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Dan avançou alguns passos trêmulos, a postura tensa com todos os olhares o acompanhando como um alvo na mira de um caçador

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Dan avançou alguns passos trêmulos, a postura tensa com todos os olhares o acompanhando como um alvo na mira de um caçador. Fechou os olhos com força, nunca houve uma ocasião onde aquele detalhe foi algo desejável ou agradável. A normalidade era um conceito estranho, geralmente uma pessoa podia se machucar, não ele. No colégio, aquele fato fez com que Jaekyung se tornasse mais possessivo, e essa era a palavra que colegas mais usavam para o definir. O julgamento vinha facilmente, sem que qualquer um pensasse nas camadas que uma pessoa tinha. Simplesmente era fácil segurar Jaekyung e o colocar no lugar de alguém possessivo, quando se tratava de um namorado que olhava em fúria quando alguém sem querer empurrava Dan. Sempre correndo, afastando pessoas. O cuidado desenfreado muitas vezes visto da forma errada, e Dan sabia que era por causa daquele segredo.

Ninguém sabia. Amigos, colegas, ninguém tinha noção de que em um acidente, se Dan precisasse que alguém doasse sangue, seria impossível. Kim Dan ser único tinha seu preço.

Dan piscou lentamente, apertando as mãos contra o peito, aquele homem ainda o olhava após gesticular para um dos capangas, nenhum deles sequer ligava para o morto ou o sangue respingado no trailer. Dan não virava o rosto, se virasse, veria o rosto de Woosang, aqueles olhos que não se abririam mais, e aquele homem costumava ser alguém, com uma vida, sonhos, amores. E Dan não conseguia olhar, não podia. Os olhos marejaram trazendo um brilho melancólico nas íris acastanhadas, e atrás de si, Haeri o olhava com a palidez adornando o rosto. Murmurando o que ele estava fazendo, e aquele homem olhou um dos capangas, os lábios curvados em um sorriso torto, assentindo ao que um dos homens ticou do bolso da jaqueta um comunicador. O homem apertou o botão, aproximando dos lábios ressecados.

— Achamos uma garantia, repetindo, achamos. Vamos transportar a carga. — Afirmou, apertando mais uma vez o botão. O silêncio tomou conta por alguns instantes até um apito ressoar novamente e uma voz distorcida soar alta no comunicador que o homem mantinha entre os dedos calejados. A voz trouxe um arrepio na espinha, despertando todos os medos, logo quando Dan acreditava que não haveriam outros motivos a ter mais medo.

"Levem, vamos seguir pela estrada. Levem o grupo para as prisões" a voz distorcida dissera, entre cortada. O líder do grupo se voltou para Dan, em meio de uma risada ao inclinar a cabeça para o lado, observando com cuidado os olhos castanhos, os lábios rosados perfeitamente desenhados, a própria imagem de Kim Dan, com a delicadeza mesmo em meio de um mundo destruído. A língua percorreu os lábios, em um olhar desdenhoso, vendo Dan não conseguir o olhar diretamente, enojado por aquele olhar, como se alguém avaliasse um pedaço de carne fresca.

— Sabe, talvez se torne o predileto do King. É um item raro, entende? — O homem riu, ainda o olhando fixamente, os passos lentos ao movimentar os ombros largos, adornados pela jaqueta preta, ergueu a mão, apontando para Dan — E seu rosto, não é tão ruim assim.

— Deixe-o em paz, eu...

— Haeri. Se não quer levar um tiro como seu amigo ali, é melhor não se intrometer. Ah, é mesmo... Quase me esqueci. — O homem estalou os dedos no ar, o riso asqueroso em um tom rouco ao olhar os capangas erguendo as armas. Haeri engoliu em seco, negando em súplica, balançando os cabelos escuros e as vestes velhas. O grupo de sobreviventes não tinha escolha, não com os capangas do King apontando as armas, apontando para o chão. — Vamos amarrar as mãos de vocês e, por favor, não levem para o lado pessoal. A culpa é de vocês.

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