Capítulo 02

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      Na Zona Norte de Vale dos Cervos, no bairro nobre, Roger apertava o peito de Dave contra o seu, dando espaço para que o parceiro pudesse se inclinar e sentar sobre a cômoda do quarto dele

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      Na Zona Norte de Vale dos Cervos, no bairro nobre, Roger apertava o peito de Dave contra o seu, dando espaço para que o parceiro pudesse se inclinar e sentar sobre a cômoda do quarto dele. De um jeito desajeitado e um tanto eufórico, Roger pôs a mão nas costas do parceiro que, em seguida, levantou os braços para que ele pudesse tirar sua camisa. Roger não poupou esforços e tirou o tecido, deixando à mostra o peitoral rígido do garoto de cabelos castanhos e lábios lisos.
     Dave sabia que seus gemidos abafados não poderiam ser ouvidos do outro lado corredor, já que Deceptacon de Le Tigre ecoava por todo o quarto, deixando-os quase inaudíveis um para o outro. E eles tinham que aproveitar, pois os pais de Roger não estavam em casa e essa com certeza era a oportunidade perfeita para ambos descobrirem mais do corpo um do outro.
     Com jeito audacioso, Dave mexeu sua língua de todas as formas dentro da boca do outro, fazendo-o implorar por mais quando parava para respirar. Suado e com muito tesão, Roger podia sentir a calça apertar seu pau e ele só pensava em tirá-la o quanto antes.
     Em um ato rápido, ele agarrou Dave pela cintura, quase sem parar o beijo, o fazendo se escanchar no seu quadril para que logo depois o jogasse na cama. Os rapazes soltaram uma risada abafada, na mesma medida que tiraram a roupa um do outro, com certa freneticidade.
     Semi nus, Dave agarrou Roger pelo pescoço, aproveitando que ele estava por cima, encarou seu rosto suado e disse:
     — Você gosta disso, não é? De ficar no controle.
     — Só quando você deixa, claro. — Roger se aproxima do rosto do castanho e lhe dá um beijo demorado, mas muito movimentado. E com jeitinho, foi levando uma das mãos até a barra da cueca do garoto. E sentindo os pentelhos da base do umbigo, não hesitou em descer ainda mais e começar a tocá-lo com leveza, fazendo o arfar quanto do parceiro passear por seu rosto.
     — Você gosta assim? — Roger perguntou, aumentando o movimento. Ele sentia a respiração do rapaz contra seu rosto. E Dave não conseguiu formular palavras, respondendo com gemidos enquanto o corpo do outro o pressionava contra o colchão e os travesseiros molhados de suor. E ele conseguia sentir o pau de Roger encostar e se apertar contra o seu.
     Dave provavelmente estava no ápice do prazer, mas os movimentos de Roger pararam, o que fez o garoto abrir os olhos e, no mesmo instante, também visualizar luzes de farois iluminando a janela do quarto escuro.
     — Porra! — Roger murmurou, saindo de cima de Dave, pegando uma calça qualquer no chão. 
     — Roger, calma, essa calça é a minha.
     — Argh, merda, foi mal. — Ele  jogou a calça na direção de Dave.
     — São seus pais? — Dave sentou-se na cama, ainda sem entender direito.
     — Não, pior, são os meninos.
     — E isso é tão ruim assim? — Dave também se apressou, vestindo as roupas.
      Roger foi até o som, baixando a música.
     — Olha, eles, eles… não sabem sobre nós, tá legal? Só isso.
     Dave revirou os olhos.
     — Ah, claro. Assim como ninguém além de nós dois. — Ele foi sarcástico, de um jeito quase irritante para Roger. 
     — Você quer mesmo falar disso agora? — Ele passa as mãos no cabelo para esconder o bagunçado.
     — Óbvio que não, “Sr. Heterosexual”.
    Roger quase respondeu, mas foi interrompido.
     — Rô, seu cuzão, aparece! — Um dos garotos gritou do lado de fora, acompanhado de uma buzina terrivelmente alta. A voz parecia ser a de Clay.
