Depois de falar que ele podia dormir no quarto não tive coragem nem de olhar na cara dele, meu rosto estava fervendo de vergonha.
E eu esperei porque eu queria saber se ele ia pro quarto, quando eu já estava pensando que ele não ia vim, escutei a porta se fechando e a cama do lado vazio afundando, ele endireitando o cobertor que eu também estava usando.
— boa noite — ele falou baixo.
— boa noite idiota — falei no mesmo dom, com uma gota de raiva por ele demorar.Mas provavelmente ele nem percebeu.
No dia seguinte acordei meio lerdo mas senti eu peço na minha barriga, abri meus olhos e olhei para baixo.
Kirishima estava me abraçando por trás com os braços em volta da minha cintura e com as pernas entrelaçadas nas minhas.
Tentei tirar a mão dele mas ele acabou apertando mais um pouco.
— kirishima — chamei e nada — kirishima — chamei novamente.
— tem papel no armár— ele começou a falar mais foi parando e então não terminou a frase.
Ele está sonhando? Ele tem um sono pesado pra caramba! Fiquei quieto esperando ele acordar já que eu chamando não estava adiantando.
Peguei meu celular e comecei a mexer depois de uns minutos achei que ele estava acordando porque começou a se mexer.
Ele levantou a perna um pouco e essa perna estava no meio das minhas pernas, ele apertou um pouco mais o abraço e afundou o rosto na minha nuca.
Senti um arrepio no corpo, isso está me deixando ansioso.
— kirishima! — chamei novamente, me virei um pouco e mordi o braço dele com força e ele levantou o braço rápido e ficando todo desnorteado.
— aí! Que isso? — ele olhou para mim e então se afastou rápido — desculpa!
— tudo bem — me sentei e olhei para ele — me desculpa você, te mordi, tentei te chamar com calma mas você parece até uma pedra, não acorda por nada.
— desculpa mesmo, é que eu tenho costume de dormir abraçado com meu travesseiro — ele se sentou também e ficou de costas para mim, com as pernas para fora da cama.
— já falei que tudo bem, só te chamei porque eu queria ir ao banheiro — não é 100% mentira, eu realmente quero ir ao banheiro mas também foi porque ele estava se mexendo muito.
Me levantei e fui pro banheiro, depois que sai do banheiro eu fui fazer o café da manhã.
— quer ajuda?
— não precisa — falei e ele ficou no batente da porta me olhando — vai ficar ai me olhando?
— sim — ele riu e continuou parado — vai ver as coisas do curso na segunda?
— sim, vou tentar arrumar um trabalho também — falei concentrado no que eu estava fazendo.
— Katsuki — ele falou mas ficou quieto.
— sim?
— você está bem mesmo? Sabe por ter que sair do curso de heróis — ele perguntou com calma e meio sem jeito, talvez com medo do que eu possa falar.
Parei de fazer o que eu estava fazendo e olhei para meu braço, na verdade não, eu não tô bem. Esse é meu sonho dês de que eu me entendo por gente, era meu objetivo, tudo o que eu queria alcançar mas foi tudo por água a baixo.
Eu não posso fazer nada para mudar esse fato, eu não tenho mais carreira como herói, esse é um sonho que eu não posso mais alcançar nem que eu me esforçasse muito, tudo o que eu iria alcançar seria a morte se eu tentasse.
— eu tô bem Eijiro — falei com calma, sem olhar para ele e continuei mexendo a massa de bolo.
Escutei os passos dele vindo na minha direção, não quero que ele me olhe assim, sendo fraco e chorando.
Ele parou do meu lado e eu continuei mexendo a massa, ele segurou o pote tirando da minha mão e colocando na pia.
Ele não olhou na minha cara, ele só me puxou para um abraço apertado e acariciou minhas costas.
— tudo bem se não estiver tudo bem, é seu sonho ser herói e então esse sonho é tirado de você, tudo bem chorar, tudo bem ficar irritado, tudo bem ficar triste, tudo bem não querer conversar mas eu quero que você saiba que eu estou aqui para te apoiar no que você quiser fazer.
Não consigo mais segurar, comecei a chorar e chorar, abracei ele com um pouco de força. E as lágrimas parece que pioraram, os soluços veio junto, um depois do outro.
— eu quero fazer esse outro curso, mas eu também queria ser herói eu queria muito ser herói Eijiro.
— Katsuki você é um herói, você salvou vidas e ajudou muitas pessoas mas agora você tem que ser forte, eu tô aqui com você — ele passou a mão pelo meus cabelos fazendo carinho — eu vou ser seu herói, eu vou estar aqui para o que você precisar, ok?
Balancei a cabeça concordando e apoiei meu rosto na curvatura do pescoço dele ainda chorando.
— obrigado Eijiro.