Capítulo 4, Escamoso;

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Scarlett

Mal estava acreditando.

Independente do que estivessem tentando esconder, estavam tão determinados a fazê-lo que escapavam de mim repetidamente, como se fosse um desafio pessoal.

Eles me fazem correr até a beira de um penhasco nos arredores da aldeia na esperança de alcançá-los. No entanto, sem explicação, desaparecem da minha frente, como se dissipados no ar.

Com passos cautelosos, aproximo-me da beira do penhasco, questionando se teriam descido. Seria possível?

Foi quando ouvi um "Shiu" que pareceu ser de Zephyr. Olhei imediatamente para os lados e avistei à esquerda uma tentativa falha de Nuffink de quebrar um tronco caído com a própria cabeça.

Enfiaram-se floresta adentro e eu claramente os segui.

A esse ponto, a capa atrapalhava mais do que ajudava, enroscando-se em galhos e arbustos. Por isso, a arranquei e joguei ao chão. Depois, se me lembrasse, voltaria para buscá-la.

Não demorou muito para que Nuffink e Zephyr logo se distanciassem. Era evidente que estavam acostumados a superar os obstáculos, dada a facilidade com que avançavam.

Foi então que tive uma ideia: subi a uma altura suficiente em uma árvore para me esconder, mas ainda capaz de observá-los e prossegui caminho, mantendo-me metros acima do chão com o auxílio de galhos e cipós; oculta pelas vestes de tons neutros e padrões de luz e a sombra que se mesclavam enquanto trocava de árvore em árvore.

Após alguns instantes, percebo Zephyr tocar no ombro de Nuffink, avisando que poderiam desacelerar. Resultado do meu plano.

De repente, um grunhido estranho acima das copas, assustando vários passarinhos, me tirou a atenção. E quando retomei, os irmãos haviam desaparecido novamente.

— O que? - Questionei. Desci incrédula da última árvore para averiguar, pensando se não tinham me feito de boba o tempo todo.

Não havia nenhum sinal dos dois por onde eu olhasse. Apenas um amontoado de rochas a frente.

Me aproximei para inspecionar as pedras mais de perto, então que notei um estreito vão entre duas das maiores rochas, quase imperceptível à primeira vista.

Risadas animadas saiam por de trás da abertura. E em pensar duas vezes, me lançei no buraco, esgueirando sob a terra. O tempo de passagem era menor do que eu esperava.

Assim que levantei, esfreguei as mãos para tirar a sujeira e ergui os olhos, ansiosa para saber as reações de espanto ao me verem, mas não esperava por aquilo.

Pulei atrás da primeira pedra que vi para analisar melhor a cena às escondidas.

Com os olhos arregalados de surpresa e fascinação, reconheci instantaneamente as criaturas míticas das histórias contadas pelos mais velhos e principal motivo de minha admiração pela família Haddock: Dragões!

Dragões de verdade, vivos na minha frente, brincando como crianças, com crianças! A cena era surreal, isso para pensar o mínimo.

Nuffink alimentava com o peixe da barraquinha um pequeno dragão branco enquanto Zephyr brincava de trenó com outro de coloração mista.

Sem conseguir conter a emoção e, tinha que admitir, um pouco de medo, dei as costas abruptamente planejando ir direto para a aldeia. Precisava contar para alguém sobre aquilo. Contar para Soluço. Mas assim que virei-me, outro dragão surgiu rosnando. Seu feroz olhar fixo em mim.

— Calma, calma... - Peço assustada enquanto ando para trás, tomando cuidado ao desviar da pedra d'onde estava escondida.

O dragão me segue em passos lentos. E, inevitavelmente, sou vista pelo resto do grupo.

O Domínio dos HíbridosOnde histórias criam vida. Descubra agora