Everything has changed - Capítulo 10

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TRAVIS'S POV

DIA QUATRO. 🏝️

– Uma oficina de bolos?

– É!

Giulia está, com toda certeza, mais animada do que eu. Ela segura um iPad na minha frente, sacudindo o PDF colorido que brilha na tela, revelando toda a programação dos próximos dias. No dia de hoje, grifado em vermelho, tem uma oficina de bolos de casamento marcada para às onze.

– Pensei que quisesse destruir o patriarcado – zombo.

Nós acordamos mais cedo do que todos os convidados. São seis horas da manhã, os primeiros raios de sol colorem o horizonte e os pássaros começam a dar seus primeiros pios do dia. Giulia está usando uma blusa social do Peter como pijama e os cabelos cacheados caem pelo rosto numa moldura confusa. Ela estica o corpo na cadeira onde estamos sentados, sorridente.

– Foi ideia da mamãe, ela ficou animada quando soube que a dona daquela confeitaria de bolos chiques que sempre íamos quando éramos crianças estava fazendo oficinas – diz, e na verdade parece óbvio. – Achou que seria uma boa ideia pra eu me integrar com as convidadas. Ela queria que eu agendasse uma partida de polo aquático pros homens no mesmo horário, mas eu não ia perder a oportunidade de colocar todos vocês pra cozinhar.

– Bolos de casamento – eu repito, ainda um pouco incrédulo. – Tá aí uma coisa que eu nunca pensei em fazer.

– Você cozinha bem, vai acabar se virando. – Giulia dá de ombros, roubando um cacho de uva do meu prato. – E como tá sendo a experiência de viajar com a sua ex?

A pergunta é repentina e, no fundo, eu sei que Giulia se sente um pouquinho culpada por tê-la convidado. Deve ser intuição de irmãos. Ela desconfia que algo de estranho aconteceu entre a gente, mesmo que eu não tenha dito com todas as letras.

– Ótima – digo. – Não vejo a hora de terminar.

Giulia ri.

– Sinto que ela vai surtar de ciúmes a qualquer momento.

Dou de ombros.

– Ela e a Taylor se deram bem.

Giulia concorda com a cabeça.

– Pelo menos ela não é uma escrota – diz. – Né?

Eu a encaro. Tenho certeza que Giulia quer que eu morda a sua isca, mas não vou fazer isso. Não preciso reviver o meu péssimo término com a Selene agora, no meio do seu casamento. Esse momento deve ser dela e as atenções não precisam estar em mim mais do que já estiveram.

– Eu vou surfar. – Me levanto da mesa e dou um beijo na sua testa, encerrando o assunto.

– Vê se não atrasa pra oficina – Giulia pede. – Você esquece do mundo quando tá dentro d’água.

Faço um sinal de joia com o polegar e saio da sala onde fazemos as refeições, indo direto pra varanda. Dou a volta pela fachada da casa e chego até o casebre onde guardam os materiais esportivos. Eu não reclamaria de ir até a casa da minha mãe e ver se a minha antiga prancha de surfe ainda está por lá, mas isso demandaria muito tempo. Olhando agora, ter vendido o meu apartamento em Mykonos antes de ir pra Londres parece uma péssima ideia. Tenho certeza que Dona Ellen me jogou trinta pragas diferentes por ter enchido seus quartos de tralha. E praga de mãe sempre pega.

Observo as prateleiras pintadas de branco. Tem todo tipo de acessório para esportes aquáticos: pés de pato, óculos de mergulho, espaguetes, pranchas grandes e pequenas, daquelas que parecem feitas de isopor, próprias para ensinar crianças. Escolho uma das pranchas para adultos, branca e azul, como quase tudo por aqui. Ela tem uma frase no centro, com letras que parecem ter sido pichadas: I asked God what is Greece and He said "my home". É um slogan muito usado nos bares mais populares entre os turistas.

Everything has changed | TayvisOnde histórias criam vida. Descubra agora