     Roger apareceu na janela, dando um aceno meio desajeitado, sem demonstrar o desconforto que estava sentindo por dentro.
     Ele voltou atenção para Dave.
    — Olha, sei que você vai me odiar por te pedir isso, mas pode ficar aqui em cima por um tempo? Eu juro que vai ser rapidinho, só enquanto dou um jeito pra eles irem embora. Eu juro — ele pede, mas Dave não responde nada, apenas dá um sorriso sem graça.
     — Vou aceitar isso como um sim.
     — Faz o que você quiser.
     Mais buzinadas são ouvidas do lado de fora, mostrando a empolgação dos garotos ou a impaciência.
     Dave jogou o corpo na cama com um bufo, escutando os passos de Roger descendo as escadas para atender a porta.
     Permanecer nesse rolo às escondidas com Roger está lhe dando nos nervos. É claro, tem toda a parada dele não estar se sentindo seguro com a própria sexualidade, mas a forma como se comporta com seu grupo de amigos faz com que Dave repense bastante sobre como a conduta dele de “bom rapaz sexualmente resolvido e com a vida perfeita no lado bom da cidade” seja um fardo que esteja condenado a carregar para sempre. E obviamente, Dave sabe que não está incluído nessa conduta, uma vez que, parcialmente pensando, ele não passa de um gayzinho disponível para que ele possa foder quando quiser. E isso é péssimo para a sua própria conduta.
 
     — Caralho que porra cê tava fazendo, cara? — Clay disse, assim que Roger abriu a porta. Ele tem cabelos longos, como o de um metaleiro, usa roupas escuras e bastante couro sintético, e quase sempre tem um cigarro atrás da orelha, o que é quase imperceptível por causa do cabelo.
     — Nada. Só achei que fossem os meu pais. — Roger viu Onest saindo de dentro de um carro, atrás de Clay.
     — Já sei, tava batendo uma, né? — Roger fingiu não escutar o que Onest disse ao se aproximar.
     — E qual é a do carro?
     — É meu. — Antes que pudesse dar passagem, Onest já havia se esparramado no sofá. Ele fechou a porta atrás de si.
     — Ele ganhou dos pais. — Clay acrescenta.
     — Legal.
     — Isso é tipo uma máquina de transa, cara. Você faz ideia? As garotas vão ficar na nossa quando verem. — Clay continuou — e como somos bons parceiros viemos chamar você para dar uma volta nessa maravilha. E Onest tá doidinho para a putinha da Janessy ver isso, não é?
     — Ei! — Ofendeu-se Onest do sofá.
     — Foi mal, mas eu não posso. Eu…prometi que não sairia de casa, vocês sabem.
    — Ué, mas cê disse que eles só voltam na segunda. — Clay soltou uma risada daquelas meio embargadas. — Não vai amarelar, né? Podemos sair por aí, comer umas bucetinhas…eles não vão saber, como das outras vezes.
     Roger tenta esconder o desconforto, mas é quase inevitável. Só de saber que Dave provavelmente estava escutando isso, já lhe doía os nervos.
     — E além do mais, temos uma coca da boa! — Onest acrescentou, rindo. Ele certamente já tinha cheirando uma boa parte dela. — E você sabe, podemos ir à Zona Sul comprar mais maconha. A gente sabe que cê gosta, Rô.
    Ele respirou de leve e engoliu em seco.
     — Só que agora não é um bom momento, mas seu carro é maneiro. Da hora. 
     — Valeu irmão, mas você quer mesmo furar com a gente? — Onest se aproximou, colocando o braço ao redor do pescoço dele — Qual é, Rô…só uma voltinha. A gente compra uns baseados…nada demais.
     — Além do mais — Acrescenta Clay —, você está sozinho, certo? Então não vai haver problemas. A gente vai lá, faz o que tem que fazer, e voltamos. Ninguém fica sabendo.
    Eles se entreolharam, em silêncio, esperando a resposta do garoto.
    Roger coçou as têmporas, meio nervoso.
    — É, é que tô tentando me manter limpo dessas paradas, entende? Tenho que focar nos jogos do time e ainda tem toda aquela merda de treinamento juvenil. — Roger tentou, sem sucesso.
