Turbulência Noturna - Camren

Sem bateria

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Quando o sol invadiu o quarto, abri os olhos lentamente. Imediatamente, senti a ausência do calor do corpo ao qual adormeci abraçada. Meu coração deu um pequeno salto de preocupação, e minha mão tateou o lençol frio ao meu lado. Rapidamente, peguei meu celular na esperança de encontrar alguma mensagem ou recado, mas me assustei com o horário. Eu estava atrasada, já havia perdido o primeiro tempo da aula.

Eu não esperava que ela ficasse a noite inteira, mas estranhei o fato de ter saído tão silenciosamente. Suspirei profundamente, permitindo-me um momento para admirar o sol que se exibia glorioso lá fora. O dia estava lindo, e a luz dourada inundava o quarto, aquecendo levemente meu rosto.

Minha mente começou a vagar, retornando ao momento na noite anterior. Ela estava viva, estava bem, e tinha vindo até mim. Lembrei-me de como ela escalou até a minha janela, um feito que poderia facilmente ser parte de uma cena romântica de filme. Mas, claro, era Lauren. Ela certamente não apreciava esse tipo de clichê. Sorri sozinha, lembrando da intensidade dos olhos verdes dela fixados em mim, a paixão e a determinação que transpareciam em seu olhar.

Com um suspiro resignado, me levantei e fui fazer minha higiene matinal. Tomei um banho rapidamente, a água quente ajudando a despertar meu corpo e minha mente. Enquanto escovava os dentes, meus pensamentos ainda estavam nela, na maneira como tinha me deixado sem um tchau. Desci as escadas com o estômago roncando de fome, ansiosa por um café da manhã que pudesse ao menos temporariamente distrair minha mente.

Ao chegar à cozinha, a luz do sol continuava a inundar o ambiente, trazendo uma sensação de renovação. Eu estava morta de fome, mas minha mente ainda vagava, perdida nas lembranças da noite passada e na esperança de um reencontro.

Sofi, minha irmã, estava ali sentada à mesa, absorta em seu celular. Quando me viu chegar, seus olhos se fixaram em mim, e um sorriso malicioso lentamente se curvou em seus lábios. Meu coração deu um pequeno salto de ansiedade, e um ponto de interrogação surgiu na minha testa. A adolescente me encarava com um semblante que misturava diversão e provocação.

- Bom dia...? - falei, cautelosa, estreitando os olhos enquanto tentava decifrar sua expressão.

- Só não foi melhor que a noite, né Mila? - Ela disse, com o sorriso ainda nos lábios, seus olhos brilhando com uma diversão quase travessa.

Arregalei os olhos, surpresa e confusa. Como assim? O que ela sabia? Minha mente correu pelas lembranças da noite anterior, tentando entender o que poderia ter acontecido.

- Já para mim foi péssima - Sofi continuou, sua voz carregada de uma ironia juvenil. - Acho que você esqueceu que existia uma irmã que dormia no quarto ao lado, né?

Meu rosto ficou vermelho instantaneamente, uma mistura de vergonha e constrangimento. Eu realmente não havia pensado nisso. As palavras dela me fizeram perceber que nossos barulhos poderiam ter sido ouvidos.

- Desculpa, Sofi - murmurei, tentando esconder meu desconforto. - Eu realmente não percebi. Não conta para a mamãe, por favor...

Sofi riu, balançando a cabeça.

- Relaxa, só estou te provocando. Mas da próxima vez, tenta ser um pouco mais silenciosa, tá? - Eu assenti, ainda me sentindo um pouco envergonhada, mas aliviada por ela não estar realmente chateada.

A menor continuava ali, me observando com as sobrancelhas arqueadas, como se estivesse esperando que eu contasse algo importante. O olhar dela era intenso e curioso, quase desafiador, e eu sentia um misto de nervosismo e apreensão. Permanecei em silêncio, tentando organizar meus pensamentos, mas não consegui manter a compostura por muito tempo. Ela parecia estar à beira de uma descoberta e, de repente, não aguentou mais.