Doyeon, que lhe deu um sorriso forçado e se virou para o espelho, arrumando seu cabelo. Assim que as portas se abriram, Mingyu deixou o cubículo metálico, seguindo até seu departamento, onde encontrou todos em suas respectivas mesas trabalhando. Andou até sua mesa, que ficava ao lado da janela, e sentou-se em sua cadeira desconfortável e rasgada, onde ficou olhando o monitor por alguns momentos. Hm...

De repente, se levantou de supetão, quase derrubando a mesa e seus materiais que estavam em sua frente. A atitude foi barulhenta, causando um pequeno susto em seus colegas.

— Ficou maluco, é? — Hansol perguntou, dramaticamente colocando uma das mãos sob seu coração.

— Preciso resolver algumas coisas. — Mingyu disse, já pegando suas coisas pra se retirar. — Sinto que deixamos algo para trás na casa de Seokmin.

— Sente, é? — Hansol resmungou — Tirou isso de onde?

Antes que pudessem questioná-lo mais ainda, Kim já saiu do departamento, optando por descer as escadas correndo, parando o primeiro táxi que viu assim que deixou o prédio. Não sabia dizer de onde veio esse sentimento, mas era como se algo estivesse lhe dizendo que havia algo pendente. Podia ser que estivesse errado, mas precisava tentar.

Assim que chegou na casa, percebeu que esta ainda se encontrava fechada com fitas policiais de "não ultrapasse". Passou por baixo de uma dessas, seus tênis encontrando a grama média do local que parecia não ser aparada há algum tempo, e caminhou até a porta de entrada.

Ao entrar na casa, Mingyu percebeu que tudo estava como haviam deixado, apenas com uma fina camada de poeira que se instalou no local após uma semana. Ele optou por observar o ambiente com mais calma, utilizando novamente a luz ultravioleta que carregou consigo dentro de sua bolsa, procurando por algum rastro que pudesse dar qualquer dica sobre o assassino de Seokmin.

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