ARQUIVO III: ANEXO III

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Wonwoo encarava, imóvel, a gravata em cima da mesa.

Não sabia quanto tempo havia se passado. Ele conhecia aquela gravata. Era a mesma que aparecera em sua mesa quando começou a investigar o caso. Era a gravata de Seokmin. A peça de roupa estava do mesmo jeito de antes, nem um pingo de sangue a menos ou a mais. Wonwoo sentiu a cabeça doer. Aquilo deveria ser bom, ter aquela pista de volta em suas mãos significava que o caso logo seria resolvido. No entanto, Wonwoo estava enjoado.

As manchas de sangue tinham uma coloração cobre, com as bordas mais escuras, indicando que estava bem seco. Até hoje a gravata não havia sido lavada. Quem manteria uma gravata ensanguentada daquele jeito durante dias? Era quase... sádico. Quanto mais pensava e descobria sobre esse caso, mais se enfurecia. O que Seokmin fizera para receber tanta desgraça, tanta desonra? Wonwoo sentiu o coração acelerar, e sua respiração ficou descompassada. Quando a visão começou a embaçar, cambaleou até a janela e a abriu, colocando a cabeça para fora para respirar melhor.

No entanto, a situação piorou ao cravar os olhos na casa de Seokmin do outro lado da rua. Antes aquele lugar era tão feliz e brilhante, e agora não passa de uma casca oca e fria ocupando espaço num lote. De novo estava sendo preenchido por sensações desconhecidas, odiava ficar agitado dessa forma. Wonwoo pensou que fosse desmaiar quando percebeu um carro sendo estacionado na calçada da residência de Seokmin. De dentro do automóvel, saíram três homens, sendo um deles, Mingyu.

Wonwoo não enxergou mais nada por um instante. Apenas a figura um tanto diminuta, porém, impossível de confundir, de Mingyu. Ele usava uma camisa social branca, e seus cabelos pareciam arrumados. Oh, ele está sem gravata. Wonwoo nem percebeu quando voltou a respirar normalmente. O que Mingyu fazia ali, naquele horário? Não conseguiu reconhecer as outras pessoas, mas, provavelmente, são colegas de trabalho dele. Percebendo-se mais calmo, resolveu voltar para dentro de casa e analisar a gravata com mais cuidado. Porém, antes que fizesse algo, notou que Mingyu e seus companheiros adentraram a casa de Seokmin.

O detetive agiu por impulso, e, quando viu, estava no portão, atrás da faixa amarela de "não ultrapasse". Wonwoo ofegava, desorientado. Não costumava agir sem pensar. Não tinha nem mesmo planejado alguma coisa, só quis ir para lá. Hesitou antes de dar mais um passo. Deveria se juntar aos policiais? Não, era melhor ele voltar para casa, tinha que analisar a pista! Tinha tantas dúvidas, como ela apareceu em sua mesa? Alguém entrou em seu apartamento? Como? De onde a gravata surgiu? Se viu imóvel novamente, sem saber o que fazer, e com a mente agitada.

Só percebeu que estava parado por muito tempo quando suas pernas começaram a doer. "Vamos, se controle. Você não é assim", pensou. "Pense, organize, resolva."

Ergueu a cabeça, pronto para voltar para casa, quando percebeu uma figura de vestes pretas pular da janela do segundo andar da casa de Seokmin. Uma sirene começou a tocar em seu cérebro. Juntou as peças rapidamente — Mingyu e seus colegas policiais visitando a casa de Seokmin, uma cena de crime, novamente e tarde da noite; uma pessoa desconhecida pulando a janela de maneira furtiva — e decidiu agir. Passou pela faixa amarela e começou a correr na direção da figura.

Wonwoo agiu por impulso, mas dessa vez tinha motivo. Aquele poderia ser o assassino de Seokmin. Não podia deixá-lo escapar. Ele precisava pagar. A figura percebeu a aproximação do detetive, e disparou a correr. Wonwoo tentou acelerar, mas aquele desconhecido era muito mais rápido. Seus passos eram bruscos e pesados, indicando uma estrutura corpulenta e forte, e, pela forma como ele se movimentava de maneira ágil e acelerada, Wonwoo teve quase certeza de que aquele desconhecido tivera treinamento militar.

Antes que o detetive pudesse fazer mais deduções, suas pernas fraquejaram e ele caiu no chão. Seus pulmões doíam, e sua garganta estava seca. Wonwoo ofegava de forma desesperada, tossindo pelo esforço. Observou, derrotado, o suspeito sumir na rua escura. Ergueu-se com dificuldade e tentou regular a respiração. Tomou o caminho de volta lentamente enquanto recuperava as energias gastas. Nunca foi a pessoa mais atlética do mundo, mas estava frustrado por não conseguir nem mesmo perseguir um suspeito. Ao virar a esquina de sua rua, notou uma aglomeração na calçada da casa de Seokmin, seguido de um cheiro forte de fumaça.

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