Everything has changed | Tayvis

Everything has changed - Capítulo 08

TRAVIS'S POV

DIA TRÊS. 🏝️

Quando eu e Taylor fechamos o nosso acordo de pegação falsa, eu sabia que era uma questão de tempo até que a gente tivesse que se beijar na frente de alguém. Estaria mentindo se dissesse que nunca imaginei como seria beijar a Taylor. Me lembro de vê-la várias vezes pelo escritório, com roupas formais que davam espaço demais para a minha imaginação. Às vezes, ela mordia a tampa das suas canetas e eu só conseguia reparar no formato da sua boca.

O problema é que, entre querer beijá-la e beijar de fato, existe um oceano de distância. E tudo estava seguindo como o planejado, até o momento que meus lábios encontraram os dela.

Eu não tenho o menor problema com sexo casual e one night stands. Consigo claramente diferenciar com qual cabeça estou pensando e isso nunca foi um problema antes, mas a Grécia está me fazendo questionar minhas habilidades.

E tudo por causa de um beijo.

Meu cérebro associa beijos a imagens. É quase uma questão cinestésica ou herança de quando eu pintava quadros na adolescência. Geralmente, são imagens cotidianas, casuais, bobagens que logo esqueço no dia seguinte. Mas, dessa vez, a imagem que me veio quando beijei o motivo de todas minhas dores de cabeça me desconcertou. Não vi uma paisagem, vi o rosto da Taylor, pintada com a intensidade de um Van Gogh, mas com a graça de um Renoir.

Não sei o que isso significa, mas não vou ficar pensando nisso.

– O Travis? Esquece. – Ouvir o meu nome me faz voltar para o presente. – Eu tentei colocar algum juízo na cabeça dele, mas é mais fácil ir nadando daqui a Tinos do que fazê-lo ser responsável em alguma coisa.

Taylor solta uma risada e me lança um olhar convencido. Dá para ler na sua expressão que está gritando um “eu não disse?”. Mais um ponto no meu plano que não sai como o esperado: Taylor não pode se tornar aliada da minha ex, ou o fim do mundo que eu disse mais cedo vai realmente chegar.

– É mesmo? E as duas repararam que até agora não desviamos do caminho que a gente estava seguindo sem o mapa? Não nos perdemos em nenhum momento. Vocês precisam parar de se preocupar e só viver o momento.

Ignoro a revirada de olhos de Taylor e observo o caminho que temos pela frente. Com toda a preocupação durante a subida, duvido que a senhora reclamona reparou na beleza de onde estamos. Lá embaixo, uma água de um azul profundo se estende como um espelho a refletir a luz do sol. A vegetação ao nosso redor, apesar de não ser fechada, vez ou outra revela algum segredo, como um ninho de alguma ave nativa ou mesmo rastros de pequenos roedores. É um lugar lindo em todos os seus aspectos. Até uma semana atrás, eu não tinha percebido que sentia tanta falta do meu país natal.

– Nem vem com essa – Selene responde. – Se eu fosse listar aqui o número de vezes que passamos um aperto porque você estava vivendo o momento, eu só terminaria de falar depois do casamento. Preciso lembrar do Rockwave Festival?

É a minha vez de revirar os olhos. Eu tinha esquecido o quanto minha ex é dramática.

Percebo o olhar confuso de Taylor e decido contextualizar:

– É uma versão grega do Coachella. Uma vez nós fomos juntos, mas eu deixei os ingressos em casa. – Me viro para minha ex antes de continuar. – Mas não importa. Nós entramos, não foi?

– Só porque eu conhecia o cara da bilheteria. Não foi graças a você.

Levanto os ombros como se o assunto não me atingisse, o que não é bem verdade. Eu só descobri muito tempo depois que aquele cara foi o responsável por um dos incontáveis pares de chifres que ganhei.