Eu já estava querendo perguntar a um tempo como ele se sentia sobre sair do curso mas sempre que eu falava com ele ou mandava mensagem ele estava sorrindo e não demostrava nenhuma tristeza.
Mas de madrugada ele estava sonhando com algo, ele chorou enquanto dormia e eu abracei ele por trás.
Mas acabei pegando no sono também e ele acordou primeiro, então decidir que iria perguntar o que ele estava sentindo.
E como eu imaginei ele não está bem, assim que perguntei a expressão dele mudou, o jeito e até a respiração.
Consegui sentir a tristeza, a raiva, o medo, a decepção e a angústia de não poder fazer nada, tudo isso vindo dele.
Abracei ele, falei que estaria com ele, isso é tudo o que eu posso fazer no momento. Não tem outra coisa que posso fazer, tudo que posso oferecer é minha amizade e companhia.
Depois que ele se acalmou nós dois tomamos café da manhã e assistimos uma série, ficamos apenas em casa durante o dia inteiro.
Mas conversamos e acabei vendo uma versão do Katsuki que eu nunca tinha visto antes.
Estavamos sentados no sofá vendo série e comendo pipoca, ele foi na cozinha pegar suco para nós dois e quando voltou colocou os copos na mesinha, o pote de pipoca estava no meio do sofá mas quando ele foi se sentar, ele tirou o pote e se deitou apoiando a cabeça na minha perna, colocando o pote de pipoca em cima do peito.
— tudo bem? — perguntei só por precaução.
— sim, só estou com sono — ele falou meio sonolento.
Peguei o pote e coloquei na mesinha também.
— não quer dormir no quarto?
— quero ficar com você — ele falou um pouco baixo e senti meu rosto meio vermelho.
— eu deito lá com você.
Ele se levantou e desligou a tv indo pro quarto eu segui ele, ele se deitou e eu deitei olhando para o teto.
Ele já me contou tanta coisa sobre ele mas ele não sabe nada sobre mim, eu quero contar para ele mas tô com medo dele me julgar igual todos que sabiam fizeram.
— Katsuki? — chamei baixo, meu coração acelerado, minhas mãos suando e minha respiração meio acelerada.
— oi? — ele está deitado de costas para mim.
— eu quero te falar uma coisa mas se quando eu falar e você não gostar, tudo bem — respirei fundo tentando controlar a respiração — ou se você quiser eu paro de vim aqui até você arrumar outro lugar.
— pode falar — ele falou com calma e ansioso.
— meus pais me expulsaram de casa no meu aniversário de 16 anos — falei com calma e tentando manter a respiração no controle — eu decidi que contaria a eles no meu aniversário de 16 que eu não gosto de meninas e eles não gostaram, minha mãe me xingou de várias coisas e tacou um copo de vidro na minha direção, eu ativei a minha individualidade mas ainda assim um dos cacos me atingiu — parei de falar por uns segundos — fiquei com uma cicatriz pequena no braço esquerdo perto do ombro e meu pai me deu uma surra, falava que se eu ativasse a individualidade ele me acertaria com a dele, no tempo meu endurecimento não era tão bom mas meu pai conseguia controlar muito bem a dele, depois dele me bater e minha mãe ficar apenas olhando enquanto me xingava ele me colocou para fora sem nada e mandou eu sumi da frente deles — comecei a sentir lágrimas escorrendo pelo meu rosto — então fui para casa da minha vó e morei com ela por um ano — terminei a última frase com a voz embargada de choro.