Capítulo 18

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Nada parece interessante se não estamos juntos
Por que você parece tão entediada quando eu não estou?
Perto de você (perto de você, dentro de você)
Fiz um museu particular pra cada expressão do seu rosto
Pediu pra eu ficar (e se eu ficar)
Vestiu a minha camisa (vestiu a minha camisa)
É fácil te amar (é fácil te amar)
Isso é tão perigoso
Amo nossas fotos
Confiar é mais difícil do que ir embora
Me desculpa, mas
Eu não quero ter cuidado
Quero uma paixão de estragos
Daquela que fingimos não querer
Hotéis caros

Surreal|Baco Exu do Blues e Luísa Sonza

Surreal|Baco Exu do Blues e Luísa Sonza

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CHIHIRO VON HUNTY

Essa casa é linda. Eu caminhava por todos os lugares, escutando o som dos saltos de Charlotte ecoando atrás de mim em cada cômodo, desde a piscina com bordas de vidro e o spa até a minha suíte presidencial. Ela esperava os elogios por ter feito um ótimo trabalho, e realmente fez. Quando finalmente soltei o tão esperado "Que casa linda, rrasou, Char", vi a expressão de satisfação e ego em seu rosto.

- Agora podemos nos arrumar pro jogo, meus amores - disse, acenando com a mão, insinuando que eu ia para o banho.

Subi as escadas para o meu quarto, que tinha uma linda vista para a cidade, coberta por uma fumaça que echia os pulmões e sufocava aos poucos. Pra quê cigarros se tenho toda essa poluição no ar para me drogar e matar lentamente? Soltei um sorriso com meu pensamento idiota, tirei um cigarro da caixinha que estava na cama e o acendi. Dei algumas tragadas e fui para a sacada. Encostei-me no parapeito de vidro, sentindo o sol invadir minhas veias e os músculos se relaxarem. De vez em quando, faço isso para esquecer o Richard. Não exatamente esquecer, mas amenizar a culpa e a angústia que me perseguem toda vez que penso nele. Chorei por três dias seguidos por causa da porra da separação. Todo dia eu me vestia e ia até o carro, olhava e pensava se conseguiria ir ao trabalho. Me questionei, e todas as vezes voltei para trás, coloquei um pijama e chorei mais. Os quartos de hotel são reconfortantes, os vinhos caros desgastam a dor que eu sentia. Bebi, e ainda bebo, da dor diária. Os banhos agora são menos interessantes, já que eu sempre esperava que ele entrasse do nada no banheiro, e transaríamos ou, sei lá, apenas ouvir a voz dele já me reconfortaria. Mas Charlotte diz que não posso me rebaixar a tal nível. Ela me proibiu de ver vídeos meus e do Richard, pegou meu celular e me deixou um dia inteiro sem ele. Me senti uma criança.

Talvez eu nunca vá superar o Richard. A dor vai me perseguir, e eu vou ter que me casar com outra pessoa para fingir que não vou morrer solteiro. Entro no box do banheiro, e a sensação da água caindo no meu rosto é perfeita. É o único lugar onde eu não penso em nada. Ninguém. Nem mesmo em mim.

***

Finalmente, estou pronto, esperando Charlotte terminar sua maquiagem super elaborada para um jogo que ela provavelmente está indo só para evitar que eu surte, faça uma besteira, ou recaia com meu ex. E, claro, para comer os deliciosos lanches servidos no camarote do estádio. Assim que ela termina, entramos no Royce preto, e a viagem é calma. Mas, ao chegarmos ao Allianz Parque, tudo mudou. Meu corpo travou diante do grande letreiro, minhas vistas escureceram, fazendo um movimento de vai e volta, e meu estômago se embrulhou. Naquele momento, senti vontade de sair correndo dali. Sou trazido de volta à realidade pela mão de Charlotte na minha cintura; ela me segurava com uma mão enquanto a outra agarrava a de Harry, seu atual namorado. Isso me deu força para retomar o controle dos meus movimentos, e caminhei, repetindo para mim mesmo: "Sorria e acene. Se perguntarem algo, seja educado e não faça merda."

𝐈𝐧𝐞𝐟𝐚𝐯𝐞𝐥 ✗ 𝓡𝓲𝓬𝓱𝓪𝓻𝓭 𝓻𝓲𝓸𝓼Onde histórias criam vida. Descubra agora