capítulo 1 chegada

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POV ENID

Essa é a décima vez que troco de escola este ano? Em menos de 10 meses. Desço as escadas batendo os pés. Odeio ter que sempre trocar de escola. A rotina de me despedir de amigos que mal conheci e de me acostumar com novas regras e rostos é exaustiva.

– Enid? Logo de manhã e já está emburrada? – minha mãe pergunta da cozinha, a voz cheia de um otimismo que eu não consigo compartilhar.

Não respondo e sento à mesa, preparando meu café. Pego um pedaço de pão e começo a passar manteiga, distraída.

– Vamos, Enid, não é tão ruim. Fiquei sabendo que lá tem um ótimo time de vôlei.

Vôlei... Que saudade

– Isso é ótimo – ironizei, quase derrubando o pote de manteiga.

– Prometo que vai ser bom – ela disse, me dando um beijo na testa. Seu toque é gentil, mas não consegue acalmar minha frustração.

Saí atrasada. Não sei como, mas quando olhei, já faltavam 15 minutos para estar na escola. Corri até meu quarto, pegando a mochila e enfiando livros de qualquer jeito.

– Droga – resmunguei enquanto corria dois quarteirões e, por sorte, consegui pegar o ônibus. Que legal, meu primeiro dia e, além de chegar atrasada, vou estar suada.

Quando senti um fio de esperança, o portão se fechou, me obrigando a entrar pela secretaria. A escola era grande, com corredores largos e muitas janelas, mas tudo parecia opressivo no momento.

– Primeiro dia e já está chegando atrasada, Sinclair? – a diretora disse, olhando por cima dos óculos.

– Desculpe, não me acostumei com os horários – menti, tentando não parecer muito nervosa.

– Tudo bem, desta vez passa – ela falou, liberando minha passagem.

Como vou descobrir minha sala? Ótima pergunta. Talvez se eu encontrar alguém amigável...

– Cuidado – ouvi quando quase derrubei uma menina. Ela tinha uma expressão curiosa e também carregava sua mochila

– Desculpe – olhei em volta tentando me localizar, sentindo o peso de todos os olhares.

– É nova?

– Sim, meu primeiro dia – sorri, tentando parecer menos deslocada.

– Oh, posso te ajudar.

- Sou divina  – a menina disse, estendendo a mão. Seu sorriso era amigável, e me senti um pouco mais à vontade.

– Enid, Enid Sinclair. Eu adoraria que me mostrasse a escola.

– Vamos.– Aqui ficam as salas de aula. Cada uma marca a turma, então não se preocupe em decorar. No corredor do lado ficam os laboratórios, o banheiro e também a coordenação. Quando algum professor falta, olhamos lá.

– Entendi – continuei seguindo-a, notando como ela parecia conhecer cada detalhe do lugar.

– Ali à esquerda – ela apontou – fica o refeitório e o estacionamento. Do outro lado, a cantina. Os lanches de lá são os melhores.

– Certo... – assenti, absorvendo as informações.

– Olha, pra lá ficam as quadras e o campo de futebol. Também tem bons bebedouros espalhados e, bem, o resto você já viu: a secretaria, a direção e os jardins.

– Entendi, muito obrigada, divina

– Então, de que sala você é? – ela disse com expectativa.

Além da quadra - WENCLAIR Onde histórias criam vida. Descubra agora