𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗔𝗨𝗚𝗛𝗧𝗘𝗥 𝗢𝗙 𝗗𝗥𝗔𝗚𝗢𝗡𝗦; 𝗁𝗈𝗎𝗌𝖾 𝗈𝖿 𝗍𝗁𝖾 𝖽𝗋𝖺𝗀𝗈𝗇𝗌

𝟎𝟏

— Pronto, princesa. — diz Amara assim que termina de fazer uma enorme trança em meu cabelo. — Vai precisar de mais alguma coisa?

— Não, está dispensada. — digo para minha criada.

Agradeço gentilmente a serva de cabelos vermelhos, nunca vou entender isso. Amara cuidará de mim desde pequena, seu rosto envelhecido e cansado diz muito sobre isso. Assim que termino de me ajeitar, levanto da penteadeira afim de me aprontar totalmente, hoje serei obrigada a receber diversos membros do conselho, meu pai está ficando velho e logo serei obrigada a ter a presença do meu irmão como marido.

— Credo, Alyssa! — falo comigo mesmo ao lembrar que terei Aegon como cônjuge.

Saio do quarto a esperança de encontrar meus sobrinhos ou Helaena. Desde que sua mão foi livrada de Aegon minha irmã com certeza virou uma pessoa totalmente diferente. Mas até hoje não entendo o motivo dessa troca, Aemond, meu irmão gêmeo seria meu noivo antes da minha mãe me prometer a Aegon, logo Helaena e Aemond se casaram 1 semana depois, e trazendo Jaehaerys, Jaehaera e Maelor.

Perdida em meus pensamentos, saio passeando devagar pelos corredores do castelo, logo percebendo uma movimentação estranha, criados andando para todos os lados e soldados saindo de suas posições. O que raios está acontecendo?

Apresso o passo até o quarto da minha mãe, Alicent, em busca de saber o que havia acontecido. Chegando nos aposentos da rainha, percebo que Sir Criston Cole está com uma cara estranha.

— Você... — nunca tive afinidade com Cole, nunca nos batemos bem — o que está acontecendo?

— Você ainda não está sabendo, princesa? — me olha confuso — O rei, Viserys, está morto.

Eu não tive reação. Absolutamente do nada recebo a noticia da morte do meu pai. Apesar de nós dois não sermos próximos, minha relação com meu pai não era uma das piores, bem, era minimamente boa. Depois de sair do meu transe ao saber da morte do rei, esbarro em Cole para entrar no quarto de Alicent, assim que consigo entrar, olho para minha mãe sentada em frente de sua lareira. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos esbugalhados. Foi algo que realmente me pegou de surpresa, pois nunca percebi esse amor que ela está transmitindo agora pelo meu pai.

— Mãe? — pergunto sorrateiramente. — Como você está?

— Alyssa, — ela se levanta rápido, seus olhos se encontram os meus e suas mãos vão até minha bochecha. — seu pai, Alyssa. O rei está morto.

— Sir Cole me falou. Digo, soube por ele, o que faremos? Chamaremos Rhaenyra? — assim que citei o nome da legítima herdeira, Alicent da um tapa em minha boca.

— Não fale isso novamente. Rhaenyra saberá de algum jeito, por nós não.

— Mãe? Por que isso? Ela é a herdeira legitima, a coroação dela logo ocorrerá.

— Isso não vai acontecer. — diz minha mãe com um olhar assustado. — Seu pai, ontem a noite disse para mim, ele disse, disse que Aegon é o herdeiro legitimo. Amanhã coroaremos Aegon, logo casaremos vocês.

Logo casaremos vocês. Essas palavras foram como pedras, minha única reação foi sair desesperada daquele quarto. Implorei anos e anos a Alicent de impedir meu casamento com Aegon, ele me assombra desde criança. Nossa relação nunca foi boa, vivíamos brigando, e para falar a verdade, isso nunca mudou. Mas agora, casarei com ele, e de acordo com minha mãe, serei sua rainha consorte. Algo que me deixa surpresa, Aegon é um desgovernado que não cuida nem de si próprio. Imagina um reino, imagina de mim, imagina de possíveis filhos. Desabo no chão de chorar, não consigo nem chegar no meu quarto, qualquer coisa digo que é por conta da morte de Viserys.

