TRAVIS'S POV
DIA UM. 🏝️
– Que bom que você veio!
É a terceira vez que ouço minha irmã, Giulia, repetir essas mesmas cinco palavras para todos os convidados, seus ou de Peter. A surpresa no seu tom de voz quase me faz pensar que ela não passou os últimos sete meses planejando cada detalhe desse casamento à exaustão, o que inclui sua enorme lista de convidados.
Estamos no aeroporto de Mykonos, esperando o transfer que vai nos levar para Ornos. Giulia mora na parte principal da ilha, mas queria fazer alguma coisa diferente na semana do seu grande dia e como diferente, na maioria das vezes, significa extravagante, ela alugou uma mansão enorme em Ornos para os convidados mais próximos da família.
Observo a parte externa do aeroporto, estranhando a paisagem esverdeada e o calor. Apesar de ter nascido aqui, faz cinco anos que não coloco os pés na Grécia. Depois de tanto tempo morando em Londres, tenho medo que as pessoas me confundam com um britânico.
Com todo respeito ao meu pai inglês, mas as pessoas no Reino Unido são irritantes e desagradáveis. Vivem num ritmo acelerado, obcecadas por regras, horários e etiqueta. Tenho certeza que boa parte da população sofre um infarto antes dos 40 anos.
Não é à toa que dizem que os britânicos envelhecem muito mal.
– Travis.
Peter chama minha atenção enquanto Giulia cumprimenta os pais de alguém que não conheço. Uma coisa sobre os casamentos gregos é que todos são convidados. Todos mesmo. Se casar aqui é como revisitar os capítulos importantes da sua vida e chamar todas as pessoas que fizeram parte deles, sendo elas relevantes ou não.
– Essa é a Taylor. Acho que a Giulia já te falou, né? – Ele aponta para a mulher loira ao seu lado. – Como os dois são solteiros, estamos juntando vocês. – Peter ri. – São nosso casal de padrinhos.
Meus olhos passam por Taylor, como se eu nunca a tivesse visto antes. Seu cabelo loiro está embolado em um coque no topo da cabeça e ela segura sua mochila com as duas mãos, embora ela pareça vazia. Continua bonita, mesmo com a cara amassada. Está dentro de um moletom e calças largas, muito diferentes das roupas que costumava usar dentro do escritório. Sei de muitos funcionários que ficaram tristes com a sua demissão e a terrível notícia de que não iriam mais ver aqueles seios grandes dentro de camisetas muito justas.
Não que eu tenha reparado nos peitos dela.
– A gente já se conhece – Taylor murmura, tão baixo que quase não ouço.
Depois da cena que protagonizamos no avião, é óbvio que ela prefere desaparecer do que falar comigo.
– Ah, já?
– Sim. Ele é meu chefe…
– Ex-chefe – corrijo.
Peter dá um tapa na própria testa e troca um olhar com Taylor. Eu percebo de imediato que já fui um tópico frequente em conversas entre eles.
– Ai, meu Deus, verdade! – Ele abre um sorriso constrangido. – A All Stars tem tantas sedes pelo mundo que eu me esqueci que vocês trabalhavam na mesma unidade. Vocês não se importam, né? De ficarem juntos. Essas coisas de casamento são uma loucura e parece que tudo funciona melhor em dupla.
– Não, vai ser um prazer – ironizo. – A Taylor tem muitas coisas elogiosas pra dizer sobre mim, estou ansioso pra ouvir tudo.
Peter finge não perceber o clima tenso.
– Vocês me dão um segundo? Vou ver se deu tudo certo com as malas.
Ele não espera uma resposta de nenhum de nós dois antes de se afastar, o que deixa nossa situação um pouco mais constrangedora. Taylor está trocando o peso do corpo de um pé para o outro, olhando para o vazio, em dúvida se deve ir embora ou ficar aqui me ignorando. Por fim, ela decide ficar.
– Acho que a gente precisa começar de novo – sugere, erguendo uma das mãos na minha direção. – Taylor Swift, publicitária.
