Capítulo 3, Assembléia;

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Soluço

Levantei-me, observando ao redor. O último convidado acabara de chegar e puxar uma cadeira para se sentar junto a enorme mesa oval, após fazer uma breve saudação para mim.

Assim como ele, quem chegou antes rapidamente entrou em alguma conversa ao lado, sendo surpreendido por um forte abraço ou aperto de mão.

Entretanto, também havia aqueles poucos que se isolavam entre os pilares do Grande Salão. A chama bruxuleante das tochas iluminando seus rostos, claramente impacientes.

Todos esperavam ansiosamente pelo início da reunião, especialmente aqueles que contei antecipadamente o anúncio que faria.

- Soluço, tem certeza que é uma boa ideia contar? Quero dizer, para todos eles? - Perguntou Perna-de-peixe ao meu lado, fazendo um gesto discreto para os convidados. Dessa vez, meu olhar recaiu por mais tempo em alguém encapuzado, recostado nos pilares.

Antes de o achar estranho demais, seu capuz caiu revelando ser Edvan, o novo chefe das ilhas dos comerciantes.

- Apesar de sincero, - Continuou. - não acho que todos comoverão por sua... Bom, você sabe. Sinceridade.

- Eu sei, Perna-de-peixe. Mas tenho que tentar. É o certo a fazer se quero continuar como um líder respeitável. E afinal, o que pode dar errado. Né? - Sorri para o grupo atrás de mim. Os cinco me encararam de modo hesitante.

Astrid estava prestes a dizer algo quando foi interrompida pelo Cabeça-dura:

- Muita coisa na verdade.

- Você pode começar uma revolta, fazer com que todos voltem a procurar por seus dragões, ser o motivo da morte deles e fazer dos últimos dez anos uma total perda de tempo. - Listou Cabeça-quente com os dedos.

Pensativo, levei o olhar ao chão. Já não estava mais tão certo da minha decisão. Talvez Perna-de-peixe tivesse razão e o melhor seria deixar a informação entre os mais próximos.

Astrid, percebendo minha insegurança, carinhosamente pôs a mão sob meu ombro, me encorajando com uma expressão doce. - Vai dar tudo certo, não se preocupe. - Disse ela.

Respirei fundo, pondo a minha mão sob a dela, sentindo o peso da responsabilidade diminuir.

Acenei para o grupo e todos fizeram o mesmo. Foi a deixa para me virar para o restante da sala, para a ponta central da mesa e meu lugar como chefe de Nova Berk.

- Amigos, aliados. - comecei, minha voz ecoando pelo espaço e cessando as conversas alheias. - Neste momento, damos início a mais uma assembleia de ilhas, com a pauta de hoje: - suspiro, causando uma pequena pausa dramática. - os dragões.

Uma mistura de reações se manifestaram na sala. Alguns curiosos e outros eufóricos. Vi até mesmo alguém se engasgar com a água oferecida.

- Bom, Soluço, isso é uma revelação e tanto. Que tal explicar com mais detalhes? - Sugeriu Atali, líder das, renomeadas, moças-cortantes.

- Achei que os dragões tinham desaparecido para sempre. - Alvim estranhou.

Foi o gatilho para que várias opiniões começassem a serem dadas. Todos falando um por cima do outro. Inclusive, de mim. Tentei falar várias vezes até que recebi ajuda.

- CALEM A BOCA, O MEU IRMÃO QUER FALAR. - Dagur gritou, silenciando a sala e assustando o viking ao lado.

- Agradeço, Dagur. - Acenei e ele retribuiu. - Como vocês sabem, - retomei. - os dragões precisaram desaparecer para o próprio bem deles. Porém, receio dizer que, para as próximas gerações, o legado que eles deixaram não foi tão amigável. - maneei com a cabeça, relembrando das falas de Zephyr referente aos dragões. - Reuni todos vocês aqui hoje para compartilhar algo que presenciei no último Snoggletog.

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