Mais tarde, depois de Amara me encontrar jogada no chão, a criada me levanta dizendo que princesa não agia daquela maneira e me ajudou a ir até o quarto. Minhas servas preparam um banho de mel para mim, dizem que relaxaram meus músculos. Assim que termino , me enrolo na toalha e dispenso todas, eu não aguentava mais gente perto de mim. Antes mesmo de conseguir me ajeitar, escuto minha porta ser escancarada por Aegon.

— Aegon! — grito surpresa. — Estou sem roupa, o que faz aqui. — antes mesmo que eu consiga reagir, o loiro da um sorriso de canto e se aproxima de mim, colocando a ponta de seus dedos em um dos meus seios.

— Não se preocupe irmãzinha. — diz Aegon, com uma voz serena. Logo abaixando sua mão até minha cintura e me puxando para perto dele.

— O que você pensa que está fazendo? Me solte. — digo tentando escapar de seu toque, meus olhos rapidamente se enchem de lágrimas e meu corpo não se aquieta.

— Logo você não poderá reagir, guarde suas lágrimas para o casamento. — fala Aegon, usando um de seus dedos para limpar uma das lágrimas que escorreram sobre minha bochecha, logo em seguida, rouba um beijo meu e vai embora.
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Maelor estava inquieto nos braços da ama de leite, estava certamente assustado com o ambiente em que se encontrava. Logo depois que aconteceu o incidente com Aegon, tive que me vestir para o enterro do falecido rei. Um véu transparente cobre meu rosto enquanto uso um vestido preto apertado na cintura, que descia rodado, estava certamente ansiosa para usar essa maravilha, mas agora a situação não está sendo muito agradável para a estreia do vestido.

Alicent joga a tocha para queimar o corpo de meu pai, não pude conter as lágrimas que escorreram pelos meus olhos. Aemond estava ao meu lado juntamente com Helaena, ela não conseguia expressar nenhum sentimento, seus olhos estavam indecifráveis. Fiquei imaginando Rhaenyra quando soubesse da noticia. A minha meia-irmã estava longe, em Dragonstone especificamente, mas com certeza era a favorita de Viserys, e ele nunca escondeu isso, me chamava de Nyra sem querer às vezes, muitos dizem que somos um pouco parecidas, e Alicent certamente se revoltava toda vez que escutava isso. Por mais da existência da rivalidade entre minha mãe e Rhaenyra, sempre admirei ela, a primeira mulher que subiria ao trono, mas pelo o que parece Viserys voltou atrás da decisão.

Mas agora, Rhaenyra com certeza viria atrás do que é dela, e só consigo pensar em algo sobre isso.

Jacaerys.

Jacaerys Velaryon, tinha anos que eu não o via. O filho mais velho de Nyra, a ultima vez que o encontrei foi no dia em que fui prometida a Aegon. Eu e Jace certamente éramos interligados, não sei como posso explicar, mas sempre fomos próximos, ignorava totalmente o fato de Aemond tratar ele e seu irmão, Luke, como um bastardo. E inclusive esses boatos são algo persistente no reino. Os três filhos de Rhaenyra Targaryen e Leanor Velaryon seriam bastardos. Algo interessante de se pensar, mas com certeza não me importava nem um pouco com isso.

A ideia da possibilidade de encontrar Jace novamente arrepiava minha coluna, ele sempre me encantou, desde criança. Uma tosse surge ao meu lado me tirando do estado de hipnose que me encontrava ao pensar em Jacaerys, olho para a direção do barulho e percebo Aemond olhando de uma forma desprezível para mim.

— Por que você está rindo no enterro do rei? Seu pai.

A minha única reação foi abaixar a cabeça, se não, daqui a pouco ouviria os gritos de Alicent ou de Amara sobre minha falta de postura, ainda mais agora, quase sendo rainha consorte.