Capítulo 3

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HARRY HASSIOM

— Estamos aqui há quase uma hora, cara — digo, olhando para o relógio.

— Você sabe que ele sempre se atrasa — diz Charlotte, pegando o celular e ligando para Chihiro.

Ligação atendida.

— Eu já tô descendo, juro — Chihiro diz, ofegante.

— Anda logo — diz Charlotte.

Ligação encerrada.

Olho para Charlotte e, após infinitos quinze minutos, Chihiro finalmente aparece. Juro, eu sou hétero. Pelo menos, eu achava que era. Quando vi Chihiro saindo pela porta, vestindo uma roupa inusitada, uma calça provavelmente da Mugler, como posso explicar algo tão artístico? A calça era bem colada, azul escuro, com alguns rasgados que deixavam aparentes aquelas pernas perfeitas. Esses buracos seguiam na parte de cima do vestuário, deixando a barriga dele bem visível. Minhas mãos suavam. Eu me sentia como em um casório. Não conseguia tirar os olhos do corpo dele. Era perfeito. Como ele podia se sentir mal? Ele tinha tudo. Trabalho com ele há alguns anos e, nos últimos meses, ele vem se sentindo mal, tendo crises de ansiedade, indo e vindo do hospital, fumando com frequência. Ele perdeu o rumo depois das fofocas sobre ele e um jogador se espalharem. Sou o chefe da segurança dele e sei de muitos casos que ele teve que não foram para a mídia, como o com Joey Birlem. Mesmo sendo vistos juntos em um bar no Texas, o "suposto" relacionamento se espalhou. Porém, nunca foi tão longe. Ele e Richard mal foram vistos juntos, exceto na festa do Palmeiras, uma vez, e olha no que deu. A mídia brasileira, colombiana, e até algumas daqui do país, jogaram isso lá em cima. Acho que está afetando muito ele. Os holofotes estão cegando-o.

— Gostaram da minha roupa? — ele pergunta, parando na nossa frente com um sorriso vergonhoso.

— Claro — respondo, corrigindo a postura.

Charlotte mal olha e responde:

— Está lindo como sempre, Hiro. Mas podemos ir logo? Já estamos atrasados o suficiente.

Eu e Charlotte vamos em um carro para levar a maior concentração de malas, e Chihiro vai no outro, que está mais vazio. Eram Rolls Royce negros, brilhantes e reluzentes. Eu e Charlotte conversamos o caminho todo até o aeroporto de Burbank, Bob Hope Airport.

— Você acha que Chihiro está estranho? — começo.

— Estranho? Ele está péssimo. Não sai de casa há quase um ano. E você lembra como ele amava uma viagem — diz Charlotte.

— Talvez com os 19 anos tenha vindo a responsabilidade — digo, sobrepondo.

— Talvez seja apenas cansaço mental. Ele está nessa correria desde novinho.

— Você acha que ele tem um caso com o colombiano? — pergunto.

— Acho que se tivesse, teria contado pra gente... não é? — digo em seguida

𝐈𝐧𝐞𝐟𝐚𝐯𝐞𝐥 ✗ 𝓡𝓲𝓬𝓱𝓪𝓻𝓭 𝓻𝓲𝓸𝓼Onde histórias criam vida. Descubra agora