     — Você vai mesmo recusar o pedido, Rô? — Roger olha para o lado, e seu corpo meio que gela por um tempo, tentando raciocinar enquanto Dave desce do escuro da escada depois de ter dito essas palavras.
     — Quem é esse? Achei que cê tinha dito que tava sozinho.
     — A-a… — a voz dele falhou.
     — Eu sou…
     — Meu primo. — Roger é mais rápido. — Ele, ele.. é o meu primo.
     Dave sorriu forçado, sabendo que Roger estava se mordendo por dentro.
     — É. É sso. Eu sou apenas o primo — completa.
     — Não sabia que você tinha primo aqui em Vale dos Cervos. — Onest pontuou.
     — Pois é, eu não tenho. Ele…ele só veio passar esse final de semana.
     — E não vai nos apresentar? — Dave entrou na conversa. Na verdade, ele invadiu a conversa.
     Roger franziu a testa,  mas não sabia se era de raiva ou medo.
     — Bem, Dave, esses são Clay e Onest. E Onest e Clay, esse é o Dave.
     A voz dele pareceu bem na vontade mesmo.
     — Tudo cima, mano. — Clay falou, ajeitando o cabelo e o encarando.
     — É bom conhecer vocês.
     Um segundo constrangedor se instalou na sala, deixando o clima ridiculamente estranho, com todos se entreolhando.
     Dave logo notou que, apesar do cabelo de Clay ter um brilho incessante no escuro, também cheirava a bagana de cigarro.
     — Eu não pude deixar de escutar que vocês estão procurando drogas, certo? — Dave disse.
     Clay e Onest se entreolharam, e depois olharam para Dave, concordando com a cabeça. Roger o repreendeu com o olhar, mas mesmo assim o rapaz prosseguiu:
     — Eu conheço um lugar, na Zona Sul, e talvez lá tenha o que vocês estão procurando.  — A voz de Dave pareceu tentadora. — E vocês tem um carro, certo?
     — Pra quem não mora aqui até que você tá espertinho.
     Dave quase vacilou.
     — Tenho uns contatos.
     Clay deu de ombros.
    — Dave, isso não é uma boa ideia. — Roger quis intervir.
    — Rô, para de ser amarelão, cara. — Onest falou.
    — É, Roger, deixa de ser molenga. A gente vai se divertir. — Advertiu Dave, em tom provocativo.
     Os três garotos olharam para Rô, esperando uma resposta.
    — Tá. — ele ergueu as mãos ao ar, sabendo que seria em vão os contrariar. — Tá bom. Mas vai ser rápido.
     — É disso que eu tô falando, cara! — Onest levantou do sofá dando um soquinho no ombro de Roger.
     Em seguida, ele e Clay abriram a porta e foram de encontro ao Pontiac GTO vermelho estacionado perto da grama.
     Em um momento discreto, ainda dentro da casa,  Roger chamou a atenção de Dave, fazendo-o olhar para ele.
    — Que porra você acha que tá fazendo?
    — Só estou tentando conhecer seus amigos. — Dave respondeu, fazendo Roger largar seu braço. — Vai ser legal, confia em mim.
     Roger negou com a cabeça, sabendo que essa ideia seria estúpida.
     Enquanto eles conversam na sala de estar, escutam o som da porta do carro se fechando do lado de fora indicando que Onest e Clay estão prontos para partir. Roger olha para Dave com um olhar desconfiado, mas também com um pequeno sinal de preocupação.
   Eles saem da casa e se juntam a Onest e Clay no carro vermelho. Onest está no banco do motorista, enquanto Clay está sentado no banco do passageiro.
    O carro tem cheiro de semen e erva, o que não é novidade para Roger já que pertence a Onest.
     — Vamos aproveitar a noite! — Onest diz, animado, batendo no volante,  fazendo a buzina disparar.
      Dave acomodou-se no banco de trás, ao lado de Roger, que estava inquieto, enquanto Onest deu partida no veículo.

Garotas Mortas Não Contam Segredos| Conto.Onde histórias criam vida. Descubra agora