I.

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Shigaraki Tomura, ou Tenko Shimura, tinha o cotovelo apoiado no balcão do bar e a bochecha confortavelmente deitada sobre o punho. E com sua maior falta de expressão e a famosa apatia, ele olhava de relance aquela criatura em um vestido curto e unhas bem feitas tagarelando ao seu lado. Ela estava tentando flertar? Se estivesse, aquele jeito fútil de apenas falar sobre si mesma e de seus bens adquiridos durante a vida era uma péssima e tediosa escolha.

Porque, mesmo que o jovem quisesse muito flertar de volta – o que não era caso – ele não conseguiria acompanhá-la naquele monólogo nem mesmo se muito tentasse, porque, vejamos: em seus vinte anos de vida, tudo o que Shigaraki havia conquistado fora o recorde de número máximo de pontos naquelas máquinas velhas de jogos antigos. Sem dinheiro, sem família, morando de favor na casa de seu amigo Kurogiri, Tenko não tinha habilidade alguma em qualquer coisa que não envolvesse jogos, e a única responsabilidade que já teve de arcar em sua vida foi uma única vez quando criança, onde ganhou uma plantinha em uma feira escolar. Apelidou-a de Ten, em homenagem ao próprio nome.

E, bem, Ten não durou uma semana.

— Você está me ouvindo? – a garota loira ao seu lado perguntou em tom irritante enquanto remexia os limões em seu copo com o canudinho.

— Estou sim. – Shigaraki soprou fracamente a resposta, lançando um olhar desesperado para Kurogiri do outro lado do balcão. Captando a mensagem, aquele enorme homem barbado com a fisionomia que se assemelhava a um armário piscou para Shigaraki, começando a preparar para ele uma caipirinha de morango.

O idiota não entendeu. – resmungou ao afundar o rosto nas mãos, seu pedido de socorro havia sido completamente ignorado.

— Quem? – a tal garota, que se chamava Mei, se aproximou mais de Tomura, puxando uma mecha de seu cabelo e o enrolando nos dedos. – Essa banda de hoje é meio fraquinha, não acha? – perguntou, enquanto irritantemente mascava um chiclete.

Shigaraki desviou os olhos para o palco, encontrando uma garota tímida com voz falha e dois amigos que tocavam desastrosamente para a platéia.

— Deve ser a primeira apresentação deles, é normal ficarem nervosos.

— Mas a banda de amanhã promete! – Kurogiri depositou a caipirinha em frente ao jovem. – Eles têm se apresentado nos bares da vizinhança e ganhado um público considerável, o vocalista principalmente, as meninas o adoram, caem matando em cima! Como era mesmo o nome…? – o homem coçou sua barba enquanto cerrava os olhos, tentando se lembrar. – Ah, era League of Villains!

— Que nome. – Shigaraki falou irônico.

— Oh, a LOV! – os olhos de Mei brilharam e ela ofegou, contrastando totalmente com o desânimo ambulante que Tomura sempre fora. – Meu deus eles são incríveis! E o vocalista, Dabi, meu deus, ele é tão gostoso!

— É? Então já sei que vou te ver por aqui amanhã a noite também, Mei. – Kurogiri tirou o copo vazio da frente da garota e a entregou a conta antes que ela decidisse pedir outra coisa, visto que ela já se encontrava consideravelmente embriagada.

— Sim, sim, sim! – se jogou para o lado, abraçando Tomura, que sequer se moveu. – E então eu vou poder passar mais tempo com o Tenkooo! – ela arrastava sua bochecha contra a do rapaz, rindo sozinha.

Mei era uma cliente frequente do bar, e podia-se arriscar dizer que era uma amiga de Kurogiri. E não é como se Shigaraki não gostasse dela, ele apenas não sabia lidar com seu jeito extrovertido e escandaloso, visto que ele era totalmente o contrário.

Quando Mei pagou a conta e se despediu dos dois com um longo e meloso abraço triplo, o bar ficou visivelmente mais silencioso. A banda já havia guardado seus instrumentos e ido embora, e os clientes restantes já haviam se dissipado. Kurogiri limpava as mesas com um pano branco enquanto tinha Shigaraki sentado em uma das banquetas do balcão, o olhando.

— Por que não me deixa fazer isso? – perguntou, quase emburrado. A verdade era que Tomura estava procurando um emprego para que pudesse contribuir com as despesas que Kurogiri tinha com ele, mas o mais velho havia apenas o adotado como se fosse um gato de rua. – Podia me deixar trabalhar no bar com você, pode me ensinar a preparar as bebidas.

Kurogiri largou o pano e se levantou, se virando para Tenko com as mãos na cintura e um olhar de quem não queria entrar naquele assunto outra vez.

— Eu não preciso da sua pena. – Shigaraki desviou os olhos. – Não é porque você era amigo da minha mãe que tem a obrigação de fazer tudo isso por mim.

Kurogiri respirou fundo. Aquele pirralho não estava mesmo falando sobre pena, estava?

— Shiggy, quantas vezes eu tenho que te dizer, cuidar de você não é um incômodo. – jogou os cabelos negros para trás, deixando transparecer um olhar cansado.

— Você gostava dela, não é? Da minha mãe. – os olhos avermelhados encontraram os do maior outra vez, dessa vez envoltos em seriedade e uma discreta melancolia. – Por isso se sente em dívida, como se tivesse que cuidar de mim por conta disso.

Kurogiri comprimiu os lábios e encarou Tenko por alguns segundos, fechando os olhos com um suspiro.  Ele realmente se parecia com ela.

— Está tarde, vai tomar um banho e depois dormir. – foi tudo o que disse antes de voltar a limpar as mesas.

Shigaraki mordeu os próprios lábios, irritado pela falta de resposta de Kurogiri e de como ele sempre evitava falar de sua mãe. Shigaraki pulou do banco e saiu a passos fundos contra o assoalho, caminhando até a escada que levaria ao andar de cima onde ficava a casa onde moravam.

Assim que sozinho, Kuro suspirou. Os olhos negros desviando até um quadro pendurado na parede que enfeitava o bar. Lá estava ela, com um sorriso de orelha a orelha e o pequeno Tenko no colo. Kuroguri ao seu lado, com a mão em seu ombro e um olhar sereno. Ele fechou os olhos outra vez e abaixou sua cabeça.

— As coisas tem sido difíceis sem você aqui, Nao...




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N/A:

apenas um capítulo de introdução, no próximo o Dabi já aparece! Pra quem não sabe, essa história está postada no meu spirit mas não tinha sido finalizada, mas como eu gosto muito dela e eu to viciada de novo em shigadabi ultimamente, eu reescrevi os capítulos e to trabalhando pra terminar ela e muito possivelmente fazer outra que seria uma "continuação"...

enfim, por último, a personagem Mei foi inventada, mas não vai ser realmente relevante

e Nao Shimura é o nome da mãe do Shiggy segundo o que eu pesquisei

enfim, é isso, não esqueçam de favoritar caso tenham gostado 💞

Lov(e) * shigadabiOnde histórias criam vida. Descubra agora