Aceito a mão dela.
– Travis Kelce. Escroto, mimado, incompetente e… – finjo pensar. – Ah! Muito gostoso.
Taylor bufa, revirando os intensos olhos azuis. Ela larga minha mão, como se tivesse acabado de levar um choque.
– Sabia que é falta de educação ouvir a conversa dos outros?
– Você passou o voo inteiro reclamando. Devia ter pedido uma doação antes de desembarcar, tenho certeza que se compadeceriam com sua historinha de pobre coitada.
– Não preciso de doação.
– Claro que não precisa, seu emprego imaginário em Liverpool deve pagar muito bem.
Taylor balança a cabeça em negativa, incrédula.
– Ai, vai se foder.
– Sabe o que eu acho? Você devia pedir desculpas e seguir em frente.
– Pedir desculpas por ferir seu ego de playboy? Olha só quem tá bancando o pobre coitado agora.
– Nossa, eu fico radiante em ver meus padrinhos com tanta sintonia – Giulia apoia as mãos nos meus ombros, na ponta dos pés. Ela veste a carapuça de irmã mais nova e aperta minha bochecha, como se eu fosse uma criança. – Se comportem. – Ela abre um sorriso. – É um prazer, Taylor, o Peter falou muito de você.
Espero que tenha falado mal, completo, como um adolescente no colegial, dentro da minha própria cabeça. Não é uma questão de ego ferido, mas de incredulidade. Eu estou muito longe de ser um chefe tão escroto quanto a Taylor disse.
Porra, eu até sirvo o meu próprio café.
– O prazer é todo meu – Taylor força um sorriso para Giulia e eu entendo que a nossa pequena discussão terminou, por enquanto.
Taylor aproveita o momento para ir ao encontro da sua amiga, Emilly, e eu me lembro de um dos pontos da conversa das duas no avião: ela mandava fotos minhas pras amigas?
Acho graça. Não vou reclamar, porque a sexualização do homem branco deve ser algum tipo de reparação histórica.
– Nosso transfer chegou! – Giulia anuncia, animada, como se o ônibus que vai nos levar até Ornos fosse a própria festa.
Eu me viro na direção do veículo e meu cenho se franze ao ver Selene sair pela porta, dentro de roupas praianas, cabelo ruivo e um chapéu que quase tampa todo seu rosto.
– O que ela tá fazendo aqui? – murmuro para Giulia, prevendo a dor de cabeça que vou ter pela frente.
– Ai, irmãozinho… – Giulia suspira, usando o seu tom mais manhoso. Normalmente é bem depois disso que recebo alguma informação absurda. – Você sabe que a mamãe ama ela. E a gente sempre se esbarra na cidade, seria falta de educação não convidar.
– Oi, Travis! – Selene acena pra mim, de longe.
Eu retribuo o cumprimento, sem o mesmo ânimo. Se ela perguntar, posso dizer que todos os chifres que ela colocou na minha cabeça quando namoramos tiraram toda minha energia e vontade de viver.
– Tá na hora de você superar, né? – Giulia dá um tapinha no meu ombro, como se não fosse nada.
Solto o ar pela boca, impaciente. Acho que azar é contagioso e, de alguma forma, toda carga negativa da Taylor acabou passando pra mim. Uma semana inteira na Grécia com uma ex-funcionária que me odeia e uma ex-namorada sem semancol? Ah, ótimo.
Isso vai ser ótimo.
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Heyy!! Vou tentar não demorar muito para postar os capítulos, então provavelmente vou atualizar todo dia, só não tenho horário certo. Por favor comentem e espero que gostem. Pra você que tá lendo agora, uma boa madrugada e até o próximo capítulo. 💋
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Everything has changed | Tayvis
RomanceTaylor enfrenta desafios ao pedir demissão do emprego dos sonhos, sem moradia própria e pressionada pelos pais sobre relacionamentos. Irá ser madrinha do casamento de seu amigo na Grécia, mas como o azar lhe persegue, ela se vê em um grande pesadelo...