Capítulo 18: O Segredo de Arlington

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No escritório de Gordon, a atmosfera estava pesada, densa. Batman, Lane e Gordon observavam atentamente Abraham Arlington, algemado à cadeira por pedido próprio. Seus olhos estavam cansados, repletos de sombras de um passado sombrio.

- Por que não vamos direto ao ponto então? - questionou Gordon, tentando quebrar a tensão.

- Conte tudo o que sabe, por favor - pediu Batman, sua voz grave ressoando na sala.

Lane assistia a tudo, perplexo, tentando assimilar a gravidade da situação.

Arlington soltou um longo suspiro e olhou fixamente para a mesa à sua frente. - Vocês não têm ideia do que estão enfrentando - começou ele num tom melancólico, seus olhos encontrando os de Batman. - Tudo começou quando eu era apenas um garoto. Eu morava em Nottingham, na Inglaterra. Um lugar de miséria para pessoas miseráveis. Eu não tinha sequer um nome, estive nas ruas desde que me entendo por gente. Havia outros moleques como eu, mais do que eu gostaria de admitir. Tentávamos sobreviver da maneira que fosse.

A imagem de uma Nottingham sombria e fria surgiu em suas memórias. Crianças sujas e famintas perambulavam pelas ruas, seus olhos refletindo a desesperança.

- Um dia, eu devia ter oito ou nove anos, enquanto tentava roubar um carro, acabei topando com um padre que me repreendeu. Ele me perguntou por que eu estava fazendo aquilo e, naquele momento, sem saber porquê, eu confiei nele. Contei que estava na rua desde que me entendia por gente, que não só eu, mas muitos garotos como eu também faziam aquilo, precisávamos sobreviver. Ele me ofereceu comida e abrigo. Alguns de nós aceitaram, outros não tiveram coragem. Hoje vejo que estavam certos. Mas que escolha eu tinha? Que escolha nós tínhamos?

Arlington fez uma pausa, sua voz cheia de arrependimento. - Fomos levados para uma igreja, onde a Ordem já atuava secretamente. No início, ouvíamos palestras sobre o amor de Deus, sobre fé e justiça, eles me deram um nome e um propósito, mas por trás de tudo aquilo havia algo sinistro. As palestras se tornaram cada vez mais frequentes. Acredito que colocavam algo em nossa ou água que nos deixava... letárgicos. A comida era boa, pelo menos. Alguns de nós sumiam com frequência e nos diziam que haviam partido, os que ficaram começaram a ser treinados diariamente. Eles nos treinavam na base da força, prometendo-nos muito e cobrando-nos ainda mais. Logo, aquele lugar se tornou uma prisão.

Ele continuou, sua voz trêmula. - Nossa mente era enxurrada dia e noite com doutrinas radicais. Todos os dias, antes de dormir, eles diziam que estavam nos treinando para ser Azrael, o anjo vingador. Isso criou uma competição dentro do nosso grupo. Estávamos cada vez mais obcecados com aquilo, o que gerou uma rivalidade ainda maior entre nós. Mas a verdade é que estavam nos transformando em armas.

Arlington fez uma pausa, seus olhos fixos no vazio. - Até que chegou o grande dia. O dia do grande teste. Eles nos deram espadas e nos disseram que o último a ficar de pé seria o anjo vingador. Naquele dia, nasceu Azrael. Eles passaram a me dar drogas que aumentavam minha força - disse ele, indicando o bolso de sua calça. Batman foi até ele e pegou uma seringa com um líquido dentro. - Mas o custo era muito alto. Eu perdi a noção do tempo, das minhas ações. Azrael começou a tomar o controle, e eu só podia assistir a tudo como um mero espectador. Parecia um sonho, dentro de outro sonho. Eu não sabia o que era real e o que não era. Mas de uma coisa eu sabia: eu tinha matado meus amigos.

Batman, Gordon e Lane permaneciam em silêncio, absorvendo cada palavra de Arlington. Este estava dando o melhor de si para não chorar.

- Eu matei todas aquelas pessoas, não é? - murmurou Arlington, mais para si mesmo do que para os outros.

Batman permaneceu firme. - E o líder da Ordem? Quem comanda tudo isso?

Arlington empalideceu, seus olhos cheios de medo. - Ele é perigoso, Batman. Ninguém sabe verdadeiramente quem é. Ele é um homem de muitas faces. Ele entra na mente das pessoas, manipula suas percepções, te enlouquece.

- Onde eu posso encontrá-lo? - questionou Batman, a paciência começando a se esgotar.

- Em uma mansão a oeste de Gotham. É lá que ele tem vivido - disse Arlington, sua voz quase um sussurro.

- Onde exatamente? - perguntou Batman, impaciente.

- Na avenida Frankfurt, número 77. Mas tenha cuidado, por favor. Ele é mais perigoso do que qualquer um que vocês já enfrentaram.

Batman se levantou e Gordon seguiu o exemplo.

- Cuidem dele por enquanto. Eu vou acabar com isso - disse Batman, com determinação em sua voz. - Sozinho.

#2 Batman e Robin: Vitória SombriaOnde histórias criam vida. Descubra agora