08. Valsa com a Fera

171 12 20
                                    

Dois meses se passaram desde aquela noite em que fui quase arrebatada pelo pior pesadelo de minha vida

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dois meses se passaram desde aquela noite em que fui quase arrebatada pelo pior pesadelo de minha vida. Desde então, estou mais magra, com olheiras profundas, e com uma frieza que não reconheço ao olhar no espelho. Kalel não me procurou, o desaparecimento do meu pai continua sem solução e a polícia parece ter desistido de procurá-lo. Tenho minha própria teoria sobre o sumiço, mas o medo me impede de agir.

As ligações misteriosas começaram há algumas semanas. Alguém do outro lado da linha permanece em silêncio, apenas respirando. No início, pensei que fosse Kalel ou algum dos monstros daquela noite tentando me assombrar de novo. Mas, com o tempo, percebi que o pânico inicial foi substituído por uma indiferença amarga. De alguma forma, era mais fácil lidar com o desconhecido do que com a dor palpável da ausência de meu pai.

Beberiquei o chá que Philipa havia preparado para mim. Ela tentava ser um suporte constante, mas minha nova personalidade ácida e sarcástica afastava suas tentativas de conforto. Estava ali, sentada, insistindo que eu comesse alguma coisa. "Podemos sair hoje, sabe? Uma balada nova abriu na cidade. Algo moderno, talvez você se sinta um pouco melhor novamente." Seus olhos imploravam por algum sinal de que eu ainda tinha algum desejo de viver.

Com um suspiro pesado, resisti à tentação de esbravejar. As noites eram longas e solitárias, ancoradas pela insônia e pelo vazio. "Por que não?" murmurei, me surpreendendo com a aceitação. Philipa arregalou os olhos, quase não acreditando na minha resposta.

Preparei-me lentamente, minha mente divagando para o rosto de Romeo e seus olhos azul-acinzentados. A gratidão por ele ter aparecido naquela noite começava a misturar-se com algo mais confuso. Eu negava, mas a imagem de seus olhos perturbadoramente lindos não me deixava. Com uma mente perturbada e um coração em frangalhos, vestir-me para enfrentar a noite era como colocar uma armadura contra os demônios que não paravam de me assombrar. Deixei tudo nas mãos de Philipa, e isso parecia deixa-la melhor. Tomei um banho demorado como de costume, gelado para me acordar. Vesti o vestido azul com pedras do mesmo tom por todo seu tecido em meu corpo com o auxilio de minha amiga. Ela fez uma maquiagem leve e um contorno mais escuro em meus lábios carnudos, meus cabelos crespos antes molhados agora estavam definidos e brilhosos quase que por uma mágica.

"Vamos sair daqui," declarei com uma determinação que soava quase sarcástica. Philipa sorriu aliviada, puxando-me para fora. Naquela noite, eu queria esquecer o vazio deixado por meu pai, o caos que se instalou em minha vida e a frieza que me consumia. Precisava me sentir viva, mesmo que por algumas horas.

Chegamos rapidamente no local abarrotado de pessoas, a fachada da balada entitulada "El Veneno" era moderna e luxosa. Entramos na balada, com facilidade, uma mistura de luzes e sons que reverberavam através de mim, tentando preencher o vácuo. Mas a única coisa que minha mente questionava incessantemente era: quanto tempo mais até eu realmente conseguir sentir alguma coisa novamente? De imediato desse pensamento eu só conseguia pensar em uma única coisa: "Preciso beber!".

Nos Braços Da Fera | DarkRomance Interracial - [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora